Tratos são impermanentes e devem estar abertos para renegociação
assim que alguma condição que reinava quando da feitura do mesmo
se altere. A mera existência de um fator novo, mas de monta, motiva sua
revisão.
Por isso é importante que o casal esteja sempre e permanentemente aberto
para renegociação. O maior obstáculo visível para
que este estado de prontidão aconteça é o hábito,
a rotina e a acomodação ao passado já vivido. De fato, ambos
estão imersos em um mundo em permanente mudança e transformação
no qual as condições reinantes se modificam enormemente vez ou outra.
Se estamos abertos ao outro verdadeiramente, temos de ser capazes de revisões
profundas - se for o caso - e de transformações rápidas quando
a situação o exige. Esta condição é esperada
diante do mundo não familiar ou "desconhecido", mas no nosso
mito internalizado, não deve existir ou mesmo ser evitada no mundo conhecido
e familiar. É desta forma que nos tornamos adaptados e conformados a situações
que se tornam então aparentemente imutáveis e permanentes.
O robô se instala em nós no momento em que perdemos a PRONTIDÃO
PARA TUDO e passamos a existir em um mundo ilusoriamente imutável ou permanente.
Em geral crianças novas estão em condição de prontidão
e adultos jovens já começam a perde-la.
Em um casal mediano os tratos são encarados como permanentes e se o outro
aceitou uma determinada condição, então isto deve durar para
sempre e nunca mais exigir adaptações novas nem esforço suplementar.
O hábito é mesmo economia orgânica de energia, especialmente
a mental...
Contudo, no casal maduro, uma decisão tomada sob determinadas condições
é, ou deve ser, prontamente abandonada em prol de outra melhor adaptada
às condições novas ou que cambiaram.
Vemos filmes cheios de robôs e andróides. Nada muito valioso tiramos
disso. Se o assistimos a partir de nossa totalidade, veremos que cada um de
nós em vastas áreas é um robô programado, que age
de forma automática na maioria das situações e que quase
não reflete sobre seus próprios programas, apenas os executa.
Se nos damos conta do robô que há em nós, podemos "entrar
mais" no significado e na conotação metafórica deste
tipo de filme.
Quem não ri ao ver a dificuldade do rôbo para lidar com uma situação
nova para a qual não foi programado ?!
Quem não se diverte com as limitações em sua "perfeita
lógica" e que ele demonstra não ter qualquer capacidade de
perceber ?!
Irônico, não é ?
em seu consultório em São Paulo.