A ilusão de controle

Autor Camilo de Lelis Mendonça Mota - [email protected]
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Numa cena do filme de animação “Kung Fu Panda”, o personagem Mestre Oogway, quando recebe a notícia de que o antagonista da história havia fugido da prisão, inicia um discurso em que afirma: “o Panda só cumprirá o destino dele e você o seu quando você se desprender da ilusão de controle”. Na sequência, dá o exemplo da árvore, que não pode ser obrigada a dar flores e frutos pela operação da vontade pessoal de alguém. Quantos de nós estamos vivendo na ilusão de que somos controladores de nossas vidas (e das vidas dos outros)?

Entre os elementos que contribuem para o desenvolvimento desta ilusão, destaco a criação de padrões que são assumidos pelo Ego para gerar para si uma forma de controle que lhe permita viver sem sofrimento, sem dor, sem frustrações imediatas. Todos nós escolhemos alguns padrões de vida, seja por identificação ou simples defesa do Ego, para nos posicionarmos em nosso dia a dia, para realizarmos nossas tarefas e para nos sentirmos bem conosco mesmos. Quando eu me identifico com alguma filosofia ou religião, por exemplo, passo a trazer para mim aqueles elementos padronizados que vão ser moldados pelo Ego para trazer a tão desejada paz de espírito. Num sentido saudável, esses padrões terão um reflexo no próprio Si Mesmo (Self) e se tornarão uma expressão única da própria personalidade, não havendo prejuízo algum e estabelecendo uma relação dinâmica entre o mundo interior e o mundo exterior.

No entanto, ao admitir para si uma série de padrões e normas externas, sem um relacionamento verdadeiro com sua realidade interior, o sujeito corre o risco de se deixar levar pelo conforto de ter encontrado a solução definitiva para todos os seus problemas, dando espaço para que o Ego ocupe um espaço muito maior do que o que lhe cabe. Dessa maneira, o indivíduo passa a querer ver nos outros aquilo que ele quer ver em si mesmo. Só que ele não está vendo a si mesmo, não está seguindo a sua realização pessoal integralmente, não está incorporando os elementos positivos que a identificação poderia lhe proporcionar. Está criada a ilusão de controle.

A partir desse momento, a pessoa passa a querer impor os seus padrões aos outros, achando que assim os outros serão pessoas melhores e mais felizes. Só que isso não é verdade. Cada pessoa precisa encontrar seu próprio padrão, sua própria verdade interior. Ao se comprometer com a ilusão de controle, o indivíduo passa a gerar sofrimento para si, pois não conseguirá alterar o padrão das outras pessoas, o que gera frustração (nalguns casos gerando reações de violência, por despertar tanto no outro, quanto em si mesmo, a força do impulso destrutivo).

É importante estarmos alertas para observarmos nossas ações e palavras diariamente a fim de identificarmos em que momento estamos deixando nos levar pela ilusão de controle. Nessa hora percebemos que a vida é feita de movimentos e que cabe a cada um perceber que existir depende de estarmos bem posicionados aqui e agora. Como já escrevi em outra ocasião, o importante não é ter controle sobre a vida, mas sim ter domínio sobre ela, sobre o próprio destino, pois o domínio compreende o “dom” de estar afinado com as circunstâncias, com a verdade e a vontade de viver. 
 
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Conteúdo desenvolvido por: Camilo de Lelis Mendonça Mota   
Terapeuta Holístico, CRT 42617, Psicanalista, Mestre de Reiki, Karuna Reiki, Terapeuta Floral. Atendimento terapêutico em Araruama-RJ, São Pedro da Aldeia-RJ e Saquarema-RJ com hora marcada Tel. (22) 99770-7322. Visite também o site www.camilomota.com.br
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