Narcisismo e redes sociais

Narcisismo e redes sociais
Autor Camilo de Lelis Mendonça Mota - [email protected]
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O crescimento das oportunidades tecnológicas, com a consequente ampliação dos caminhos de comunicação entre as pessoas, tem favorecido a interação humana, colaborando para um reconhecimento prévio de que não há limites de espaço para a construção de uma comunidade global. No entanto, algumas pequenas coisas em nossos cotidianos começam a chamar a atenção, por desencadear processos que parecem andar na contramão dessa consciência de unidade. As redes sociais, que colaboram para criar essa integração e interatividade, são também locais para o exercício pleno do narcisismo.

Segundo Alexander Lowen, os narcisistas são aquelas pessoas “incapazes de distinguir entre uma imagem do que se imaginam ser e uma imagem do que realmente são”. Ou seja, o narcisista se identifica com a imagem idealizada. Não são poucos os casos em que observamos em perfis de redes sociais (atualmente com ênfase no Facebook) o processo de idealização, em que a imagem que o indivíduo veicula é plena de um desejo de demonstrar que seu mundo pessoal é harmonioso, feliz e cheio de paz. Ao mesmo tempo, encontramos pessoas que utilizam o espaço de que dispõem para manifestar todo tipo de desejos, que no dia a dia ficam normalmente escondidos, e até mesmo recalcados, para utilizarmos uma expressão freudiana. Assim, ao lado de lindas mensagens de amor, de manifestação de suas crenças pessoais, de agradecimentos sinceros a Deus, encontramos discursos de ódio, de racismo e incitadores de discórdias, principalmente quando o assunto é política.

Por ser uma construção humana, as redes sociais carregam tudo aquilo a que estamos sujeitos a vivenciar dentro do padrão que nós próprios criamos. Nesse sentido, as observações feitas no parágrafo anterior servem para nos trazer à reflexão o real papel que temos dado a nossas vidas: o que estamos construindo no nosso dia a dia? Somos meros projetistas de imagens idealizadas daquilo que na realidade temos medo de enfrentar? Estamos criando máscaras, num grande jogo teatral, em que o prazer primevo deve se identificar com a satisfação parcial e focada sobre si mesmo?

Na prática em consultório, tenho encontrado nos discursos dos clientes, tanto de homens quanto de mulheres, uma preocupação constante com o que o outro está fazendo nas redes sociais na internet. Muitos chegam a brigar e a destruir a relação afetiva por conta de supostas desconfianças, ciúmes e construções imaginárias motivadas pela vivência do par no Facebook. Alguns chegam mesmo a vigiar o perfil do companheiro ou companheira para verificar se estão sendo traídos. A raiz do problema, certamente, não está no Facebook, mas na relação que o indivíduo mantém com a imagem que criou de si mesmo e de seu namorado ou namorada, esposo ou esposa. A sociedade cria, a cada dia, novos narcisistas, alguns crônicos, e as ferramentas de redes sociais auxiliam a alimentar esse substrato humano.

No caldeirão polimorfo dessas emoções cotidianas, cabe a cada um de nós observar em si mesmo o quanto está vivenciando uma autoimagem deformada, procurando desenvolver a sua real identidade, que transcende, em muito, aquela que criamos em forma de “persona” para viver em sociedade. O caminho da descoberta e desenvolvimento do Self (si mesmo) se torna uma necessidade urgente na construção do homem livre em nossos tempos.

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Conteúdo desenvolvido por: Camilo de Lelis Mendonça Mota   
Terapeuta Holístico, CRT 42617, Psicanalista, Mestre de Reiki, Karuna Reiki, Terapeuta Floral. Atendimento terapêutico em Araruama-RJ, São Pedro da Aldeia-RJ e Saquarema-RJ com hora marcada Tel. (22) 99770-7322. Visite também o site www.camilomota.com.br
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