Orgulho e controle

 Orgulho e controle
Autor Adriana Garibaldi - [email protected]
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Desde criança você tem ouvido dizer para ser humilde, para não se envaidecer e acaba sentindo uma contradição nisso.
Como enxergar o próprio valor  sem esbarrar no orgulho? Como ser humilde sem se sentir inferior e assim por diante?
Você se sente num perambular por extremos opostos onde fica oscilando de um lado para outro entre a arrogância e a autodesvalorização, passando por todas as condições intermediárias.
Antes de ser capaz de descobrir o mecanismo interno, o significado oculto por trás de tudo isso, fica realmente um tanto contraditório e essa contradição existe se não estiver disposto a pensar de forma um pouco diferente.

Primeiro, tem que distinguir entre orgulho verdadeiro e orgulho falso e depois distinguir entre a humildade verdadeira e a humildade falsa.
O que é, afinal, humildade e o que é orgulho?
Conhecer o seu próprio valor é orgulho?
Não. Não é orgulho.
Negar o valor do outro, sim.
Humildade é aceitar o direito do outro, até o direito de não concordar com você.
Conhecer seus próprios direitos é orgulho? Também não.
Não respeitar o direito do outro é orgulho? sim, e presunção, também.

Às vezes você tenta encontrar grandeza na própria miséria e isso é orgulho.
Imagina que ao se humilhar, disser aos quatro ventos o quanto é deficiente e miserável, pobre e incompetente, você é humilde, mas não é.

Olhar para você e ver os pontos frágeis que precisam ser trabalhados é fundamental para seu  crescimento.
Trabalhar e transformar seu orgulho é necessário, no entanto, seu orgulho verdadeiro, que significa querer a todo custo mudar as situações ou influenciá-las sem respeitar o querer nem o direito do outro, e o pior que na maioria das vezes faz isso de forma inconsciente.
Saiba que por trás disso tudo reside um grade medo camuflado na forma de orgulho.
Medo por não ser capaz de depositar sua vida nas mãos de Deus e se entregar a seus cuidados.
Não consegue aceitar os nãos educativos que a vida lhe oferece e fica angustiado e insubmisso.

Tem ouvido muitas vezes que querer é poder, mas na prática sabe que não é assim que funciona, principalmente quando seu querer depende do querer dos outros seres. No entanto, quando ele parece ser questão de vida ou morte, quando sente que aquilo que a vida lhe nega significa quase que uma sentença, não aceita e quer a todo custo mudar o que é imutável.
Então, se utiliza de recursos, de todos os artifícios, chantagens e arsenais conscientes ou inconscientes para mudar as coisas, mas elas tendem a ficar ainda mais distantes e mais difíceis de serem alcançadas.

A vida lhe pede para deixar ir aqueles sentimentos do passado aos quais você fica se agarrando .Pede-lhe para criar um vácuo dentro de você onde seja possível abrir espaço para coisas novas, coisas ou pessoas que lhe estejam destinadas, mas você fica preso, se agarrando, se limitando, se iludindo.
Desconfia que a vida nao fará o melhor, que ela não será capaz de trazer-lhe coisas boas, aquilo mais oportuno, mais feliz e, nessa descrença dos movimentos que a existência lhe propõe, insiste em querer controlar as coisas para que elas se movam numa única direção, mas estas continuam se movendo numa direção contrária à sua expectativa, porque a vida é que tem a rédeas independente de seu querer.
Saiba que quando aceitar isso estará praticando a humildade porque para ser humilde você precisa se desvencilhar do medo e da desconfiança na existência. Um ato de rendição e de coragem que precisa ser praticado, um ato de entrega.

Não existe humilhação em receber um não, existe humilhação em não querer aceitá-lo.

Compreenda que em um não muitas vezes encontra-se implícito um sim, um sim como uma possibilidade futura, na certeza de que será capaz de dizer sim para si próprio, mesmo que os nãos dos outros pareçam alcançá-lo de forma quase que permanente.

É hora de reformular seus processos, ver os ganhos naquilo que lhe é negado, naquilo que não lhe pertence alcançar, sejam pessoas, coisas ou oportunidades.
Compreenda que não adianta insistir em controlar as coisas nem a vida de forma orgulhosa, sem perceber o quanto ela é uma força incontrolável que não somos capazes de transformar com a nossa mente.

Você nunca saberá, nem conhecera o próximo passo que os outros darão, nem os passos futuros que a vida dará.
Não controla!!
Será capaz de alcançar somente aquilo que seja alcançável , aquilo que se deixe alcançar, que permita ser alcançado.
Não precisará fazer força quando deixar que tudo se mova de forma natural.

Às vezes sem perceber onde foi iniciado o movimento de aproximação receberá graças inesperadas ao permitir com que a vida o surpreenda.

Lutar pelo amor é bom, mas alcançá-lo sem luta é melhor.
Willian Shakespeare

Sabemos o quanto as carências da infância, os medos e a insegurança de uma relação familiar instável pode ter contribuído nesse processo na sua vida.
Acredito que por trás um grande controlador  escondesse uma criatura atemorizada, com um medo profundo da falta, do abandono.

Lembro que quando criança, eu tinha um medo intenso de abandono, um pavor absolutamente traumático de perder minha mãe, e ficava olhando para ela o tempo todo desde meu berço, ficando atenta aos movimentos de sua respiração enquanto ela dormia, pelo medo de que ela morresse. Sentia que se eu ficasse vigiando, ela não seria capaz de ir embora, de me abandonar. Sem dúvida, eu não tinha controle, nenhum controle, porque chegava um momento em que não conseguia ficar acordada e caía no sono.
Minha mãe poderia ter ido, e não teria como controlar isso, nem perceber o momento.
Infelizmente, sei quanto isso moldou a minha vida, minhas crenças e minhas reações.
O medo da perda, o medo do abandono é terrível.
Ai você se pega controlando, porque não confia, porque continua tendo medo, sem perceber que não controla nada e isso é difícil de aceitar.

Precisa perceber o quanto se faz necessário pôr em movimento o poder da fé, o saber que somos frágeis, que somos vulneráveis aos acontecimentos, que quase nada está nas suas mãos, que até seu próprio corpo com sua sangue que circula, tem autonomia, não a controla, menos ainda os acontecimentos à sua volta.
Nenhum controle.
A sua criança, mesmo que não perceba, está atuando e agindo em cima desse medo, o influenciando.

A liberdade é uma dádiva, e ao mesmo tempo uma grande conquista, permitir-se ser livre sem que para isso tenha que abandonar tudo, ficar longe de tudo e de todos.
Ser livre do orgulho, do controle e do medo e libertar os outros sem os deixar de amar, significa uma vitória.

O verdadeiro amor é uma aquisição que não requer esforço, somente entrega, somente se soltar no rio da vida e nos braços de Deus.

Texto Revisado

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


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