O peixe e o aquário redondo

O peixe e o aquário redondo
Autor Gesiel Albuquerque - [email protected]
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Um sorriso pode esconder rios de lágrimas dentro da alma. Muita gente ri para não chorar... de tristeza. E o disfarce vai bem se não demorar muito. Mas isso também faz parte do processo da aprendizagem humana. Ninguém pense que só porque sofreu alguma tristeza é uma pessoa infeliz.

A infelicidade pode vir a ser um processo duradouro e temerário, quando a pessoa não reage ao objeto provocador dessa condição. Em permanecendo assim, certamente irá se acostumar com ela, tornando mais difícil o enxergar de outra realidade. E por falar em realidade, cada um tem, e vive, a sua.

O renomado físico britânico Stephen Hawking (1942), em seu livro “O Grande Projeto”, menciona uma teoria bastante curiosa sobre a visão da realidade. E sobre isso, irei falar mais, com base nos postulados de Friedrich Nietzsche (1844-1900), em seus livros “Assim Falava Zaratustra e Vontade de Potência”.

Nietzsche apresenta uma versão importante sobre a capacidade de interpretar a realidade através de um conceito denominado “Vontade de Potência”. Para ele, no sentido de auto-superação, "vontade de potência" é o princípio pelo qual a vida se projeta para além de si mesma e se auto-supera. Ele diz também que as aspirações de valor, no sentido de bem e mal, são expressões da potência dessa vontade. Por isso, não se pode afirmar que bem e mal existam.

Nietzsche afirma também que o mundo é um caos de organizações de potência em contínuo movimento de transformação. Cada indivíduo é uma estrutura de dominação inserida numa rede hierarquizada de quanta ou quantidades de potênciaEle dizia ainda que, no ser humano, cada impulso é um modo de ânsia por assenhoramento e cada um quer se impor como norma a todos os impulsos restantes. Os impulsos se associam uns com os outros de acordo com as identificações e estratégias de luta. Os resultados dessa luta produzem deslocamentos constantes dos equilíbrios de potência.

Bem, voltando ao “Grande Projeto” de Stephen Hawking, neste livro ele fala da “Teoria do Peixe no Aquário Redondo”. Segundo Hawking, devido à curvatura do vidro, alguém que esteja a observar o peixe, tem uma visão distorcida da realidade. Dessa forma, não se pode determinar a verdadeira realidade, pois estaríamos vendo o mundo através de algo que distorce o que é considerado real sob um ângulo de observação.

Depreende-se com isso que sempre existem resoluções para todo tipo de problema. Depende apenas da posição de onde o enxergamos e da forma como nos mobilizamos para resolvê-los. Estando diante de um sofrimento x, não poderemos observá-lo da posição x, mas sim, devemos mudar a posição a fim de visualizar, sob outros aspectos, a mesma situação.

Neste diapasão, o educador Rubem Alves (1933-2014) acreditava haver uma realidade independente e autoconsistente. Porém, como um peixe num aquário redondo (teoria de Hawking), ele compreendia estarmos limitados por nossos sentidos e intelecto. E que isso nos restringe demoradamente à busca de teorias e modelos (de vida, de ensino, de aprendizagem, etc.) que funcionem. 

A projeção rubem-alveana em questão é a criação de dimensões, saberes e experiências que façam do ensino-aprendizagem um continente eivado de conteúdos significativos e prazerosos, atrelados à funcionalidade existencial. Ao aplicar a teoria do peixe em um aquário redondo, ele deixa o patamar fixado nas convicções e tradições histórico-sociais para abrir o leque das experiências. Neste sentido, a noção de superação dos desafios e sofrimentos se emoldura a uma análise consciencial do todo, e não da parte. Ou seja, não se pode pensar de forma restrita. é preciso buscar a amplitude das noções sobre o mesmo dilema.

Iniciei este texto falando sobre o trinômio realidade-sorriso-tristeza-, na tentativa de demonstrar a capacidade de reação como ferramenta de combate ao que nos oprime, seja o que (ou quem) for. E aqui não cabe o juízo de valor sobre bem e mal. Maniqueísmo para o Universo é crime. A perspectiva deve ser cosmológica, do ponto de vista da individualidade como ente pensante-pulsante da criação, sempre impelida a abrir caminhos, com o objetivo de se alojar confortavelmente na Grande Obra.

Sob esta visão, tudo é passageiro, ainda que seja eterno. Tudo se resolve, ainda que pareça não ter solução. E tudo se reverte, ainda que a realidade nos pareça estática. Em síntese, é preciso acreditar nas mudanças, no poder da vontade e na potência desta para realizar as transformações. Só um detalhe, nada fica impune no Universo, nada. Desta forma, um sorriso disfarça a dor, mas o poder da vontade anula o sofrimento.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



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Conteúdo desenvolvido por: Gesiel Albuquerque    
Pesquisador nas áreas ligadas à energia espiritual, emoções, religiões, psicologia quântica e essência da alma.
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