O Ponto No Coração

Autor Marcos Spagnuolo Souza - [email protected]
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Imaginemos um rio e nas suas margens existem terras que representamos por espaços de vivência. A margem esquerda é denominada de estrutura programática do desejo egótico e a margem direita é designada por realidade original onde estão inseridas as almas ou consciências, sendo que no meio do rio, entre a margem esquerda e direita, existe uma barca e em seu interior está o novo ser que deve nascer e penetrar na margem direita.

A margem esquerda é o espaço do ego predominado um sistema de desejo centrípeto buscando sempre o seu próprio prazer e bem estar. O somatório dos desejos egóticos gera um sistema programático que afeta o que está dentro do seu círculo de influência criando os corpos que buscam unicamente suas satisfações através do prazer e designando de mal os acontecimentos não relacionados com a satisfação dos sentidos corporais. Nesse campo ocorrem à luta por emprego, dinheiro, satisfação corporal, satisfação dos instintos, desejos de supremacia econômica e política tendo como síntese o combate para ter as coisas que possam gerar prazer ao corpo. Esse espaço é denominado de “Vale das Lágrimas” ou “Terra dos Mortos”. Corpo, ego e a estrutura programática formam uma unidade que se manifesta no mundo que vivemos totalmente distante da margem direita.

Na margem direita do rio estão, todos aqueles que se transformaram depois de numerosas mortes e nascimentos; espiritualizando os corpos. É o “espaço” da realidade, a terra virgem; Jerusalém Celeste; terra prometida; morada dos seres de luz; templo da luz; Cidade dos Salgueiros; tabernáculo de Deus, habitada pelos Imortais. “Espaço” onde se vive em comunidade na paz transcendendo a morte e gozando de plena comunhão com Deus. Dimensão oculta e inacessível a todos aqueles que vivem para satisfazerem o corpo físico. Na cidade celeste torna-se possível viver a realidade criada por Deus sem os reflexos da dualidade, sendo conhecidos como sendo o povo de Deus.

O ego e os habitantes da margem esquerda nunca herdarão a margem direita, no entanto, no interior da estrutura material ou egótica existe a semente divina adormecida sendo denominada de ponto no coração simbolizada pela semente no interior da barca que está no meio do rio entre as duas margens. Na medida em que o ego diminui devido à conscientização que ele é uma virtualidade elaborada pela estrutura social, inicia o despertar do ponto no coração. O despertar da semente em seu processo dialético se transforma em alma a qual terá acesso à margem direita ou Jerusalém Celeste.

Importante sabermos que no interior do ponto no coração a divindade ou Deus está situado em toda sua potencialidade, pois Ele é onipresente, no entanto, os sentidos egóticos estão totalmente bloqueados para as vibrações divinas. Somente a estrutura do ponto do coração está apta a captar a voz de Deus em nosso interior que atrai em direção a plenitude divina.

Referindo ao diamante incrustado (ponto no coração) no centro da serpente o velho “sadhu” indiano disse ao seu discípulo: “Vai até as correntezas do Nilo e lá encontrará uma pedra. Tome-a, dividi-a e enfia tua mão dentro dela para extrair-lhe o coração. Abra o coração da pedra e lá dentro encontrarás a alma da pedra. Toda pedra possui um espírito divino que está preso dentro dela”. O espírito divino é a semente divina presa na materialidade. O corpo diamantino (alma) é o homem total, o ser humano mais amplo que ainda não está manifestado, está cativo em estado de inconsciência, mas espera a salvação.

Na bela e inspiradora obra que remonta ao século XV intitulada Casamento Alquímico, deparamos com a seguinte passagem: “De manhã bem cedo, no quinto dia, L.C foi levado pelo guia ao tesouro real onde viu muitas maravilhas, inclusive um raro e curioso altar. L. C desceu, sem permissão, ate uma câmara onde estava sepultada Vênus e a contemplou no seu leito de morte”. Vênus no seu leito de morte sepultada em uma câmara refere-se à semente divina, “mercúrio” ou “Sophia” submergida na inconsciência.

A pedra é o símbolo do corpo material e nesse corpo existem dois núcleos que são denominados pela alquimia de enxofre e mercúrio. O primeiro núcleo é o arquétipo do Adão Terreno e o segundo núcleo é a matriz do Adão Celestial. Durante a Idade Média o Adão Terreno foi simbolizado pelo dragão emplumado (aquele que levanta voo, mas não atinge as alturas) e o Adão Celeste é representado pelo Unicórnio branco como a neve que transmuta em pomba branca. Na modernidade o enxofre passou a ser designado por ego e o mercúrio por semente divina, ponto no coração ou, filha do rei.

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