Poluição visual de embalagens e marcas

Poluição visual de embalagens e marcas
Autor Sílvio Reis - [email protected]
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Em uma casa, o contato diário com 30 ou mais logomarcas gera uma poluição visual que se manifesta em forma de cansaço, desmotivação, irritação... São consequências despercebidas. Na busca pela harmonização interior, um projeto de cromoterapia está sendo realizado nessa área. Há um ano, oito voluntários e moradores participaram de uma pesquisa sobre a influência das cores no dia a dia. O estudo não visou mudança de hábitos alimentares, nem a forma de consumo.

O método é simples. Basta substituir o visual das embalagens industriais e logomarcas. O conteúdo da maioria dos produtos passa para recipientes transparentes de vidro ou plástico. Outros possibilitam a retirada do adesivo da marca, e a embalagem original se mantém. Nem tudo pode ser removido, como o líquido das bebidas gaseificadas e produtos de limpeza.

A mudança de olhar começa na mesa do café da manhã. Os voluntários identificaram a poluição causada por diversas embalagens. Depois, fizeram substituições e compararam. O adoçante não precisa de rótulo. O conteúdo da caixa de leite e de suco, achocolatado líquido e pastoso, margarina e manteiga, pão de forma, cereais e outros complementos foram colocados em potes e garrafas. Etiquetas auxiliaram a identificar alguns alimentos.
Em um ano de análise, conteúdos coloridos e industriais geraram menos cansaço visual e uma permanência maior no café da manhã. Nem por isso, o consumo aumentou ou diminuiu, expressivamente. Nem houve troca de marcas. “A gente se dá conta que é cansativo quando compara”, disse um dos participantes.

Na cozinha, área de serviço e banheiro, a pesquisa começou com uma arrumação eficiente e decorativa de produtos com embalagens originais. O cansaço visual foi reduzido com essa estética, mas os maiores efeitos positivos vieram com a retirada de logos em óleo de cozinha, azeite, vinagre... O que estava guardado ganhou exposição em vidros e plásticos, como massas, grãos, farináceos...

Detergente colorido e sem adesivo. Sabão em pó em uma pequena garrafa pet. Palha de aço compactada em saco plástico transparente. Foi concluído que até a paleta de “cores industriais” tem efeito tranquilizador, se comparada à poluição das embalagens. Conteúdos que não permitem remoção, como o líquido do desinfetante, do álcool e outros produtos de limpeza, ficaram em armários, de forma organizada e atrativa. Um dos voluntários utilizou suportes coloridos para ocultar parte dessa embalagem.

Banheiros apresentaram desafios. O creme dental, utilizado três ou mais vezes ao dia, e xampus não foram alterados. “Nós fazemos publicidade para nós mesmos, sem ganhar por isso”, comentou um dos integrantes. Outros dois voluntários, um vegano e um protetor de animais, revelaram satisfação em observar, diariamente, marcas que não são testadas em animais. Por falar nisso, grandes sacos de ração animal, bem poluídos visualmente, foram para o armário. Para o dia a dia, adotaram um pequeno pote.

Não durou a sobreposição de adesivos sobre logomarca de eletrodomésticos, como fogão, máquina de lavar, liquidificador, processador de alimento e afins. Ao serem lavados ou umedecidos, o adesivo se solta. “Minha geladeira ganhou um ponto lilás”, relatou a participante que sobrepôs etiqueta sobre a logo prateada. Adesivos coloridos, e dentro de um projeto de cromoterapia, encobriram logos de vários eletroeletrônicos: TV, aparelho de som, computador de mesa, notebook, celular, videogame...

Os participantes responderam questionários trimestrais. Sugestões foram compartilhadas entre eles. A adaptação mais demorada, por todos, foi colocar medicamentos de uso contínuo ou temporário em uma única caixa colorida. Alguns mantiveram em destaque aquelas latas decorativas de algumas marcas, geralmente com motivo natalino. O ambiente externo não fazia parte da pesquisa, mas um dos participantes questionou a necessidade de um veículo ter duas marcas fixadas na lataria, a de fábrica e a de loja.
De forma geral, a pesquisa não alcançou os resultados esperados em relação a alguns produtos. Depoimentos justificaram a resistência: “Eu preciso saber a marca dos meus cremes e dos meus perfumes. Isso eu não quero mudar”; “Não sou eu quem olha para a marca das minhas roupas e sapatos, são os outros”; “Fico inseguro se eu não vejo o rótulo da garrafa da cerveja”.

O estudo continuará com outros voluntários. Já foi concluído que em uma casa com baixo padrão de consumo, com até quatro pessoas adultas, geralmente há 30 marcas com exposição diária e de uso coletivo. Produtos utilizados por uma só pessoa não foram considerados. Quando tem criança e adolescente, a família adota, em média, 50 marcas, sem incluir o quarto e objetos pessoais desses jovens.

Independente de quantidade, já se sabe que tem efeito relaxante substituir a poluição visual de embalagens e marcas pela cor do produto. Menos cansaço no olhar e um pouco mais de saúde.
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Conteúdo desenvolvido por: Sílvio Reis   
jornalista que está se especializando na interação “homem-animal”.
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