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Psicologia
Você tem abusado da comida?
por Gisela Campiglia
Muitas pessoas comentam que abusaram da comida no fim de semana, em uma festa, ou mesmo que não conseguem emagrecer porque adoram comer chocolate.
O
comportamento alimentar é um assunto em moda hoje em dia; o apelo social ao corpo magro e a exposição da imagem das pessoas em redes sociais, estimula a prática de hábitos alimentares saudáveis. Porém, existe um grupo expressivo de indivíduos que inconscientemente sofre o transtorno de compulsão alimentar periódica, TCAP. Esse distúrbio alimentar difere de uma ocasional escapadinha da dieta e precisa ser tratado em terapia.
Este transtorno psiquiátrico de caráter compulsivo se manifesta através de episódios frequentes de abuso na alimentação. A dinâmica se inicia pela sensação de angústia que resulta em uma necessidade de ingerir, em um curto intervalo de tempo, grande quantidade de alimento. Diferente de eventuais farras alimentares, o transtorno de compulsão alimentar periódica se caracteriza pela busca incontrolável de comida em episódios semanais, no mínimo, por seis meses. A causa desse
comportamento é uma inquietação emocional desconhecida, que por vezes pode ser atribuída a algum acontecimento determinado; mas sua origem precisa ser investigada a fundo. O fato é que a sensação de incômodo é insuportável e só pode ser aliviada através da ingestão de comida em excesso.
Outro aspecto do transtorno da compulsão alimentar periódica – TCAP é que não importa a hora ou o local, a necessidade de comer é intensa e o tempo não alivia essa fome devastadora. A demora na saciedade deste desejo apenas aumenta a angústia e empurra os pensamentos do indivíduo para a busca do que, como e onde comer. A rapidez é o foco, não há um rigoroso critério de escolha, ou refinamento no cardápio, os restaurantes de fast-food geralmente são a opção escolhida.
As pessoas acometidas pelo TCAP evitam comer diante de qualquer pessoa, seja ela conhecida ou não, pois a busca pela comida é solitária. Normalmente, os indivíduos recorrem aos drive-thru onde há uma sensação de proteção e sigilo quanto aos olhares externos de reprovação. Ao buscar um estabelecimento público costumam levar o que foi comprado para viagem, no entanto, não são capazes de chegar a algum destino para comer, acabando por devorar tudo no caminho.
Busca pelo prazer? Talvez um ilusório prazer ocorra na primeira mordida, mas logo em seguida, vem a culpa, a raiva de si e a autodepreciação pela incapacidade de controlar-se diante da comida. Este
comportamento torna-se repetitivo, levando a maioria das pessoas a quadros de depressão, gerando isolamento social e prejuízos em vários aspectos da vida. Comer é um ato instintivo de sobrevivência, do qual o distanciamento total é absolutamente impossível. Inúmeras vezes essas pessoas são julgadas e desqualificadas como preguiçosas, gulosas e fracas. Isto gera mais culpa e angústia, reforçando um
comportamento e padrões neurológicos e bioquímicos difíceis de serem mudados. O quadro se agrava com a obesidade e suas doenças derivadas. Vítima do próprio corpo e refém de suas disfunções, a pessoa busca medicamentos, tratamentos e profissionais nos quais deposita a crença de libertação. Especialistas de diversas áreas, em especial psicólogos e nutricionistas, podem ajudar no controle deste tipo de compulsão. No entanto, só o
autoconhecimento leva a uma real solução para o problema. Identificar e praticar a superação da causa da angústia é a chave para quebrar este padrão, é o caminho para a solução.
Texto revisado
Atualizado em 7/8/2014
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