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Prazer e Dor: a eterna gangorra da Vida

por Valéria Bastos
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Como lidar com isso que parece tão difícil de mudar? Essa dinâmica na vida de experimentar prazer e dor, inclusive, nas mesmas situações. Em um momento nos alegramos, é tudo o que queremos; em outro, queremos fugir, acabar com tudo, desaparecer. A mesma pessoa, o mesmo vínculo é capaz de nos causar essas emoções tão antagônicas e não conseguimos deter esse processo. Prazer e dor são energias conflitantes, que se reforçam mutuamente. Quanto mais prazer, mais apego ao que gostamos. Isso leva inevitavelmente ao medo e ao sofrimento de perder esse “bem precioso”. Uma vez que nada dura para sempre, é questão de tempo. A mudança chega e traz a dor com ela, pois as circunstâncias da vidas mudam a todo momento e não podemos detê-las. Aí vem a aversão, a fuga, o não querer sentir, a raiva, as compulsões e tentativas de se livrar daquilo que nos machuca.

Um dia amor, outro dia ódio, um dia alegria, outro tristeza. E vamos seguindo nessa gangorra da vida, nesses altos e baixos, sendo arrebatados pelos ventos e tempestades emocionais, sem conseguir atracar em lugar seguro. Quanto mais a intenção de conter essa dinâmica, mais preso se torna a ela. Como esse mecanismo é parte da vida, do fluir e contrair, do nascer e morrer de todas as coisas, é impossível dominá-lo e tentar deter. O que nos resta é aceitar o que vem, aceitar o que vai. Assim como as ondas do mar, contemplar a natureza da vida e encarar os fatos com mais naturalidade ao invés de querer mudar o que é. Isso traz um profundo sentimento de paz interior. Aceitar as coisas como são é sinal de amadurecimento emocional e espiritual. Abrir mão do controle e do desejo de ter as coisas do seu próprio jeito é uma forma de exercitar a tolerância e aceitação dos movimentos da vida, do ritmo e escolha do outro, do jeito de ser de cada um, do tempo de despertar que está ao alcance de todos, apesar de ser muito distante para a grande maioria.

Isso é um fato: nossa condição humana revela exatamente onde estamos. Não há a quem cobrar essa fatura pois somos nós que nos colocamos onde estamos. Transferir o problema para o outro é ilusão e perda de tempo. O problema é interno e cabe a cada um olhar, entender, assimilar, reconhecer e transmutar. É um eterno caminhar, pois a consciência tem graus infinitos; a cada passo, um novo desafio, pois eles são muitos. Querer saltar os obstáculos da vida para fugir da dor não resolve. Eles permanecem guardados, arquivados e virão à tona no devido tempo. E o que é pior, chegam causando estragos! O que se reprime, torna-se sombra. Àquilo que resiste, persiste. Essa combinação da sombra com as repetições dos padrões comportamentais e emocionais formam cristalizações difíceis de serem dissolvidas. Por isso dizemos o que queremos, mas não praticamos essa intenção. Há uma tremenda distância entre entender mentalmente o problema e o que precisa ser mudado e a mudança em si. De teoria o mundo está cheio. O treinamento vai além das palavras, rótulos, repetições verbais. Um passo, depois outro, pensar diferente, fazer diferente, ser diferente, sentir, falar e agir diferente. Assim a mudança acontece. Falar apenas, não adianta.

Daí, se a mesma situação surgir, veja claramente as emoções e sentimentos que ela causa. Se é prazer, desfrute-o no momento presente, viva-o, sinta-o, mas não pense no outro dia, como será, o que vai acontecer depois... Você não tem o outro dia, você só tem o agora. Então, fique aqui com ele, sem querer fugir. Se conseguir fazer assim, boa parte do sofrimento desaparece. Muito da dor tem a ver com a mente projetada no passado ou futuro, querendo respostas e garantias de que o que é bom vai durar para sempre e o que é ruim nunca mais vai acontecer. Isso é ingenuidade, pois o controle não existe quanto se trata da existência. Nem ao menos conseguimos controlar nossa própria respiração. A maioria do tempo ela acontece alheia à nossa vontade. Quando dormimos, nem ao menos nos damos conta que respiramos e temos um coração batendo. Estamos literalmente sonhando o tempo todo. E dentro do sonho, também sonhamos que não vamos sofrer, que vamos atravessar o rio da ignorância para a sabedoria sem passar pelas tormentas e angústias que fazem parte do despertar. Se a tristeza chega, ela traz em si um ensinamento. Então, aceite-a também pois ela pode ser uma bela amiga quando lhe revela algo importante a respeito de si mesmo. Sinta a dor sem preferências, sabendo que assim como os bons ventos passam, as tempestades e tormentas também vão passar. Nada dura para sempre, lembra?

Aceite o que vem, aceite o que vai. Ontem lá em cima, agora aqui em baixo. É assim, um eterno surgir e desaparecer. Vida e morte juntas, no mesmo momento. É tão natural isso quando olhamos a natureza, as árvores, o mar, o rio, o sol, a lua. Somos tudo isso também, não somos algo separado de tudo o que nos cerca. E contemplando a trajetória do sol desde o alvorecer ao entardecer, é possível perceber a naturalidade desse movimento. Assim também pode ser conosco. Brilhar, aparecer, crescer, apagar, desaparecer e voltar a brilhar. Não prazer, não dor, não apego, não aversão. Apenas aquilo o que é, no aqui e agora.

Texto revisado
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Atualizado em 2/3/2015

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