Suaves teimosias!

por Paulo Salvio Antolini

Há muitos anos já escrevi sobre isso: Teimosia. Antes de escrever esse novo texto fui relê-lo e continua mais atual que nunca. Mas hoje quero abordar o mesmo tema, a teimosia, porém, manifestada em pequenas situações, pequenas coisas, mas que interferem nos resultados.
O dicionário Michaelis diz: “Qualidade de teimoso; casmurrice. Teima excessiva ou repetida obstinação; birra”.

A casmurro atribui-se também o significado de mal humorado. O porquê de suaves teimosias? Por perceber que muitas pessoas relutam inicialmente em fazerem algo que sabem não terão como evitar, demoram um pouco para agirem e ficam incomodadas, sofrendo as consequências quando não precisariam se tivessem feito o que precisavam logo de início.
Suave porque não são radicais, apenas protelam.“Maria” ficou com um espinho em seu dedo polegar por uns quatro dias. Sabia que teria que ir a um médico, porém “protelou”. Só foi quando o dedo estava começando a infeccionar. Em menos de dez minutos, o espinho foi removido, no entanto, teve que gastar com medicamento para impedir o avanço da infecção.

“Jorge” precisava passar na casa de seus pais para deixar a correspondência que veio para sua casa. Protelou com a desculpa que sempre que ia lá eles queriam que ele ficasse para almoçar ou jantar, ou ao menos um café, passado na hora. Quando levou, nela constava que deveria ser pago uma taxa para a entrega de um pedido feito por ele mesmo, mas no nome dos pais. Caso não fosse feito o pagamento até a data (já vencida), o pedido teria que ser retirado no local da compra ou então pago uma transportadora particular. Ônus que não precisaria ter se não relutasse em ir até seus pais.

Observem quantas oportunidades são perdidas porque se perdeu o tempo da ação. “Santa teimosia” é uma expressão muito usada por aqueles que ficaram a lembrar o outro de algo que deveriam fazer e que não fizeram, tendo então consequências desagradáveis.

“Esperei por uma resposta sua, como você não se manifestou tive que recorrer à outra pessoa”. Lá se foi uma excelente oportunidade de trabalho ou mesmo de passeio apenas por deixar para dar uma resposta depois, como se os outros tivessem a obrigação e dever de esperar.
São teimosias tolas, sem sentido. Desnecessárias. Mas consequentes. Pequenos adiamentos, omissões, escutar sem dar ouvidos, enfim, atitudes que se fossem tomadas de pronto faria a vida ser muito melhor, menos complicada.

O pai falou ao filho que faltavam apenas três dias para vencer o prazo do pagamento acertado com a financeira. O filho trabalhava em frente a uma agência bancária, dava para ver de sua loja a fila dos caixas. Poderia ir rapidamente e realizar o pagamento. Deixou para o último dia e, então, não pode sair, pois o movimento da loja o impediu. Consequência? Perdeu as condições favoráveis da negociação e teve que renegociar sem as mesmas facilitações.

A esposa viajou e o marido sentiu-se “estufado”, coisa que sabia resolver com um bom chá sem açúcar. Pois ficou dois dias passando pelo incômodo e inclusive dormindo mal por conta disso, quando resolveu fazê-lo. Em menos de cinco minutos, o chá estava pronto. Seu mal estar dissipou-se rapidamente.

Você nunca agiu assim, não é? E quando sentiu vontade de ir ao banheiro, mas estava a terminar uma atividade e quando se deu conta estava sentindo fortes pontadas no baixo ventre, que se desfizeram tão logo foi ao banheiro?
Quando identificamos que fazemos isso, começamos a ficar mais “espertos” e a tomar atitudes mais rapidamente.