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Inteligência significa cultivar novos ideais

Publicado por Flávio Gikovate em Psicologia

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Tenho tentado demonstrar que, em virtude de não suportar a insignificância de sua condição, o homem busca sempre caminhos através dos quais se sinta engrandecido, importante, destacado, indispensável. Não afirmo que a condição humana seja insignificante, mas sim que é esta a forma como os homens – especialmente os mais inteligentes e, por isso mesmo, mais conscientes – a registram.

Desta forma, não se pode falar em liberdade de encaminhamento da própria vida, posto que se faz necessário dar a ela alguma grandeza, cultivar algum tipo de sensação de superioridade capaz de atenuar o desespero derivado da consciência da insignificância.

A busca de grandezas parece, aos meus olhos, a mais importante constante no comportamento dos homens mais bem dotados. E isto tanto na direção mais egoísta – conquista de riquezas e poder – como na mais generosa – renúncia aos prazeres do corpo e tentativa de transcendência por diversas vias. Em outras palavras, humanistas e generais têm em comum a absoluta incapacidade de aceitar a simplicidade e a relativa banalidade da condição humana. Por caminhos diametralmente opostos buscam a mesma salvação individual. Buscam uma sensação subjetiva de superioridade, sendo a exceção aqueles que efetivamente tratam de ir atrás da aceitação das verdades últimas.

Para o aprofundamento da questão da busca de liberdade, valem algumas observações acerca do que seja a responsabilidade (outro termo sempre usado e nunca efetivamente definido). Conforme penso, responsabilidade pode ser entendida como uma sobrecarga, um peso que sentimos quando nossas ações e decisões têm o poder de interferir sobre o estado de outra (ou outras), pessoa. Apenas a título de exemplo, quando um cirurgião está operando um paciente que se entregou a ele, seu erro ou indecisão poderá ter conseqüências graves sobre o doente, podendo inclusive levá-lo à morte. O médico, sendo consciente desta situação, sente uma carga sobre seus ombros, que o faz mais tenso; se seu erro vier a prejudicar ao outro, fatalmente se sentirá culpado, sentimento dos mais desagradáveis.

Quase todas as atividades socialmente valorizadas implicam na existência dessa sobrecarga; ou seja, as decisões de uma pessoa têm o poder de beneficiar ou prejudicar a várias outras criaturas. Não creio que exista alguma dúvida acerca de que o assumir tal posição implica na maior causa de tensões, angústias e todo o tipo de desgaste psicossomático responsável pelo envelhecimento precoce de muitos organismos. Muito mais do que o cigarro, o açúcar e o álcool, a sobrecarga de responsabilidades determina as doenças circulatórias em pessoas jovens. Também não é de se estranhar que os executivos altamente sobrecarregados de preocupações tendam para o abuso de bebida alcoólica após o expediente ou nos fins de semana, condição indispensável para poderem se sentir mais leves, descontraídos e bem humorados.

E as pessoas que vivem esta sobrecarga têm absoluta consciência de sua existência e dos malefícios que elas causam. Podem justificar a persistência neste padrão de comportamento em função de suas necessidades ou ambições materiais, porém, mesmo quando atingem uma estabilidade econômica absoluta, não mudam de atitude e não tratam de simplificar suas vidas, coisa que demonstra claramente que o interesse econômico é puro pretexto para justificar tal conduta.

Uma das coisas que mais tem chamado minha atenção nos últimos anos é o fato de que as pessoas, no que diz respeito à administração de suas próprias vidas, cometem erros extremamente grosseiros e absolutamente desproporcionais às suas inteligências. E mais, sabem que estão agindo de forma inadequada e definitivamente não conseguem alterar a rota de suas vidas (nos poucos casos em que vi isto acontecer foi em decorrência de eventos externos, como é o caso, por exemplo, de um industrial que vai à falência em decorrência de uma crise econômica geral, independente de sua vontade).
Já afirmei que não acredito em um impulso destrutivo de natureza instintiva do ser humano e nem me parece possível explicar tão óbvios erros lógicos apenas em função de experiências traumáticas da infância. Desta forma, teremos de ir atrás de outro tipo de explicação para podermos compreender melhor a questão da responsabilidade.


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Sobre o autor
flavio
Flávio Gikovate é um eterno amigo e colaborador do STUM.
Foi médico psicoterapeuta, pioneiro da terapia sexual no Brasil.
Conheça o Instituto de Psicoterapia de São Paulo.
Faleceu em 13 de outubro de 2016, aos 73 anos em SP.
Email: [email protected]
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