Ao encontro de amigos...

Ao encontro de amigos...
Autor Nelson Sganzerla - [email protected]
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“Amigos, a gente encontra, o mundo não é só aqui”. quando a palavra amigo me veio à mente, lembrei-me dessa música do saudoso Dominguinhos.

Amigos fazemos, perdemos, sofremos, entendemos, amamos, desentendemos e partilhamos e interagimos ao longo da vida, nossas experiências e nossos valores. Em geral, não os escolhemos, vêm e vão como a onda no mar, não existe nenhuma maneira de discriminação, seja pela raça, ou condição social; amigos são amigos e isso nos basta.

Hoje as redes sociais permitem-nos ter uma gama imensa de novos amigos, do tipo que não conhecemos nem ao menos a voz, ou nem sequer podemos olhar no olho, ou trocar um cumprimento batendo a palma das mãos. Mas convenhamos, no século XXI, é grande o número de pessoas sozinhas que vivem em uma cidade grande, incoerentemente rodeada por milhões de pessoas, sozinhas...

Sou de São Paulo, a maior capital do Brasil, mas de um tempo em que os amigos se reuniam nas esquinas, para combinar o fim de semana; juntavam-se ao redor de um campo de futebol, em um terreno chamado baldio, para disputar as famosas e já esquecidas peladas, tempo em que todos tinham apelidos, mas não existia o tal do Bullying, nem o celular e nem redes sociais.

Mas sabíamos onde cada um morava, conhecíamos suas famílias e respeitávamos o limite de cada um.
Não existia a droga que degrada e destrói as famílias e nos reuníamos para falar de tudo ou às vezes até de nada e até mesmo as desavenças, quando existiam, eram resolvidas, na mão, no calor de uma briga e não havia nenhum tipo de arma de fogo ou arma branca.

Mas esse romantismo não existe mais, e hoje acredito nem ser mais levado em conta, falo dos anos 60, 70 e 80. Atualmente, pelo próprio crescimento da população nas grandes capitais, em busca de trabalho e uma melhor condição de vida, os valores são todos trocados. As cidades não comportam mais essa imensa população e a tendência real é crescer ao seu redor com as chamadas periferias, com sua cultura, sua música, sua moda e estilo de vida.
E qual a maneira de se reunir, a não ser pelas redes sociais? Como esse jovem que mora depois das pontes das marginais, (falo de São Paulo) pode se manifestar?

Óbvio que as periferias têm que se manifestar e fazer valer suas culturas, lá existem comunidades que transbordam arte, nos seus mais diversos tipos culturais, seja literários, musicais, artes cênicas e tantos outros.

Não existe maneira nenhuma dessa dita elite frear esses movimentos culturais, sem que não seja pela discriminação.
Vivemos em uma sociedade de consumo em que os Shoppings Centers foram criados para a classe media A e depois com a evolução da economia foi permitido o acesso para a classe dita media, que hoje abrange também a classe C.
O que existe nesse nosso país é sempre a descriminação de quem procura ascender economicamente, como dizia Tom Jobim
“O sucesso nesse país é uma questão pessoal”.

Economicamente, a classe C é a bola da vez e poucos ainda são os shoppings que são construídos para essa tão discriminada classe. Então, o que vejo e leio nas redes sociais em relação ao tão discutido “Rolezinho” são coisas do tipo:

Rolezinho para capinar um terreno ninguém quer fazer, (discriminação); rolezinho para varrer um chão ninguém quer, (discriminação) isso nada mais é que discriminação. Essa elite hipócrita ignora o fato de que esses jovens ou já trabalham e, portanto, possuem o seu salário, e se não o fazem, seus pais possuem um emprego digno ou um negócio pequeno de família, no bairro onde moram, embora distante da área nobre da capital.
Esse negócio lhes permite comprar uma roupa ou um tênis de marca para o filho. Mas essa elite hipócrita não sabe como lidar com esse movimento, e fecham suas portas para essa gama de novos consumidores, como se todo jovem negro de periferia, vestindo um tênis de marca e uns óculos Oakley seja bandido.

Essa elite hipócrita, que descrimina pagodeiro, funkeiro, sertanejo, haper, MCs, deve compreender que são manifestações culturais de massa, que há muito foram tolhidas e discriminadas pelos valores que carregam, do meio em que vivem, mas gosto musical não se discute. O rock é aceito culturalmente, mas não tem sua origem no Brasil. O samba não é totalmente aceito culturalmente, mas tem sua origem no Brasil na Bahia, inclusive, me desculpem os cariocas.

Mas é um movimento musical negro advindo dos escravos e perseguido há muito por essa mesma elite hipócrita. O Blues também teve sua origem dos negros americanos e lá é respeitado e cultuado. O que será que existe com a nossa elite hipócrita?
Dá pra entender a diferença?

Está mais do que na hora de cairmos na real e entender que o mundo é um só, e que manifestações culturais, independentemente de se gostar ou não, fazem parte da nossa cultura, que é terceiro mundista. De nada adianta viajar, conhecer o mundo, tirar fotos de NY, Paris, Canadá e postar nas redes sociais. E deixar cerca de 25 bilhões de dólares nos EUA, enquanto seu país carece de cultura e educação e saúde.
Queiram ou não, essas elites terão que conviver e aprender a lidar com essas manifestações e com esses encontros que não deixam de ser sociais em detrimento da truculência tacanha e discriminatórias desses senhores mandatários, que nada entendem de povo e muito menos de amizade, ou movimentos que incomodam essa elite hipócrita.

Pense nisso.

Nelson Sganzerla

Texto revisado 

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Conteúdo desenvolvido por: Nelson Sganzerla   
Uma ALMA encarnada no Planeta Terra, que busca a ascensão para a LUZ
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