Não é para desistir porque está desconfortável

Não é para desistir porque está desconfortável
Autor Andrea Pavlo - [email protected]
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Comecei novas aulas de jazz. Num estúdio de dança muito renomado em São Paulo e que prega a dança para todos. Um lugar lindo, que transpira dança. Fiz uma aula experimental e ali eu vi: será um baita desafio. Meu corpo será desafiado a cada aula, mesmo com 2 anos de aulas nas costas. Respirei fundo e, antes de assinar a matrícula, pensei se queria mesmo aquilo. Queria assumir? Queria sentir dor, desconforto? Queria suar até cansar, sentir um pouco de enjoo de cansaço no meio da aula? E a resposta foi sim.
Mas a teoria e a prática nem sempre estão concomitantes. Na segunda aula, com uma professora linda chamada Bell, apareceu uma sequência de pliês bem danados. Pliês, gran pliê, relevê, fica. Eu não conseguia e assim que começava a doer eu levantava. Ela fez uma coisa linda.
Pegou um bailarino já profissional, que dança com ela, colocou ele contra a parede e explicou como se fazia. Segurar no abdômen, manter a postura. E falou com seu sotaque provavelmente argentino “Ele está tremendo. Ele está com dor. Não é para ser confortável. O trabalho com o corpo será feito assim”.

Essa frase ficou na minha cabeça por uns dias. Depois de muitas outras sincronicidades eu entendi: não é para ser confortável. É como aquele provérbio que rola na internet e é creditado aos chineses “O segredo da longevidade é comer a metade, andar o dobro e rir o triplo”. Nós, humanos, procuramos o confortável. Procuramos essa zona intermediária onde nada dói e o prazer é sempre abundante. Mesas fartas, controle remoto, carro automático. Mas não nos damos conta que isso tira alguns outros prazeres.

Na realidade, isso tudo não é prazer, e sim conforto. É confortável um carro automático, mas ele tira o prazer real de dirigir. Usar as marchas para frenar, acelerar de verdade, sentir o carro na mão. Não é ruim, é confortável, mas perde metade da adrenalina. É confortável manter a vida como está. Não precisar sair por aí e arrumar um novo amor, um novo emprego, novas oportunidades de negócios. Ter uma lavanderia, trabalhar muito e não querer abrir a segunda porque, né, dá muito trabalho. Mas é pequeno, é pouco. E não dá para levantar todos os dias reclamando porque você não quis testar, não quis expandir. É só se conformar e seguir em frente.

Não, meus pliês não vão melhorar se eu faltar na aula por medo da dor. Minhas coxas não vão ficar mais firmes. Meus livros não vão pular para dentro da minha cabeça porque eu achei mais legal assistir mais um episódio repetido de “Esquadrão da Moda” ou minha casa não veio com um módulo autolimpante. As coisas são isso. A vida é para ser desconfortável. Enquanto estivermos sentindo dor, estamos vivos!

Não aceitamos a dor e queremos nos livrar dela, mas não adianta. Ela vai persegui-lo com um tridente para você se mexer, fazer as coisas acontecerem e ser verdadeiramente feliz. Arrume coisas legais para fazer. Eu decidi tomar um café com bolinho, uma vez por semana, depois de cumprir minha metas de aulas. Se dê um presentinho para cada pequena conquista, para cada dor e siga em frente. E, obviamente, não é para desistir porque está desconfortável. Muito pelo contrário.

Texto Revisado


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Conteúdo desenvolvido por: Andrea Pavlo   
Psicoterapeuta, taróloga e numeróloga, comecei minhas explorações sobre espiritualidade e autoconhecimento aos 11 anos. Estudei psicologia, publicidade, artes, coaching e várias outras áreas que passam pelo desenvolvimento humano, usando várias técnicas para ajudar as mulheres a se amarem e alcançarem uma vida de deusa.
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