Quem você é, define para onde você vai. Quem é você?

Quem você é, define para onde você vai. Quem é você?
Autor Rosana Ferraz Chaves - [email protected]
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Dona Henriqueta era de família abastada, lá das bandas de Minas Gerais. Filha mais velha de uma família de quatro homens e duas mulheres, viveu sempre cercada de pessoas que decidiam sua vida, enquanto lhes interessava.

Sua família tradicional se preocupava em manter as aparências e a ostentação, mesmo quando não tinham mais o que ostentar. O chefe da família se ocupava primeiro em casar os filhos homens com as filhas de outros fazendeiros, e as filhas mulheres, com quem tivesse mais dinheiro.

O pai era violento, beberrão e gostava de jogar e se relacionava com várias mulheres. Até o dinheiro da colheita era apostado nas mesas de carteado.

Todos os filhos homens se casaram com mulheres ricas e foram viver em outras terras, para cuidar de outros bens.

A irmã mais nova foi obrigada a se casar com um homem que não amava, vinte anos mais velho que ela, e morreu de câncer, ainda muito jovem e sem filhos.

Henriqueta não era de beleza exuberante, mas era de inteligência ímpar. Não se casou e o pai machista e dominador, decidiu que para manter o prestígio da família, ela seria mandada para um convento. Uma semana antes da data prevista para sua iniciação na vida religiosa, seu pai teve um infarto e morreu.

Como sua mãe nunca soube fazer nada além de dar ordens para as criadas, coube a Henriqueta tocar a fazenda, já muito sacrificada pelos desvios do pai.

Ela conseguiu recuperar as finanças e conduzir a fazenda num nível de prosperidade que não se conhecia antes. Anos depois, sua mãe faleceu e seus irmãos só lhe procuravam quando precisavam de dinheiro.

Sem filhos e solteira, o que ela tinha para exibir, era o seu dinheiro e o fanatismo pela religião. Dava altas quantias devotamente à igreja. Orientada pelo padre, não se misturava com os de classe inferior, não se aproximava de homem algum que lhe cortejasse e tratava os escravos com uma rigidez obstinada, que segundo o pároco, lhe renderia um ótimo lugar no céu, depois que morresse. Mesmo assim, para garantir a continuidade da riqueza e poder lá do outro lado, comprou um terreno no céu, onde o padre lhe garantiu que haveria uma fazenda, muito maior e melhor do que a sua, lhe esperando.

Eis que um dia Henriqueta não se sentiu lá muito bem. Foi se deitar cedo, e no dia seguinte os criados descobriram que ela havia morrido durante o sono.

Já do outro lado, Henriqueta se viu numa terra distante. Simplesmente despertou num lugar que não era sua cama. Acordou dentro de um túnel, no que parecia ser uma caverna. Não havia mais ninguém naquele lugar, então caminhou mais um pouco e leu uma placa que estava na parede, iluminada por dois feixes de luz. Lá estava escrito: Quem você é, define para onde você vai.

Não tendo outra opção e sem entender direito o que os dizeres significavam, pôs-se a caminhar e seguiu em frente, foi quando começou a ouvir vozes conhecidas.

Caminhando um pouco mais, encontrou vários conhecidos que já haviam falecido. Muitos fazendeiros, parentes, ricos e pessoas do povo. Todos abatidos e esfomeados, choravam amargamente e outros xingavam.

Que lugar é esse, perguntou Henriqueta para Dona Amélia, uma portuguesa vizinha sua, que já havia morrido há muitos tempo. Aqui é o céu – Respondeu-lhe.

- Dona Amélia, como sabes que aqui é o céu?

- Olhe em volta Henriqueta! Pois veja ali o padre Bento! Também estão várias pessoas ilustres e autoridades!

- Mas tem escravos aqui! Vi alguns de minha fazenda.

- Claro minha filha! Uns estão aqui para nos servir e outros, para nos tentar. Vão e voltam do inferno, dizendo que lá são livres, não servem a ninguém e que lá sim é o céu. Pensam que podem nos enganar!

- Mas Dona Amélia, em vida eu comprei uma fazenda aqui no céu. Tenho certeza de que está havendo algum engano! Eu esperava um lugar rico, boas iguarias, uma fazenda maior do que a nossa e até um marido, me prometeram.

- Que é isso minha filha! Aqui não há comida, a menos que deseje se fartar de insetos e roedores. A água que temos é fétida e só a temos quando chove. As goteiras nos molham até os ossos. Não temos camas, dormimos em cima das pedras. Às vezes quando o frio é muito intenso, nos permitem fazer uma fogueira. Marido que valha, não vais aqui encontrar, mas se quiseres, te deixo cuidar do meu, que morreu e continua doente. Aqui é o céu! Lugar de restrições e orações, como nos garantiram os inúmeros religiosos ali.

- E o que há do outro lado?

- Lá é o inferno! Tem um anjo que toma conta da porta e permite que olhemos o que está do outro lado. Quem quiser, pode passar para o lado de lá, mas Deus me guarde de dar a minha alma para o demônio.  Veja por você mesma!

Henriqueta caminhou mais um pouco e lá adiante encontrou um anjo, que tomava conta da passagem. Ao se aproximar do anjo, ele lhe disse:

- Quem você é, decide para onde você vai. Para onde você desejas ir, Henriqueta?

- Para o céu, claro! E o que há do lado de lá, senhor anjo?

- Olhe aqui e veja por você mesma.

O anjo afastou-se e Henriqueta pode observar o que havia do outro lado. Havia sol, alegria, crianças brincando, casais apaixonados passeando. Havia cantos e músicas. Um homem muito bem apessoado deu-lhe até um aceno e convidou-a para ir do lado de lá. Todos estavam muito bem vestidos e parecia um dia de festa. Havia mesa posta e comida farta. Henriqueta ficou muito confusa com o que havia no inferno. Nisso aquele rapaz que havia lhe acenado, se aproximou e lhe disse:

- Venha para cá, minha irmã! Aqui existe alegria! Eu também já estive ai desse lado e me arrisquei a vivenciar o que havia fora da caverna. O medo de arriscar me prendia nessa zona umbralina. Você precisa vencer o medo, se quiser vir para o céu. Medo é a crença no negativo. Aqui não se pode ter isso. No céu você pode ter a religião que quiser, trabalhar no que gosta e ninguém cuida da vida de ninguém. Aqui todos ganham o mesmo salário e não existem ricos ou pobres. A riqueza que aqui se acumula, vem da alegria que conseguimos adquirir. No céu pessoas de qualquer tipo podem se amar e viver suas vidas, do jeito que quiserem. Aqui é o céu!

Henriqueta muito perturbada respondeu-lhe:

- Arreda de perto de mim, satanás! Como um lugar onde não existe hierarquia, todos se misturam e ganham o mesmo salário poderia ser o céu? E como é que no céu haveria mais de uma religião? Ai é o inferno! Aqui sim é o céu! Aqui não há comida e nem água, mas a hierarquia é respeitada e as pessoas não se misturam! Aqui todos tem a mesma crença! Aqui se respeitam as autoridades! Vou voltar lá pra dentro da caverna e procurar a minha fazenda, seu anjo! Sei que vou encontra-la e nunca mais vou me aproximar do inferno!

Henriqueta fez o sinal da cruz e saiu.

E você que leu essa história, decida. Quem você é, define para onde você vai no futuro. Quem você é?



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Conteúdo desenvolvido por: Rosana Ferraz Chaves   
Oraculista, sensitiva e escritora. Se dedica aos estudos de anjos, baralhos e tarots antigos, ministra cursos de oráculos, neurolinguística. Desenha mandalas e cria perfumes mágicos em seu atelier. Autora do livro Magid - O encontro com um anjo.
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