Em algum momento todos podem te devolver

Em algum momento todos podem te devolver
Autor Rosana Ferraz Chaves - [email protected]
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Hoje estava lendo sobre a enorme quantidade de pessoas que, ao adotarem uma criança ou um animal, os devolvem.

Todos têm a mesma explicação sobre o motivo da devolução: o adotado não fez o esperado.

Não adianta ficar criticando quem devolve uma criança ou um animal, porque a lista de devoluções vai muito além.

Existem filhos que devolvem os pais quando estão velhos.

Existem cônjuges que devolvem o casamento, quando as coisas não vão bem.

Existem pessoas que devolvem os amigos, quando eles não fazem mais o esperado e existe até quem devolva a própria existência, quando ela não está do jeito que a pessoa acredita que ela deveria ser.

Devolver ou desistir é apenas um modo elegante de dizer que rejeitou.

Outra coisa em comum com os que devolvem, é que eles jamais têm coragem de informar o real motivo da rejeição. Ou foi o objeto da devolução que não cumpriu o esperado, ou foi a pessoa que devolveu, que não se achava à altura, então ela humildemente prefere se livrar do indesejável.

Muito interessante é perceber que o devolvido jamais se propôs a fazer o que o devolutor esperava, mas mesmo assim, frustrar sua ilusão, pode custar o relacionamento.

E também não adianta criticar as desculpas mentirosas, porque não existe sequer um ser humano no mundo, que jamais tenha devolvido alguma coisa, então nem é esse o problema comum.

O que dói é o modo como a devolução foi feita e a justificativa que só olha um lado da balança, o famoso “tchau e bênção”.

As pessoas, os animais e as situações que estão chegando, demoram um pouco para mostrarem a face verdadeira.

Não é porque do fundo de nossos corações todos queiram dar aquela boa impressão inicial, para enganar e iludir.

O que ocorre é que só mostramos mesmo um pouco do nosso eu verdadeiro, quando temos pelo menos uma mínima confiança de que temos a chance de sermos aceitos. E isso pode levar meses, no caso de animais ou anos, no caso de situações e seres humanos.

Quando, por exemplo, a criança é criada num lar violento e conturbado, ela vai criar uma imagem de si que agrade os pais, para conseguir sobreviver. No entanto, aquela verdade dentro dela nunca vai se conformar com isso e tentará se rebelar, na primeira chance que tiver.

Durante anos, esse adulto que já foi uma criança desprezada e ignorada pela família, vai expelir ódio, mesmo a contragosto, porque isso precisa ser expurgado dele.

Passa o tempo e mesmo sem perceber, pode até tratar os filhos do mesmo jeito rude como foi tratado, porque apesar de toda dor, os pais o fizeram acreditar que ele era uma criança tão péssima, que merecia ser tratada daquela maneira.

É como se fosse um transe, em que uma família maldita produz filhos malditos, que vão maltratar, mesmo sabendo que isso é péssimo. A pessoa não consegue acordar do transe e se for maltratado por maltratar, vai acreditar que a vida é apenas isso.

Mesmo que ele queira, não consegue fazer melhor, porque não conhece outra forma de ser.

A única coisa que pode tirar essa pessoa do transe é a comunicação amorosa desde o começo, mostrando que existem maneiras menos complicadas de amar outra pessoa.

Com os animais ocorre a mesma coisa. Se você adota um filhote ou um animal já adulto que foi abandonado ou maltratado, que passou fome e frio, mesmo que você seja uma ótima pessoa e o trate muito bem, toda comida que ele encontrar pela frente será devorada, com ou sem a sua permissão. Ele assim o faz porque está condicionado a comer tudo hoje, porque amanhã pode não haver.

Quem já foi maltratado não pensa em futuro. Ele vive intensamente o hoje, porque acredita que o amanhã poderá ser muito pior.

E quando um humano abandona outro humano?

Muitas vezes você convive com pessoas complicadas, que desde o início do relacionamento, que pode ser amigável, amoroso ou comercial, lhe causaram estranheza e problemas. Pode ser seu filho, seu amigo ou seu parceiro.

Mas você releva, tenta ser empático e conviver com essa pessoa, que de cada cinco acontecimentos importantes, deu problema em três.

Quanto mais você tenta ser bacana e fluídico em relação a esse relacionamento, mais a pessoa comete deslize e você vai deixando a coisa rolar. Mas não se engane, porque na primeira oportunidade, ela vai devolver você.

Pessoas com profundas dificuldades emocionais são controladoras, frágeis mentalmente e perturbáveis.

Demonstram uma superioridade que não têm e se nutrem de poder todas as vezes em que você as desculpa, pela coisa que fizeram, ao invés de exigir a motivação.

Se negam a conversar quando o assunto não for elas e as coisas maravilhosas que elas acreditam que fizeram. E assim o relacionamento vai perdurando, até que você finalmente se dê por vencido e comece a ousar mostrar um pouco do que pensa.

Assim que você fizer isso, será devolvido e o devolutor fará de tudo para simular que houve uma situação limite que se tornou insustentável, que foi obviamente causada por você, mas que ela, uma pessoa muito ética, não poderá revelar.

Ela vai tentar demonstrar isso indiretamente, porque não existe veneno maior do que a insinuação, num mundo controlado pelas redes sociais.

O que você pode fazer para sair dessa situação?
Entender que essa pessoa também passou por tantas situações complicadas, que a única saída foi forjar cenários para vender a imagem de alguém que está sempre por cima de tudo, que perdoa e que supera.

Por dentro, ela sofre muito, porque fingir para todos é muito mais fácil, do que tentar fingir para si.

Tudo na vida é aprendizagem e mesmo em situações de devolução, a criança, o animal e você, aprenderam alguma coisa, que no mínimo é ter a capacidade de não precisar usar esses artifícios, para ser aceito.

Na vida, todo ser humano já devolveu e já foi devolvido. Não tem como escapar disso, mas podemos aprender a devolver menos e a ressignificar, quando somos devolvidos.

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Conteúdo desenvolvido por: Rosana Ferraz Chaves   
Oraculista, sensitiva e escritora. Se dedica aos estudos de anjos, baralhos e tarots antigos, ministra cursos de oráculos, neurolinguística. Desenha mandalas e cria perfumes mágicos em seu atelier. Autora do livro Magid - O encontro com um anjo.
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