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Ser altamente sensível e sentir-se desrespeitado: a difícil arte de estabelecer limites

Atualizado dia 10/18/2017 4:51:15 PM em Autoconhecimento
por Rosalira dos Santos


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Ok, ok, nós já sabemos: Você é uma pessoa altamente sensível, você se sente intimamente conectado(a) às outras pessoas, você gosta de ajudar, você compreende as necessidades alheias, você se sacrifica pelo bem-estar das pessoas que ama, e … você acaba se sentindo um capacho!
Você reconhece que não sabe estabelecer limites. Aliás, você reconhece que, por vezes, nem sabe ao certo quais são os seus limites. O que você efetivamente sabe é que está muito presente na sua vida essa sensação de estar sendo puxado(a) em mil direções diferentes, tentando atender a todas as demandas com as quais se comprometeu: seja o aniversário da sobrinha da vizinha, a visita da prima que mora em outra cidade ou a mudança de casa daquela amiga… O fato é que grande parte do seu tempo (e energia) está tomado pelos compromissos assumidos com as outras pessoas.  Se você se identificou com a descrição acima, saiba que não está sozinho(a). Para a maioria das pessoas altamente sensíveis a delimitação das próprias fronteiras é uma tarefa difícil. Por conta desta dificuldade tendemos a atuar de uma maneira passiva, permitindo que os outros – intencionalmente ou não – invadam nosso espaço e colocando as necessidades alheias à frente das nossas.  Isso ocorre por vários motivos, dentre eles o fato de que nossos filtros de percepção são menos atuantes do que os da média das pessoas.  Nossas “antenas” sensoriais estão constantemente escaneando o ambiente e registrando tudo, ainda que não percebamos isso conscientemente.
Assim, mesmo que não nos demos conta, nosso estado emocional é fortemente influenciado pelo ambiente externo e pelas emoções que captamos. Isso torna mais difícil nos distinguirmos dos outros e perceber com clareza onde começa a outra pessoa e o mundo exterior. Outra razão é a nossa acentuada empatia, que nos deixa “abertos” aos sentimentos dos demais. Quando não estamos suficientemente atentos, a percepção empática pode borrar os limites nos levando a uma identificação tão profunda com o outro que sentimos na pele problemas e situações que, de fato, não nos pertencem.
Aliás a pele é uma boa metáfora para a ideia da demarcação, uma vez que representa um limite entre nós e o mundo exterior. Assumindo esta metáfora, podemos dizer que as PAS têm uma pele mais fina que as outras pessoaspermitindo que mais coisas penetrem no seu sistema. Costumo explicar esse processo dizendo que as PAS possuem mais “poros emocionais” e, por isso têm uma maior dificuldade em se diferenciar, chegando, por vezes, a absorver as dores – físicas e emocionais – das outras pessoas.

Esta permeabilidade energética traz consigo uma dificuldade extra na hora de delimitar com clareza o que é nosso e o que não é. É esta indeterminação das nossas fronteiras, associada à tensão provocada pelo esforço para responder a todas as demandas externas, que nos leva àquela sensação da qual falei antes: a de que estamos desconectados de nós mesmos, totalmente orientados para fora, para os outros. E este é um ciclo vicioso: quanto mais sobrecarregados nos sentimos mais suscetíveis e vulneráveis ficamos e mais dificuldade encontramos na delimitação do nosso papel e da nossa responsabilidade dentro das relações. Isso ocorre, principalmente, quando a pessoa não está atenta à própria energia e não sabe que é altamente sensível ou que esta é uma das características do traço e, assim, não aprende a se proteger.

Por que é tão importante?

Você reparou na palavra que usei acima? Delimitação. Veja que a palavra traz em si duas outras que são a essência da nossa conversa: limites e ação. Estabelecer limites é uma ação e uma ação de defesa, de nós mesmos, da nossa energia e dos nossos interesses. No caso de uma pessoa altamente sensível, além de uma habilidade importante a ser aprendida, a arte da delimitação é também uma necessidade vital. Se considerarmos que uma das características do traço é, exatamente, essa fluidez de fronteiras demarcatórias entre o eu e o outro, veremos como é importante que aprendamos a construir limites fortes capazes de proteger a nós mesmos e à nossa energia. É exatamente porque somos vulneráveis e absorvemos muito do que está acontecendo ao nosso redor que os limites são essenciais para nós. Ao reivindicar nosso espaço estamos nos responsabilizando pela nossa saúde física e emocional.

Nem preciso dizer que a maior dificuldade reside em gerenciar nossos limites no campo das relações pessoais e profissionais. Sob esse aspecto, podemos considerar os limites como acordos de convivência que estabelecemos com as outras pessoas. Eles nos permitem expressar quem somos e quem não somos, aquilo com que nos sentimos confortáveis e aquilo que nos magoa, ofende ou, simplesmente, incomoda. Ao estabelecer limites você mostra as outras pessoas como deseja ser tratado(a) dentro do relacionamento. Não importa quem seja a outra pessoa ou quanto você a ame, seus limites são algo que você considera essencial. Eles não apenas expressam o seu autorrespeito, como também estimulam o respeito alheio. Mas o inverso também é verdadeiro: ao não demarcar seus limites você está, implicitamente, ensinando os demais a desrespeitá-los.

Mas, existem também os limites que devemos respeitar em relação a nós mesmos. Nossos limites – físicos, energéticos, emocionais – atuam como indicadores, que permitem perceber onde e quando devemos organizar melhor a nossa rotina para evitar o excesso de estímulos e a saturação. Aqui o aprendizado é o de voltar a atenção para as necessidades do nosso corpo/mente a fim de perceber a hora certa de cortar o fluxo de informação sensorial e descansar. Quanto melhor você souber escutar os sinais do seu corpo e colocar um limite no bombardeio sensorial, mais condições terá para lidar com as exigências do dia a dia.  Passar por cima dos seus limites na tentativa de parecer “forte”, tende a levar uma pessoa altamente sensível a se sentir-se cada vez mais frágil, cansada e esgotada com o passar do tempo.

Resumindo, poderíamos dizer que estabelecer (e respeitar) seus  limites é uma condição necessária para:
  • Aumentar a autoestima;
  • Ganhar respeito;
  • Diminuir os níveis de estresse e evitar esgotar-se; 
  • Ser capaz de ajudar de uma maneira mais efetiva e verdadeira, a partir da liberdade de escolha;
  • Manter um equilíbrio entre quem você é e aquilo que os outros demandam de você;
  • Sentir-se dono da própria vida;
  • Honrar seu verdadeiro Eu;
  • Evitar converter-se em um ser passivo manipulado pela vontade alheia;
  • Desfrutar ao máximo da sua alta sensibilidade. 

Aquela palavrinha mágica…

Você já sabe, não é? É impossível demarcar limites sem dizer não. E este é, sem dúvida, um dos maiores desafios na vida de uma PAS, conforme afirma a própria dra. Elaine Aron. Diz ela:

"Como um grupo as PAS provavelmente têm mais problemas com limites pessoais mal definidos (ou completamente ausentes) do que a população em geral. Um dos grandes desafios está em usar a palavra "não". Trata-se de uma palavra pequena e simples, no entanto, muito poderosa em termos de nos ajudar a estabelecer fronteiras pessoais, manter nossa sanidade e impedir que nos tornemos horrivelmente dominados pelo ‘lado difícil da vida’".

Esta dificuldade em dizer não constitui uma verdadeira armadilha capaz de nos colocar numa posição de vítima, na qual seguimos pela vida nos sentindo invadidos ou desrespeitados pelos outros. Trata-se de uma questão ligada ao não reconhecimento do nosso valor pessoal. Agimos como snosso valor ??para as pessoas que amamos dependesse, exclusivamente, daquilo que doamos. Esta crença nos leva a supor que nossos amigos, parceiros, familiares, ou mesmo conhecidos, nos rejeitarão no exato momento em que deixarmos de obedecer às suas ordens. Sim, porque um pedido que não admite recusas não é um pedido e sim uma ordem. Já tratei desse tema em um artigo anterior. Mas, nunca é demais lembrar que dizer não é seu direito já que é da sua vida, do seu tempo e da sua energia que se trata. Para isso aqui vão algumas dicas

 1.   Peça um tempo para pensar

Muitas vezes dizemos sim apenas porque fomos pegos de surpresa pelo pedido e não sabíamos como recusá-lo. Por isso, procure não responder imediatamente.  Acostume-se a tomar um tempo para pensar. Diga algo, como “não sei, preciso de tempo para pensar” ou “preciso olhar a minha agenda”. Perceba que se alguém lhe pede um favor e não lhe permite o tempo para pensar, não se trata de um pedido e sim de uma pressão sobre você. Portanto, saia da reação automática e condicione-se a refletir antes de aceitar a demanda alheia.

2.   Preste atenção aos seus sentimentos

Aproveite bem o seu “tempo de pensar” e se pergunte sobre você e suas necessidades:  como você se sente em relação a este pedido? Ele lhe parece importante? Sua ajuda é mesmo necessária ou você acha que a outra pessoa poderia resolver sozinha?  Olhe para seus próprios interesses: Quanto você pode se comprometer com essa promessa? Quais interesses seus sairiam prejudicados? Qual o tamanho do esforço para você? E o seu tempo para repousar e repor suas energias? Com essas respostas você poderá honestamente perceber se prefere acolher o pedido ou rejeitá-lo. Neste caso, você também terá encontrado os argumentos corretos para a sua recusa, dizendo algo como: "Sinto muito, mas eu gostaria de passar minha única noite livre esta semana em casa com meus filhos”.

 3.   Pense nas consequências

As consequências são o verdadeiro X da questão. Como comentei acima, a razão pela qual é tão difícil para nós dizermos não é que temos medo que a outra pessoa deixe de gostar de nós. Neste caso é necessário um corajoso exercício de análise, de nós mesmos e do relacionamento. Esta pessoa gosta mesmo de nós ou gosta de ter alguém que lhe faz todas as vontades de forma incondicional? Uma pessoa que está realmente interessada em um relacionamento saudável provavelmente aceitará a expressão dos seus limites, mesmo que a recusa lhe desagrade, reconhecendo-os como parte de quem você é.

Mas, eu não consigo

Viver sem limites não serve a ninguém, nem as outras pessoas e nem a você mesmo(a). Viver correndo para lá e para cá, a fim de atender a tudo e a todos só vai aumentar o seu nível de estresse e o sentimento de não estar sendo respeitado(a), terminando por levar a um acúmulo de mágoas e ressentimentos. Ancorar o seu sentido de valor no ideal do sacrifício e da generosidade sem medidas é um equívoco cultural. Esperar o reconhecimento alheio é uma ilusão, uma crença que você precisa remover de sua mente subconsciente. Definir e respeitar seus limites não é, nem de longe, uma atitude egoísta. Definir e respeitar seus limites é condição de liberdade e de autenticidade. Sei que não é fácil, mas também sei que é possível. Tudo começa com o primeiro passo, que na minha opinião é estar convencido(a) da necessidade de fazê-lo, assumindo o desafio de se tornar uma pessoa diferente daquela que sempre tem sido. O segundo passo, tão importante quanto e talvez mais difícil, é praticar a autocompaixão. Estabelecer limites é um aprendizado. E os processos de aprendizado demandam paciência. Na maioria das vezes não conseguimos remover completamente os medos, impulsos e padrões de comportamento enraizados na nossa personalidade. Nossas reações antigas continuam a ressoar em nós por um longo tempo, num processo de avanços e retrocessos. É natural e esperado.

Mesmo assim, podemos aprender a lidar melhor com estes padrões e não seguir respondendo de forma automática. Podemos ir mudando aos poucos, seguindo aquilo que costumo chamar de PPPs – pequenos passos de PAS. Vamos caminhando devagar, aprendendo a delimitar nosso espaço diante de um colega “folgado” ou de um amigo “espaçoso”. Após cada avanço, podemos parar um pouco e refletir sobre o nosso progresso. É importante não nos cobrarmos comportamentos rígidos do tipo:  "agora só faço o que tenho vontade”.  Lembremos que estamos aprendendo e que, a cada vez que nos sentimos capazes de expressar nossos desejos, ganhamos mais autoconfiança para fazê-lo novamente, criando um círculo virtuoso que nos levará a construir relações mais saudáveis e mais verdadeiras.
Penso que estas são as palavras-chaves quando pensamos em limites: o que é saudável para você? O que é verdadeiro? Que tipo de relações realmente te fazem feliz? Tendo a pensar que os relacionamentos gratificantes são mais o resultado de um equilíbrio onde cada parceiro se sente acolhido e respeitado nos seus limites, do que de uma pseudo-harmonia baseada na submissão de um dos lados. Mas esta é a minha visão.

E você? Tem dificuldade em dizer não? Costuma achar que carrega a carga de trabalho de outras pessoas porque define limites inadequados? Costuma sentir que sua "boa vontade " está sendo aproveitada? Tem medo de que as pessoas "não amem você" se disser não? Ou que elas pensem que você é uma "má pessoa"? Ou aprendeu com sucesso a estabelecer limites confortáveis para você? Compartilhe suas experiências e deixe um comentário.

E se você quiser saber mais sobre como eu posso lhe ajudar a estabelecer limites nas suas relações, clique aqui e se informe sobre o meu trabalho de coaching para pessoas altamente sensiveis. 

Beijos e bênçãos,
Texto Revisado

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Conteúdo desenvolvido por: Rosalira dos Santos   
Life Coach, especializada em Pessoas Altamente Sensíveis (PAS). Criadora do "Programa Ame sua Sensibilidade". Apaixonada por mitologia, religiões antigas, gatos, florais e fotografia. Mas, acima de tudo uma PAS, como você. Para saber mais sobre a alta sensibilidade, visite meu site: www.amesuasensibilidade.com.br
E-mail: [email protected] | Mais artigos.

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