O servir com amor

por Paulo Salvio Antolini

Ao narrar para um conhecido parte de uma aula ministrada para uma turma de técnicos em enfermagem, falei da importância do atendimento, do relacionamento que se estabelece com os pacientes, fazendo parte integrante do tratamento. Disse que eles não só aplicam injeções, mas são parte das injeções, não só dão o comprimido, mas são também o comprimido, pois a forma como se trata o paciente é fundamental na sua recuperação. Esse conhecido contou-me, então, uma experiência vivida quando sofrera um infarto. Disse que, desmaiado, enquanto aguardava o resgate, ouvia da pessoa que o socorreu na rua palavras de ânimo e tranquilidade, ele estava inconsciente. Relatou que dias depois, ainda internado e tendo sua cama cercada por parentes e amigos, ouviu um "bom dia" e mesmo sem ver quem falava, disse: "É a pessoa que me salvou". Realmente era a pessoa que o amparou e ficou com ele durante a espera do socorro. Ele acredita que suportou aquele momento graças às palavras reconfortantes daquele momento.
Tal fato mostra mais uma vez que, mesmo quando uma pessoa está inconsciente, ela está registrando todos os estímulos que recebe. Imagine, então, quando está consciente e mais, está também sensibilizada pela situação que se estabelece ao se perceber impossibilitada de viver sua rotina por estar "presa" a um quarto de hospital...
Mas não apenas as situações de grande estresse ou sensibilização, aumentados pelo enfraquecimento físico e/ou emocional, fazem-nos sofrer influências pela forma como tratamos ou somos tratados; e ela (a forma) é determinante no encaminhamento e desenrolar das situações de nosso dia a dia.
Fazer as coisas com amor é o principal diferencial entre quem assim age e os demais, em todos os campos, áreas e atividades. Veja o arroz feito por alguém que apenas o faz com carinho e o mesmo arroz feito por alguém que só reclama enquanto o prepara. E, então, vem a pergunta: o que ganhou aquele que fez reclamando?

Por qual funcionário no comércio, por exemplo, você prefere ser atendido? O que simplesmente responde o que você pergunta ou aquele que conversa com você sobre o que está procurando? Com qual chefe você prefere trabalhar, com aquele que não lhe cobra muito, mas cujas "broncas" na hora "agá" são fenomenais, ou com aquele que é exigente, acompanha o que delega, incentiva os bons resultados e debate os maus?
Conheci uma pessoa que dizia: "o Presidente brinca de pagar e eu brinco de trabalhar". Ela era funcionária de uma Universidade Federal. Várias vezes reclamou que suas colegas tinham oportunidades que para ela não surgiam, tendo sido estas contratadas por empresas cuja remuneração era muito melhor. Ela só não se deu conta de que as pessoas estão sendo observadas o tempo todo. Quem faz com amor é notado e haverá um momento em que será reconhecido, inclusive tendo melhor oportunidade de ganho.

Há valores que, mesmo não sendo cuidados, não deixam de existir. Por mais que o egoísmo, por exemplo, expanda-se, sempre ficará dentro de cada um o sentimento pela falta de algo que nos levará novamente ao valor abandonado. Daremos voltas e retornaremos ao início.
Quando realizamos nossas tarefas e atividades com amor, carinho e bem querer, o tempo passa muito mais rápido, a satisfação se faz presente, mesmo com as dificuldades a serem superadas. Nós nos curamos de nossos males quando agimos assim.
Se precisa fazer algo por obrigação, busque fazê-lo com a máxima atenção e cuidado, e observe que o "fardo" se tornará mais leve. Ficamos mais pacientes com os que nos cercam, desfrutamos mais da companhia dos nossos e dormimos muito mais "gostoso". Realmente descansamos.

Texto Revisado