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Oráculos
A Morte, uma das cartas mais temidas do Tarot
por Alvaro Domingues
Não tem quem não se arrepie ao ver esta carta em sua mesa, quer como consulente quer como tarólogo.
Como sempre, convém lembrar a origem do
Tarot tal como o conhecemos hoje. Ele veio da Idade Média, como a visão de mundo desta época e que de certa forma ainda perdura hoje no ocidente. Estávamos sob o domínio da Igreja, numa verdadeira era de terror, onde a concepção de morte era a seguinte: algo definitivo, sem volta e com um destino eterno para nossa alma que poderia ser o Céu, para os puros de coração ou o Inferno, para todos os outros. Havia ainda o purgatório, uma forma atenuada de Inferno para os não tão puros, um estado transitório antes de ir para o Céu, mas um local igualmente aterrorizante.
Algo muito bem retratado nos autos de Gil Vicente e na Divina Comédia, de Dante Alighieri.
Isso não mudou muito mesmo com o Espiritismo, que herdou a visão de castigo, não mais eterno, mas ainda assim carregado de sofrimento para muitos, com uma passagem pelo Umbral, um local bastante semelhante ao Inferno católico, e somou a ideia do Carma, vindo do Oriente. Renascemos basicamente pra expiar nossos “pecados”. Nem com o ateísmo militante, que ainda não encontrou uma maneira satisfatória de lidar com a morte e, mesmo que tivesse, ainda tem séculos de condicionamento a serem superados.
Inferno de Dante
O Inferno de Dante tem servido de modelo para muitas representações do Inferno
A ideia da Morte também está ligada ao mito do fim do mundo, bastante cultivado no Ocidente, quer pela simbologia do Apocalipse (onde a morte é um dos cavaleiros) quer pela possibilidade real durante a Guerra Fria (onde Estados Unidos e União Soviética tinham arsenal atômico suficiente para destruir a Terra várias vezes) ou do terrorismo, de desastres ecológicos, e do apocalipse zumbi hoje em dia.
A Morte é o quarto cavaleiro do apocalipse
Vamos analisar carta a partir de algumas constatações. Em primeiro lugar, ambiguidade de gênero da carta. Em algumas culturas, a Morte é masculina (no próprio Apocalipse é um dos cavaleiros). Por exemplo, no desenho animado As Terríveis Aventuras de Billy e Mandy, A Morte é masculina, representada pelo personagem Puro Osso. Aliás este desenho e uma forma de lidar com a Morte com bastante humor.
Puro Osso, A Morte como entidade masculina e.. bem humorada.
Já Neil Gaiman representa a Morte como feminina, uma figura sedutora. Esta visão pode estar associada a duas coisas. A primeira é vem a visão cristã de que todo o mal, inclusive a morte, vem da mulher. A segunda é também uma associação de que a morte é sedutora, outra visão vinda da cultutra patriarcal, que vê na entrega à sedução à perda do eu e o papel sedutor seria da mulher, até na última sedução.
A Morte de Niel Gaiman - Bela e Sedutora
Como contraponto, tem a visão dos índios Yaquis, trazida por Carlos Castaneda, de que morte seria uma conselheira. Alguém que esta sempre a seu lado à distância de um braço, capaz de tocá-lo a qualquer momento. Quando este toque for dado, sabemos que isto será definitivo e que esta é a única coisa definitiva. No mais tudo pode ser superado. Então, num momento de desespero, perguntamos a ela: “é agora?” E se ela tocá-lo, nos entregamos e deixamos a vida se esvair. Se não, sabemos que podemos superar o problema.
Em segundo lugar, não devemos esquecer que o
Tarot deve ser visto de forma simbólica. A minha experiência como tarólogo e a de vários colegas é que A Morte raramente simboliza a morte física.
A nível simbólico o que é A Morte? Há duas coisas que ocorrem na morte: uma grande mudança e uma grande perda. Mesmo do ponte de vista ateu, a morte é uma mudança: num momento existimos e no outro não existimos mais. E mesmo do ponto de vista religioso, há uma grande perda, quer sejamos destinados ao céu, ao inferno ou a outra encarnação. Perdermos a vida como a conhecemos e o que temos após à morte é outra vida.
O Louco encontra-se com A Morte e descobre que sua vida teve um começo e terá um fim e que a cada passo que der, cada instante que viver esta á mais próximo de seu fim, mas que, apesar disso, deve seguir em frente. Aprendeu também que às vezes para progredir em seu caminho é preciso abrir mão de algo que preze muito.
Alvaro Domingues, Tarólogo e terapeuta holístico (consultas, marcar pelo telefone: (11) 9-9953 3886 (Vivo)
Atualizado em 6/20/2014
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