Confiança, Entrega, Aceitação... Paz

por Patricia M. Barros

Durante uma sessão de terapia eu estava falando sobre acontecimentos que considerava desastrosos. A minha psicóloga respondeu sabiamente: “E quem disse que foi um desastre? Talvez o que aconteceu tenha sido o melhor para todos os envolvidos.” Talvez… Afinal, quem sabe se uma situação é positiva ou negativa?

Lembrei-me de uma história oriental muito interessante. Duas pessoas, pai e filho, viviam de maneira humilde e eram felizes. O pai quis prosperar e comprou um cavalo. O animal fugiu. Então as pessoas do vilarejo disseram: “Que azar!” O homem, que era uma pessoa muito sábia, respondeu: “Se é algo bom ou algo ruim, quem é que sabe?” Procuraram o cavalo e o encontraram. O animal estava com uma manada de cavalos selvagens. Então as pessoas que conheciam aquele homem falaram: “Que sorte!” A resposta dele foi a mesma. Pouco tempo depois o filho daquele homem quebrou a perna ao montar um daqueles cavalos. As pessoas falaram: “Que pena! Ele vai ficar mancando e nenhuma moça irá querer casar com ele.” Mais uma vez o homem respondeu: “Se é algo ruim ou algo bom, quem é que sabe?” Houve uma guerra e o rapaz não foi recrutado. Então os vizinhos daquele homem falaram: “Nós estamos muito tristes, preocupados porque não sabemos se nossos filhos voltarão. Como você é feliz! Você sabe que seu filho está em segurança.” O homem deu a mesma resposta e a história não tem fim. A moral da história é muito clara: ninguém sabe o que é bom ou negativo. Então por que julgar, rotular os acontecimentos? Se quisermos rotular as experiências, então é melhor considera-las positivas. Afinal, podemos adotar a crença de que o Universo sempre conspira a nosso favor. Lourenço Prado, autor do livro “Alegria e Triunfo”, narra a história de um sacerdote que passou a batizar os acontecimentos como sucesso, “em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém!”

Se eu confio em Deus, faz sentido acreditar que tudo ao nosso redor é ilusão e que na verdade tudo está bem no Universo ( link ). Afinal, nosso entendimento é limitado, não é possível para nós alcançar os desígnios divinos.

É fácil, muito fácil adotar esta crença racionalmente. No fundo as emoções – culpa, revolta, raiva, tristeza… - continuam as mesmas. Claro, dificilmente conseguimos enxergar o que há de bom em uma situação aparentemente negativa.

Então qual é saída? Ainda não cheguei lá, mas acredito que a meditação, o ho’oponopono e a oração podem ajudar. A função da dor é nos ensinar algo… Então podemos buscar o silêncio e conversar com o sofrimento, perguntar a esta emoção o que ela tem para nos ensinar.

Creio que fazem parte do caminho a confiança e a entrega. Podemos nos lembrar como a Vida nos apoiou, nos guiou e isso alimentará a confiança em Deus. Tudo está em Suas mãos e está tudo bem. Então podemos nos sentir prontos para a Entrega. Sim, pois Jesus nos ensinou que a luta é de Deus, não do homem. Cristo também nos ensinou que devemos entregar a Ele nossos fardos e tomar sobre nós a Sua carga, que é leve, suave.* No livro “Alegria e Triunfo” Lourenço Prado nos ensina a seguinte afirmação: “Transfiro a minha carga para o meu Cristo interno e sigo livre.”

A Entrega não é algo simples... Temos a tendência de querer tomar as rédeas da Vida e muitas vezes nos equivocamos, claro. Entregar-se ao Universo é algo a ser praticado continuamente.

Será possível chegar ao estado de Entrega? Creio que sim. O caminho da evolução certamente nos leva até lá. Acredito que depois que conseguimos entregar tudo a Deus naturalmente chega a Aceitação e, como consequência, a Paz. Não há muito mais a dizer…

* “Vinde a mim, todos os que estai cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.
Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas.
Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo e leve.”

Mateus 11:28-30