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Empilhar pedras: para brincar e meditar

Publicado por Adília Belotti em Autoconhecimento

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Empilhar pedras, quem diria, pode ser um jeito extraordinário de aquietar a alma! Sobretudo naqueles dias em que sentar na calma como mandam os risonhos budistas parece façanha impossível, você inteira borbulha e as idéias parecem pipas soltas num céu de tempestade...

Era assim que eu estava no domingo. E ainda que eu tenha um fraco por propostas absurdas, esta chegava a ser engraçada: meditar, empilhando pedras... Mas neste domingo descobri que quando você está muito triste ou muito angustiada, brincar, afinal, pode bem ser uma excelente idéia... e lá fui eu para o jardim escolher minhas pedrinhas.

Acreditem, equilibrar pedras é uma arte antiga praticada no mundo inteiro... existem exemplos de gigantescas pedras empilhadas em vários locais de Portugal, onde se equilibram desde o neolítico; na Inglaterra, arrumam-se em um círculo majestoso chamado Stonehenge, mas surgem um pouco por toda aquela região, na Irlanda, no País de Gales, sempre em círculos ou semicírculos sagrados... e até na Austrália, os antigos registravam sua passagem deixando aqui e ali, em meio à paisagem desértica, blocos de pedras cuidadosamente aprumados... Estas obras-primas do equilíbrio também estão presentes nos jardins japoneses, fazendo refletir quem passa sobre as delicadas distinções entre movimento e quietude, solidez e leveza... no Japão as pedras são tema de contemplação, como uma forma de oração...

Foi no livro Zen do mestre Osho que vi uma destas formas pela primeira vez. As pedras tradicionalmente representam o imóvel, a durabilidade, a estabilidade. Estamos acostumados a associá-las com o início dos tempos, com o mais antigo... e com o mais distante no futuro que nossa imaginação consegue atingir: são as pedras que nossos filhos, nossos netos verão quando não estivermos mais aqui... Muitos povos, no entanto, fizeram nascer deuses de dentro das rochas e no Japão e na China suas formas expressam as características peculiares do espírito que habita lá no fundo do seu duro e vulcânico centro.

Uma pedra pode ser estável, mas tente colocar várias, uma por cima das outras e toda estabilidade desaparece para dar lugar a algo tão frágil que o sopro da brisa pode rapidamente destruir... Por isso, as pedras empilhadas falam de equilíbrio e de impermanência. Falam de paciência e de recomeço. Falam de persistência e de submissão. Falam de rir quando toda pilha desaba pela milésima vez, falam de sintonia para perceber o peso de cada pedra e sua forma. Falam de um jogo da alma. Coisa de criança, mas que teve o poder de me aquietar naquele domingo. Quem diria...

E aí vão algumas regrinhas práticas, caso você queira experimentar
Prefira fazer sua escultura em algum lugar próximo à Natureza, claro que valem desde as praias desertas até os parques mais próximos, passando pelos jardins e pelos cantinhos de varandas. Importante é estar em silêncio e poder permanecer assim por algumas horas; então, já sabe, desligue os intrusos barulhentos de todos os tipos, o momento é de estar sozinho consigo mesmo...

Escolha com calma as pedras que você vai usar.
É fácil se você tem um jardim ou mora perto de uma praça ou de um parque. Senão vai ter que começar o jogo um dia antes procurando as pedras que vai usar na sua escultura. Ou, como diz minha amiga Denise, artista apaixonada há anos por pedras, “deixando que elas encontrem você”... É assim mesmo, saia de casa e deixe que as pedras encontrem você, não precisam ser dezenas, algumas apenas, até porque você não vai conseguir equilibrar muitas no início - eu só consegui dez de uma vez...
Uma das pedras precisa ser a base, deve ser maior e mais pesada do que as outras. O lado polido fica mais bonito para cima, mas faz a pedra de cima escorregar.

Observe o peso e o formato de cada pedra.
Como você acha que ela se encaixaria no conjunto? Passe os dedos pela superfície, conheça-a. Equilibrar pedras é um exercício de atenção, de presença...
Depois de pronta a escultura - as minhas ficaram pequenas, mas dizem que Michelangelo também não teria ficado tão orgulhoso do seu teto da Capela Sistina - sente-se e olhe bem, é ou não um instante cristalizado de beleza?

Pergunta da semana: O que você faz quando quer aquietar a alma?

Zen, sua história e seus ensinamentos, Osho, Editora Cultrix.

Confira alguns links interessantes abaixo:
- No site do artista Paul Volker, uma belíssima galeria de fotos, coisa de profissional, viu? Não é para querer se comparar...
- Aqui você aprende em vídeos a fazer rockbalancing com um artista americano, Bill Dan, que vive em San Francisco (em inglês)
- E no mesmo site ele ensina a fazer minúsculas esculturas, como as que eu fiz...
- Mais algumas fotos
- Na Itália, um artista, Deva Manfredo, construiu um parque só com pedras empilhadas
- Neste outro site italiano, você aprende a fazer estas esculturas em escala doméstica, feito as que fiz no meu domingo chuvoso

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Sobre o autor
adilia
Adília Belotti é jornalista e mãe de quatro filhos e também é colunista do Somos Todos UM.
Sou apaixonada por livros, pelas idéias, pelas pessoas, não necessariamente nesta ordem...
Em 2006 lançou seu primeiro livro Toques da Alma.
Email: [email protected]
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