É realmente um sentido profundo que embala, nas entrelinhas, uma conspiração universal.
Poderia afirmar, com toda a aguçada sensibilidade do coração, com a certeza infatigável da consciência perdidamente unida aos fatores cósmicos. E agora, envolto numa dimensão entre o que é memória e o que é presença. Que estamos sutilmente caminhando, juntos, nas viagens do amor...
Um sentimento sem fronteiras, que parece balançar, energeticamente, entre a racionalidade dos pensamentos, das imagens e ocorrências que impregnam a chapa das percepções, nas portas de nossa coroa, no topo das visões de todos os astros e idéias e a leveza, intensa, pulsante e vivaz que costumamos residir, no centro de nós mesmo, nas portas do coração.
Não poderia situar o tempo nesses escritos... A realidade que mantenho neste propósito pode tocar mais profundamente, com maior objetividade, quando acompanho os ponteiros do relógio da subjetividade.
Quando olharmos para o que é divino, com as lentes daqueles olhos curiosos de crianças, que marejam por significados inocentes, criativos, serenos e vivos, poderemos co-criar um outro mundo.
Mundo este não menos real do que aquele que os globos oculares se acostumaram a referir-se como fisicalidade. Complemento... o que enxergamos, nesta forma de ver, está extremamente carregado de conceitos e crenças, certamente muito próximas da estagnação ou padronização, para não dizer, em outras palavras, em conceitos mayatícos, ilusórios.
Mesmo entre as considerações de espaço, tempo, dimensão, plano e profundidade tão bem estudados e calculados nas científicas roupagens de mundo. Além, por detrás das linhas dos conceitos humanos, estão as linhas luminosas, escrevendo: Consciência!
Sim, a fantasia contada, pretensiosa, é idêntica àquela criada e escrita pelas mãos de Deus, que contempla as suas histórias e sorri... que sorri, mais ainda, quando seus próprios personagens e personalidades, estrelas brincando de gente, atuam diferentemente:
Quando riscam fórmulas no chão e dizem que Ele está lá em números e traços;
Quando levantam seus olhares para o céu e pensam que Ele lá está; entre as nuvens, entre as estrelas, entre os sóis, ali bem juntinho ao cosmo.
Ou entre as folhas das árvores, os mares, os silêncios e os sons.
Sim, Ele sorri, sorri...
Quando nota que eles reconhecem e divinizam apenas alguns, como sendo Seus verdadeiros filhos, seguindo seus próprios critérios, seja isto o que for.
Ele sorri... sorri...
E pulsa com mais vigor, às gargalhadas mesmo, quando alguns poucos corajosos que olham para si mesmos O vêem neles próprios! Notem a mágica... Sim, agora Ele sorri junto!
Afinal, foi convidado! Tem alguém para sorrir junto com Ele!
Posso dizer que O vi, em forma de anjo. É sério, sem piegas, sem lorotas... Deixe-me contar esta história...
Uma de suas partes estava sentada ao meu lado!
Meu corpo estava cansado, e ainda enfrentava aquela viagem tão longa e trabalhosa. Na verdade, não estava conseguindo nem deixar os olhos abertos para apreciar os mistérios que aquele momento me conduzia.
Não sabia o trajeto, e a cada abertura sonolenta de minhas pálpebras uma névoa parecia recobrir lentamente as janelas, pelas milhares de gotas que caiam, e a formação de uma grande cortina de chuva.
Mas ela falou comigo... Sim, é isso mesmo que estou dizendo, era “ela”, um anjo feminino!
Ela me perguntou se íamos demorar, quando iríamos chegar, e se eu sempre fazia aquela viagem. Mas como dizer qual o tempo, se estou fora dele...
Sentado ao meu lado estava um anjo e eu não sabia...
A locomoção dos corações, conduzida pelo motorista de vidas, parava para a subida e a descida de tantos passageiros...
Face a face, comentávamos juntos, eu e ela, ser esta uma viagem infinita.
Ela me dizia, que é só olhar em suas esquinas e saberíamos em que cidade estávamos! Teriam placas sinalizadoras...
Mas, para percebê-las, precisaríamos estar atentos, de corações em sintonia com tudo aquilo que é mágico. Como se as águas serenas circulassem do coração aos olhos!
Então, e só então, no fluxo das águas do sentimento, haveríamos de notar, em letras luminosas, verdadeiras mensagens vindas do céu, escritas pelas mãos do Grande Autor.
E se até agora não a tinha visto, foi pela simples razão de não tê-la olhado! Pois, é coerente dizer que, todas as possibilidades estão, como fonte, dentro de cada um!
Na mesma viagem visitamos, e fomos tocados, tão docemente, tão sutilmente que nem notávamos...
Passamos pelas cidades do crescimento da humanidade; do carinho de ser mãe; da força de alcançar os objetivos profissionais; do empenho nos estudos; da coragem nas práticas espirituais; do amor a dois e do abraço universal; do sexo alma-alma; da anjelitude humana... Não necessariamente nesta ordem, mas seguindo uma ordem própria. Compatível ao seu próprio jeito de ser, cheio de tantos outros acréscimos preciosos...
Cheguei na cidade que irei descer hoje! É, e ela vai seguir viagem... Gostaria de saber para onde sua consciência se encaminha...
Foi aí que perguntei: “Para onde você está indo?”
“Aos círculos das águas!” – respondeu com um sorriso.
(Esses escritos são dedicados a minha querida amiga Waldeli Azevedo por todo o apoio e carinho.)
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