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Cadê os diferentes?

Autor: Nelson Sganzerla
Cadê os diferentes?
 

Cadê os diferentes?

por Nelson Sganzerla - [email protected]

Parafraseando Drummond: "Se meu nome fosse Raimundo, eu seria apenas uma rima".

Chega de pessoas iguais, chega dos clichês, das frases de novela; não dá mais para agüentar tanta mesmice, tanta gente igual. Basta uma pessoa notória ir a um programa de televisão e dizer que não gosta da mãe para todo mundo aplaudir.

Chega de pieguices, chega de falsos conceitos morais do cinema americano. Chega de "esta é a sua vida", de arquivo confidencial que nada tem de confidencial, de caminhões cheios de mobília a expor pessoas humildes em bairros humildes, chega de casa do artista, de pegadinhas combinadas chamando-nos de idiotas do outro lado da telinha.

Chega!! Não dá mais para agüentar certas propagandas enganosas, com tanta mulher bonita que nunca nem jamais virá com o produto. Não dá mais para agüentar tanto merchandising de remédio pra diarréia, pra prisão de ventre, remédio que faz perder a barriga, cinta-liga, café do bule.

Chega!! Dos famigerados testes do DNA; esses, então, são de fazer chorar quando o apresentador resolve explicar para o auditório o resultado do mesmo, tintim por tintim.

Chega!! Das histórias bizarras, do irmão que casou com a irmã, da prima que teve um caso com o primo. E como o povo sofre com a desgraça alheia.

Chega!! Quero ver pessoas diferentes, pessoas que não lotem um espaço cultural só porque é moda, pessoas que me olhem no olho e me falem "Bom Dia"!! Pessoas que falem obrigado, que peçam desculpas, pessoas que sorriem. Pessoas que respirem calor humano, que cuidem de plantas, que falem com todos os animais e não só com as antas; pessoas que andem nas ruas, que carreguem livros, que fumem cachimbo e apreciem um jardim.

Chega!! De mesmice, chega de música que não alimente a alma, de revistas de fofoca, de castelos, de bares cheios e pessoas vazias.

Chega!! Quero as pessoas educadas, que não buzinem na porta da escola, que ensinem seus filhos a respeitar os mais velhos, a rezar antes de dormir, a brincar no quintal, a sentar à mesa pra almoçar.

Chega!! De arrogância, de futilidades, de flores de plástico, de seios de silicone e de cabeças vazias. Não dá pra suportar mais, bundas iguais, caras iguais, cabelos iguais e pessoas indiferentes.

Nelson Sganzerla

Nota: Queridos, esse artigo eu escrevi há cinco anos atrás, e nada mudou. Eu continuo procurando os diferentes.


Publicado em 11/02/2010


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