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À Mãe Camponesa

Autor: Bernardino Nilton Nascimento
À Mãe Camponesa
Lembrando-me de ti, mãe camponesa,
achei que merecias um poema.
Também quis cantar à mãe burguesa,
mas vi que me encontrava num dilema.
Por fim, acreditei ser mais nobreza
Cantar tua miséria, teu problema.
Pois és mulher trabalhadeira e brava,
e não nasceste para ser escrava!

A vida para ti é sofrimento
em meio às agruras da pobreza;
não sabes se tiveste algum momento
feliz pois já nasceste na tristeza.
Vivendo no infortúnio, ao desalento,
não podes demonstrar a fortaleza
que tu possuis. Mas te lançando à luta,
da tua força nascerá justiça!

A tua dor, toda a nação conhece;
a vida que suportas paciente
é uma ferida que o poder esquece:
a ela continua indiferente.
Teu ânimo, porém, não arrefece
diante deste fato deprimente.
Se és mulher trabalhadeira e brava,
não poderás continuar escrava!

A tua família, abandonada e triste,
segue um destino sem futuro à frente,
porque a injustiça inda persiste
negando-lhe um sonho diferente
dessa miséria que aí existe
na baixa realidade do presente.
Para tua posteridade alcançarás a justiça!

Algumas vezes, apesar de tudo,
tu vês chegar em tua casa a morte,
e leva o teu anjinho barrigudo
de asas brandas, mas teu peito é forte
para resistir – como um estranho escudo -
à flecha que lançou a triste sorte.
Pobre mulher trabalhadeira e brava,
da tua dor não ficarás escrava!

Nem mesmo uma lágrima sentida
tu podes derramar na sepultura,
porque, da tua face ressequida,
o sol roubou o pranto de amargura;
mas, chora a tua alma dolorida
em vez dos olhos que só têm secura.
É quando deves te lançar à liça,
pois clama a tua mágoa por justiça!

Quando resolves desprezar o ninho
antigo e pobre que te viu nascer,
em cada curva do caminho
vai ficando um pedaço do teu ser;
a terra que cuidaste com carinho
muito difícil tornarás a ver.
Para mulher trabalhadeira e brava,
Uma saudade não a faz escrava!

Imita a tua irmã, a operária,
que luta pelos morros da cidade
marchando com a massa proletária
para o dia feliz da liberdade!
Fazes o teu lema da reforma agrária,
e buscas alcançar a eternidade!
Para tanto, deves te lançar à liça,
e o futuro te fará justiça!

Um grito de revolta se levanta
para mudar o curso da história;
a luta dos pequenos se agiganta
cada vez mais, para alcançar a Glória!
E ao final dessa cruzada santa
terás te libertado desta escória.
É hora de mostrares que és brava!
Se tu lutares não serás escrava!

Se hoje te lançares destemida
na luta triunfal do idealismo,
terás uma vitória merecida.
E ao saíres do profundo abismo
em que te encontras, para nova vida,
a pátria cantará teu heroísmo.
Então, é hora de deixar a liça,
porque no tempo já se fez justiça!

BNN


Publicado em 22/08/2009


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