Deixar ir

Deixar ir
Autor Paulo Tavarez - [email protected]
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Nada daquilo que possuímos é nosso, nada nos pertence, infelizmente não conseguimos entender que a melhor forma de nos relacionarmos com as coisas é através do desprendimento. Ainda agimos como crianças que não querem compartilhar os brinquedos, transformamos objetos em extensões do nosso ser, criamos uma identificação profunda com as coisas e não percebemos o tamanho do equívoco que estamos cometendo, pois ao perdê-las, nos sentimos como se estivéssemos sido amputados.

Quantos investidores não pularam de prédios na crise de 1929? Quantos milionários não cometeram o suicídio diante das flutuações do mercado? O mundo está repleto dessas histórias trágicas, pois a vida é feita de vicissitudes, de altos e baixos, essa é dinâmica que coordena nossas experiências. Não tem o menor sentido viver agarrado às coisas materiais, existe muita instabilidade em tudo, nada é perene, mesmo para aqueles que chegaram ao mais alto nível de prosperidade, há sempre a possibilidade de uma alternância, é preciso estar preparado para a queda e não existe outro meio de nos defendermos das provas que a vida nos impõe que não seja nos desprendendo, por isso é preciso exercitar o desapego.

Precisamos aprender a não nos agarrarmos à paisagem, nada daquilo que desfrutamos nosso, um dia teremos que deixar ir, não é incomum sabermos de casos de almas que ficaram presas às casas em que viviam? Aos objetos que possuíam? Para quê tudo isso? As pessoas perdem a saúde, a família, a honra, os amigos, tudo pelo afeto extremo às riquezas, isso é muito triste! 

Buda, certa vez, recebeu um fazendeiro disposto a se matar por que fugiram cem vacas de sua propriedade. Aproveitou para dar um ensinamento aos seus discípulos: “Meus amigos, sabem por que vocês são felizes? Porque vocês não têm cem vacas para perder”.

Enquanto estivermos ostentando essa estranha cegueira, vitimados pelos distúrbios da razão, seguindo os passos de Mamon, nossa consciência continuará obscurecida por um véu, onde a realidade terá contornos distorcidos. A verdadeira sabedoria consiste em deixar ir, olhar o mundo sem os traços da posse doentia, aproveitando ao máximo o que vida estiver te oferecendo, mas entendendo que tudo é impermanente. Não é preciso dar tudo aquilo que você conquistou aos pobres, nem é preciso ter medo de prosperar, é preciso apenas não ser possuído pelas ideias fixas e doentias do poder e das riquezas. 


Tão triste quanto o apego às coisas é o apego às pessoas, pois o princípio é o mesmo. Todo exagero de afeto por alguém esta sinalizando algum problema emocional, é triste, mas é verdade, e apenas uma reflexão profunda poderá fazê-lo compreender esse fenômeno. As paixões são emoções infladas de carga afetiva, sejam elas as nossas culpas, remorsos, frustrações, enfim, tudo aquilo que nos prende com intensidade exagerada a alguém é um sentimento enfermo, estamos sendo muito mais egoísta do que pensamos, pois não estamos expressando o verdadeiro amor, na realidade,  simplesmente elegemos o outro a solução dos nossos conflitos internos. Os terapeutas de vidas passadas sabem disso, infelizmente o assunto merece maiores considerações e o espaço aqui é curto e o assunto é bastante complexo, além de não tratar-se do tema central desse estudo, mas saibam que a paixão não tem rigorosamente nada a ver com o amor.

Me sinto até constrangido, mas preciso terminar o artigo repetindo aquela frase que vocês já estão cansados de ouvir:

Felicidade não é ter é ser!
 

 



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Conteúdo desenvolvido por: Paulo Tavarez   
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