O almoço num domingo de sol
Depois de muitos anos (demais mesmo, visto que somos amigos de verdade e moramos na mesma cidade) reencontrei Fernando Bueno. São aqueles episódios em que o tempo se dissolve e desaparece, quando, aos poucos, começa a troca intensa de energias que termina somente ao nos darmos conta, depois de muitas horas, que o restaurante está totalmente vazio, exceto um garçom e a pessoa amiga do caixa.

Estávamos com nossos filhos e -com certeza-, mais seres nos escoltando de outra dimensão, nos alimentando de luz, harmonia, de paz e carinho. É raro reunir pessoas tão queridas e especiais, com o conhecimento de que nada é por acaso, abertas às sincronicidades, capazes de acompanhar o ritmo da conversa, entrando e saindo suavemente, somando sempre e deixando no ar uma vibração serena, gostosa e envolvente. Cada ser totalmente despojado de soberba e arrogância, vivenciando totalmente a unidade, deixando de lado quaisquer outras posturas que quebrariam aquela tarde de magia. Não estou exagerando. É a mais pura verdade. E o que nos reuniu naquela mesa foi outra conspiração do Universo, (algo que o Fernando me ensinou faz uns vinte anos)... Os filhos maiores, já grandes e bem definidos em sua vocação profissional, se encontraram casualmente numa reunião de negócios... se reconheceram com alegria e nos intimaram para um almoço... pode?

Muitos sabem que amigos de verdade conseguem ficar um tempão distantes, sem se ver, sem se falar e, ao se reencontrarem, é como se nunca tivessem se separado... Talvez as carcaças tenham ficado mais pesadas, os cabelos mais ralos e esbranquiçados, mas o brilho no olhar não se perde nunca e num piscar de olhos nos conduz direto à alma, ao essencial que tudo conhece.
Ambos sabemos agora que está tudo em divina ordem, que a mudança permanente foi nossa boa companheira de viagem e também que nunca faltou o apoio decisivo dos mentores que nos guiam na caminhada.

A evolução à nossa volta
Gente, como os filhos podem ser melhores que os pais! É impressionante...
O salto de qualidade, de capacidade, de consciência das novas gerações pode ser maravilhoso, até surpreendente, lembrando que eu -na idade deles-, era um sujeito bem atrasado e cheio de limitações... Pude, desta forma, comparar o quanto foi real o avanço que todos ali tínhamos dado. Reviver os momentos em que a "sombra" tomava conta de mim, pela narração até engraçada de vários episódios ocorridos, pela voz do amigo querido, quase assustou meus filhos, um pequeno na época e outro ainda por nascer, que não imaginavam que ele estivesse falando de mim, que se tratasse da mesma pessoa...
Bom, olhar para os filhos e agradecer ao Universo por tudo, por eles serem assim e por eu ter mudado tanto, foi libertador, terapêutico, uma limpeza profunda da alma.

Os primeiros contatos
Quando conheci o Fernando, em 1974, era eu um sujeito absolutamente materialista, descrente de tudo que não pudesse ser visto, tocado, calculado e definido de forma objetiva...
Quando, por causa do trabalho nos encontrávamos, ele sempre aproveitava o lance para me falar também de coisas "abstratas", questionava sutilmente algo em minha maneira de ver a vida e me jogava quase imperceptivelmente alguma semente "perturbadora", que sempre me colocava em xeque...
Não sabia -de verdade- conversar com ele num nível mais elevado e que tivesse a ver com os movimentos da Alma. Literalmente: não encontrava as palavras e queria mais que aquela conversa, que me deixava tão vulnerável, demorasse o mínimo possível. Pensava muito na produção da fábrica de máquinas e pouco ou nada no sentido da vida. Uma boa picanha -quase sangrando- e uma caipirinha de vodka arrasavam qualquer pretensão ao autoconhecimento...

Os ciclos da vida - o Caminho do meio...
Aconteceu algo que não podia esperar... depois de dez anos vivendo diariamente o STUM, a espiritualidade, o Caminho e as necessidades específicas da missão... de repente, quando na mesa o papo mudou do passado para o presente, com os rapazes tratando com entusiasmo de suas realizações e projetos futuros... me encontrei na mesa sem achar as palavras certas para acompanhar à altura a conversa que focava agora o tridimensional mundo da indústria, do comércio e dos serviços...
Sobrei... naquilo que era antigamente o meu forte... passei demais para o outro extremo...
Sim, faz tempo que me afastei muito dessa realidade e talvez fosse necessário, mas me fez muito bem ficar a par de tantas boas iniciativas que estão ocorrendo por toda parte, levadas adiante por seres despertos e atuantes que, além da ação, tornam-se exemplo vivo de ética, consciência ecológica, coerência e atitude correta, contrabalançando -com nitidez e uma renovada profissionalidade-, a destrutividade e a falta de visão holística de empresários e dirigentes que ainda se encontram na escuridão, levando seus negócios de forma a causar dano ao ambiente e à comunidade, estando somente em busca de lucro a qualquer custo...

Quem te viu, quem te vê
Se eu consegui mudar -pela dor, claro- todo mundo pode ser tocado pela semente do bem... que irá furar -pela força do amor- qualquer couraça, qualquer blindagem. A alma está lá, esperando pacientemente que outros Fernandos se aproximem, nos peguem pela mão e nos indiquem o caminho com sabedoria e muito tato, tocando as teclas certas e, num determinado dia, propiciando-nos a revelação de nossa divindade, nossa vocação real, a que combinamos antes de cair por aqui de pára-quedas e que -entre caipirinhas, picanhas e outras coisas mais-, esquecemos por demasiado tempo no fundo da bagagem que veio junto.

O ponto de Mutação / O melhor emprego do mundo
Lembro como se fosse ontem quando encontrei em meu escritório, buscando outros papéis, aquela folha amarelada com as estremecedoras palavras do Goethe... o momento foi este mesmo. Larguei tudo o que fazia, comecei a vivenciar e a realizar finalmente algo que não é trabalho, não mais...
É um serviço alegre e prazeroso que poderia fazer (já fizemos por muitos anos) de graça. Não cansa, não perturba. É só alegria...
Descobri também que o Fernando, nossos filhos e muitos outros seres maravilhosos que estão na mesma vibração, vivendo sua missão no "mundo real" sendo portadores da mensagem de esperança, de unidade, são parte fundamental de uma decisiva conspiração do Universo, numa tarefa bem mais árdua que a nossa (que se desenvolve entre seres que já sabem da importância de alimentar a alma), essas preciosas e imprescindíveis criaturas hábeis em jogar aquelas famosas sementes "perturbadoras" à sua volta, em um solo bem difícil, mas que hoje está se tornando cada vez mais fértil e receptivo...
...Ah, já temos um outro encontro marcado... não dá para esperar mais cinco anos!

Sim, somos todos um só!
O Universo agradece por V. também ser parte desta belíssima e motivadora turma que ousa e sabe fazer toda a diferença!
Sergio - STUM


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