Portal - Capítulo 15

Portal - Capítulo 15
Autor Satyananda - [email protected]
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Voltando ao rosto do homem, daquele que me fitou, de dentro do portal.

No momento em que esse homem olhou dentro dos meus olhos, como se eu estivesse na sala, do canto de seus lábios emitiu um sorriso, como aconteceria com a gente se nós estivéssemos aqui e de repente olhássemos para a parede, ou como os nossos animais de estimação param e olham para o lado, para coisas que a gente não está vendo. Então, sorrindo para mim por alguns segundos, abaixou a cabeça e continuou trabalhando.

Aquele vórtex de luz branca se fechou muito rapidamente e quando eu voltei minha atenção ao quarto, meu irmão estava dormindo sentado, de cabeça caída. Nós estávamos no chão, sobre almofadas, e o meu corpo inteiro vibrava em uma intensidade tal que eu tive a sensação que ia morrer, morrer porque não havia mais movimento em meu corpo e a minha consciência estava prestes a desaparecer. Eu nunca desmaiei na vida, então, era algo superior e diferente de qualquer tipo de sensação que eu pudesse já ter sentido.

Eu me lembro de ter rastejado até o quarto ao lado onde ficava o altar e no chão mesmo encostei a cabeça e entreguei a minha vida. Nesse momento, comecei a sentir uma sensação de dormência que pegava os pés, as pernas inteiras, as costas e as mãos. Não havia nenhuma força nem vontade de levantar qualquer parte do corpo e com apenas um pouquinho da consciência que me restava, falei:
- Pai, entrego-Lhe a minha vida. Estou sentindo que agora acabou este ciclo. Que a sua vontade, como sempre, seja feita.

Apaguei em uma espécie de sono sem sonho, numa paz imensa e havia no ar muita vibração. Parecia que eu estava mergulhado em uma piscina de vibração. Tudo vibrava muito rápido e tudo era uma espécie de dissolução, exatamente como quando a gente dissolve um torrão de açúcar na água e nós temos que misturar com uma colher para ele dissolver mais rápido: eu estava nesse turbilhão. Não havia mais sensação nenhuma de corpo, memória nenhuma do ontem, vontade nenhuma do amanhã. Lembro de ter aberto os olhos, sem mover nenhuma outra parte do corpo, e a surpresa foi enorme quando eu percebi que havia dormido alí mesmo, no chão, e acordado na mesma posição em que eu tinha deitado. Caminhei para o quarto ao lado para ver se havia vestígios da conversa da noite passada, meu irmão estava dormindo na mesma posição em que eu o havia deixado anteriormente. Eu o chamei e falei:
- Vá para a cama.

E ele respondeu:
- Que horas são?

Nós olhamos no relógio e eram 7:30 da manhã. A nossa conversa havia acontecido após as 23:00 da noite anterior. No momento em que o chamei e pedi para que descansasse, percebi que a casa inteira e todas as pessoas ainda estavam dormindo. Sentei na frente do altar novamente e olhei para todas aquelas figuras do meu quarto. Abri a janela e olhei para as árvores, para alguns pássaros que estavam voando e parecia realmente que eu estava vendo tudo pela primeira vez.

Mas agora tinha algo diferente no ar, sentia que estava mergulhado em meditação. A sensação de ausência de mente agora era presente, e a maior diferença era que agora nenhum objeto, nenhuma palavra, nada mais tinha polaridade ao olhar. Não percebia mais se algo era bonito ou feio. Não havia diferença se ouvisse uma música perfeita ou o barulho da multidão. O batimento cardíaco não mudava mais e aquilo tudo que antes vinha numa sensação a conta-gotas e com muito esforço, agora parecia um estado natural.

Passei a “me ouvir”. Quando você conversa e na verdade você está ouvindo o que falou, quando as palavras não passam mais pelas emoções, não passam mais pelo cérebro, você sente que existe uma força que movimenta o corpo, uma força que age, que é gerenciada por uma vontade que não fica neste corpo. Uma vontade que simplesmente te movimenta.

O portal me proporcionou um samadhi. Eu acredito que os samadhis, todos esses descritos na literatura espiritual, são portais que levam a gente para um determinado estado. Nenhuma das pessoas que passa por um samadhi de fato consegue voltar desse estado, elas ficam lá, em uma determinada faixa vibracional, se comunicando com as pessoas de todas as faixas, mas quase nunca recebendo a mesma vibração.

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