Depois, retoma coisas e pessoas para ver se já somos capazes da alegria sozinhos...
Essa... a alegria que ele quer"(J. Guimarães Rosa)
Bert Hellinger, filosofo, teólogo, e criador da técnica terapêutica, Constelações Familiares, escreveu em Pensamentos a caminho,
"A felicidade solta. Eleva-nos a um plano superior; por isso é sentida como leve, deixa para trás algo que nos oprime e amarra. Ela se comunica e se abre, deixando outros compartilharem o que conseguiu. A felicidade libera.
A infelicidade, como sentimento, também liga, mas de uma forma passiva. Ela vem, por assim dizer, espontaneamente, não é preciso fazer nada para isso. Por isso é preguiçosa. Ela se nutre da fidelidade a outros infelizes na família. É uma lealdade infantil: nela, a gente permanece criança.
A felicidade se nutre da afeição dos pais, principalmente da afeição da mãe. As pessoas felizes amam seus pais e sentem-se amadas por eles. Por isso também amam outras pessoas e são amadas por elas.
Já os infelizes rejeitam um dos pais ou mesmo ambos e não se sentem amados por eles. Por isso, têm dificuldade de amar outras pessoas e freqüentemente também são amados por poucos. Nesse caso, principalmente por pessoas que querem compartilhar da infelicidade deles - especialmente seus filhos.
A felicidade pode ser aprendida. Ela se aprende por meio do amor."
Que bela reflexão! E o mais interessante, ela nos diz que a alegria de viver passa pela nossa consideração e reconhecimento por aqueles que nos deram a vida. Nossa fonte de existência, que são os nossos pais. E diz mais, quando nos prendemos à crença de que precisamos nos vincular à dor ou sofrimento de alguém da família e tentamos assumir por eles - quando temos essa pretensão, a infelicidade é o que aparece.
Se não queremos que as pessoas que amamos sofram e, muito menos, que arquem com nossos problemas, é preciso perceber que o inverso também é verdadeiro. Quem nos ama quer que estejamos bem! São nutridos pela alegria e felicidade que manifestamos.
Somos pequenos diante de nossos pais, diz Hellinger, e jamais seremos maiores que eles, pois não podemos pagar o que de mais importante nos deram, a Vida. Seremos grandes para nossos filhos e permanecemos pequenos para nossos pais. Ao nos tornarmos pais, ou criadores de algo que contribua para vida e para o nosso entorno, honramos a quem nos possibilitou viver. E o ciclo continua.
A felicidade está dentro de nós e provém da fonte de onde viemos. Em geral insistimos em buscá-la fora e por isso, ela parece estar inacessível ou em outras faces e mãos.
Olhemos para dentro. Como escreve Jean-Yves Leloup1, a felicidade do homem livre não depende das circunstâncias, mas do que ele faz das circunstâncias, introduzindo nelas consciência e amor.
Sejamos felizes!
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Fonte da citação: Hellinger, Bert. Pensamentos a caminho. Patos de Minas, ed. Atman, 2005. p. 139.
1 - In Leloup, Jean-Yves. A arte da Atenção para viver cada instante em sua plenitude. Campinas, Ed. Versus, 2002. p. 51
Avaliação: 5 | Votos: 5
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