Morte, Renascimento e Transcendência

Autor Patricia Dozza Soubihe - [email protected]
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Morte e Renascimento: elos íntimos entre nascimento e morte

No trabalho em estados holotrópicos (ampliados) de consciência podemos observar profundos insights da natureza desta conexão entre o nascimento e a morte. Na psique inconsciente, estas áreas cruciais de nossas vidas estão tão intimamente entrelaçadas que é impossível vivenciar uma delas sem tocar na outra.

Na nossa vida diária pensamos em morte e nascimento como separados e antagônicos. O nascimento é algo que marca o início de nossa vida, envolve sentimentos de recomeço e esperança. Relacionamos o nascimento com o nascer do dia e com a luz. A morte é associada ao fim de nossa vida, à velhice, ao anoitecer e à escuridão.

Esta visão convencional da relação entre nascimento e morte passa por mudanças profundas quando em nosso processo de auto-exploração vamos além do domínio biográfico da psique. Podemos encontrar emoções e sensações de extrema intensidade que freqüentemente ultrapassam qualquer sensação que considerássemos humanamente possível, e neste ponto as experiências mostram-se como uma estranha mistura de morte e renascimento. A percepção desta relação íntima entre nascimento e morte é a porta de entrada para a compreensão do continuum de nossa existência frente ao eterno presente.

A experiência de confronto com o nascimento e a morte pode resultar em uma automática abertura espiritual e redescoberta das dimensões místicas da existência. A partir disto, podemos ver que este domínio da psique representa uma encruzilhada espiritual, pois não é somente o ponto de encontro de dois aspectos cruciais da experiência biológica – nascimento e morte - mas também a linha divisória entre a psique e o espírito. A completa experiência consciente dos conteúdos deste domínio, aliada a uma boa integração subseqüente, pode levar, portanto, a uma profunda transformação pessoal.

O nascimento espiritual não precisa estar associado à morte biológica, podendo ocorrer a qualquer momento durante um processo de auto-exploração profunda ou ainda durante uma crise psico-espiritual espontânea. Trata-se da morte do ego.

“O homem que morre antes de morrer, não morre quando morre.”
Santo Augustin

O processo de transformação individual como base para cura da consciência coletiva


Cristopher Bache nos sugere que tais experiências podem desempenhar ainda um importante papel na cura do passado traumático da espécie humana. “Não será possível que a memória da violência e ganância intrincadamente entrelaçada na tecedura da consciência humana cause desordens no inconsciente coletivo que contaminam o presente da consciência individual? E porque não poderia o impacto de uma cura individual estar limpando o inconsciente coletivo e contribuindo para um melhor futuro planetário?“

A literatura espiritual nos oferece grandes exemplos de processos individuais com influência redentora sobre toda a humanidade. Na tradição cristã temos a figura de Jesus Cristo que morreu pelos pecados da humanidade. No budismo Mahayana temos a belíssima imagem do Bodhisattva que alcança a iluminação mas recusa-se a entrar no nirvana até que todos os seres sejam libertos.

São inúmeros os seres animados;
Eu prometo salvar a todos.
As desilusões são inexauríveis;
Eu prometo acabar com todas.
Os portais do dharma são múltiplos;
Eu prometo entrar em todos.
O caminho do Buda é supremo;
Eu prometo completá-lo.

Texto revisado por Cris

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