Caminhos que levam ao perdão

Caminhos que levam ao perdão
Autor Patricia M. Barros - [email protected]
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Os caminhos que levam ao perdão são tortuosos, sem dúvida. Talvez estejamos falando de uma espiral. Aos poucos aprendemos a lidar com a raiva, com a mágoa e o amor, a compaixão, a serenidade se tornam mais profundos. Não é um caminho fácil, mas é o único caminho para aqueles que desejam conquistar a paz, a felicidade. Pergunto a mim mesma: quem sou eu para escrever sobre o perdão? É claro que sou imperfeita, não cheguei nem ao menos perto de perdoar a mim mesma e a outras pessoas. Mas aprendi um pouco, com a ajuda de uma terapeuta maravilhosa e - quem sabe? - de mentores espirituais. Talvez o meu próprio eu superior tenha me orientado em certas ocasiões... Mas isso não é importante. O que importa é que quero compartilhar o que aprendi.

Segundo alguns autores, basta ter a intenção de perdoar e o Universo nos ajuda a trilhar o caminho do perdão. Isso parece simplista, mas ao que parece a Graça desempenha um importante papel na evolução de cada um de nós.

No livro "O herói interior", Carol S. Pearson menciona o mito do paraíso perdido. De fato, perdemos o paraíso quando a inocência se vai e percebemos a realidade mais claramente. Como reconquistar este estado de serenidade, alegria e confiança na vida? Procurando perceber a beleza, a perfeição, o amor ao nosso redor. Assim também podemos chegar mais perto de Deus.

Penso que o primeiro passo é o autoperdão. Se não nos perdoamos, como podemos perdoar outras pessoas? Fica mais fácil perdoarmos a nós mesmos se percebemos que só aprendemos com a experiência e muitas vezes é necessário repetir a mesma experiência várias vezes para aprendermos determinada lição. Não é o suficiente conhecer as experiências de outras pessoas, precisamos passar por determinadas situações para evoluir.

Sim, devemos lembrar dos erros que cometemos com serenidade. Somos humanos, imperfeitos... O importante é a jornada, não que a viagem seja perfeita. Isto é impossível! Não dá para "pular etapas". Um passo, um tropeço, uma lição de cada vez. O que realmente importa é aprender com os erros. Espíritas dizem que algumas das frases mais escutadas nas colônias espirituais são: "Como me arrependo! Se eu pudesse voltar no tempo e agir de maneira diferente..." E os espíritos amigos respondem: "Tu terás novas oportunidades!" Sempre haverá novas oportunidades para nos aperfeiçoarmos na arte de amar!

Perdoar outras pessoas também não é uma tarefa simples, mas trilhar este caminho se torna mais fácil se nos libertamos das nossas expectativas e os percebemos como seres iguais a nós, imperfeitos, em evolução. E, como ensina o Dalai Lama, a negatividade sempre tem origem em fatos pretéritos e é difícil precisar a sua origem. Ao refletir sobre estas questões estaremos retirando o "véu de fantasia" que encobre a realidade. Este é o primeiro passo: perceber a realidade sem negar os seus aspectos negativos. E o segundo passo neste caminho é aceitar a vida e as pessoas como são. Então, podemos reconquistar a paz, a felicidade, o paraíso perdido. E qual o segredo para chegar lá? O amor é a resposta! Quando eu tive este "insight" me senti muito bem, durante alguns momentos achei que tinha realmente reconquistado o paraíso perdido há muito tempo. Senti amor e compaixão por todas as pessoas de quem me lembrei... Claro, pois as pessoas que me magoaram também estavam, talvez ainda estejam feridas... De fato, pessoas feridas acabam ferindo outras. Esta reflexão leva à compaixão... Isso é muito  precioso!

Mais um motivo para perdoar: os outros são espelhos. Nós atraímos pessoas que nos fazem ver o que existe no mais íntimo de nossas almas. Um exemplo: se eu sou implacável comigo mesma(o), como posso esperar atitudes diferentes de outra pessoa? "Ninguém é vosso amigo, ninguém é vosso inimigo, todos são vossos instrutores". (Trecho do livro "Alegria e Triunfo") Há uma linda oração budista que fala sobre a gratidão àqueles que nos magoaram, que são nossos mestres (Oito versos sobre o treinamento da mente - Langri Thangpa https://chagdud.com.br/wp-content/uploads/oito_versos_treinamento_mente.pdf) . E quanto aos amores imperfeitos? Amores imperfeitos não deixam de ser... amor. É importante, além de perdoar, ser gratos por tudo de bom que recebemos.

Também é importante lembrar que não somos vítimas, somos responsáveis por tudo o que acontece em nossas vidas. Nossas almas precisaram passar por determinadas experiências, que foram essenciais para a nossa evolução, e não há nada de errado nisso. Neste ponto é necessário relembrar a importância do autoperdão. Teresa Cristina Pascotto tratou deste tema no seu artigo "Você se sente usado e enganado?" (https://www.somostodosum.com.br/clube/c.asp?id=36734).

Uma última observação: muitas vezes nós nos magoamos e o ego está envolvido. Alguém nos ofendeu, nos humilhou... Nós nos sentimos rejeitados... É verdade que nós, pessoas comuns, ainda não nos livramos do ego. Mas se conseguirmos ter "um pouco menos de ego" e mais amor no coração já é um grande avanço, não é mesmo? Li em algum lugar que nós passamos metade de nossas vidas construido um ego saudável e a outra metade tentando nos livrar dele. Afinal o ego traz tantos problemas, não é verdade? Vários mestres espirituais recomendam a libertação do ego, mas se nós conquistarmos uma autoestima saudável já é um grande passo. E como poderíamos definir o que é uma autoestima saudável? Talvez a resposta seja: não nos considerarmos melhores nem piores do que ninguém. Afinal, somos todos irmãos, somos todos Centelhas Divinas, somos semelhantes aos olhos do Criador. E cada um de nós é único, não faz sentido nos compararmos com outras pessoas. Uma afirmação que expressa o que seria uma autoestima saudável é: "sou pequena(o), sou um ser humano falível, mas sou grande em Deus". Afinal, a autoestima saudável inclui a humildade, não é mesmo? Outra ótima afirmação para alimentar a autoestima: "A Existência me ama!"

Para lidar com a rejeição, ofensas ou humilhações também é importante lembrar que cada um de nós vê os outros através de suas "lentes mentais". E estas "lentes mentais" são falhas, limitadas... Então se alguém tem uma opinião negativa a meu respeito isso não é necessariamente verdade.  E é claro que, apesar do pensem ou falem sobre mim, eu tenho valor.

Perdoar também inclui o processo de fortalecimento interior, que nos leva à sensação de que estamos acima e além do que nos aconteceu, pois não somos mais os mesmos.

Apesar de todas estas reflexões acho que ainda não alcancei plenamente o perdão, a paz de espírito. Acho que preciso me esforçar mais, muito mais. Quem disse que o caminho do amor e do perdão não demanda trabalho?



Texto revisado

 





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Conteúdo desenvolvido por: Patricia M. Barros   
Sou jornalista e advogada. Atualmente sou funcionária pública e estudante de psicologia e psicanálise. Sempre me interessei por questões que envolvem comportamento e o desenvolvimento pessoal. Espero contribuir um pouco para o bem-estar e felicidade de algumas pessoas!
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