A Doce Missão de Cuidar

A Doce Missão de Cuidar
Autor Guilhermina Batista Cruz - [email protected]
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Quando somos crianças, ficamos dependentes de tudo e de todos. Os nossos pais cobrem com desvelo e atenção, todas as nossas necessidades. São cuidadosos conosco, sempre atentos a possíveis alterações em nosso bem-estar geral. Noites passadas em claro, idas e vindas a médicos quando adoecemos e inúmeras vezes deixam suas necessidades de lado para se dedicarem a nós, seus filhos. E assim vai da infância à adolescência e até, a idade adulta. E como é importante para o crescimento emocional da pessoa todo esse cuidado e atenção, todo esse carinho e amor! Como nos sentimos seguros e amparados com a presença vigilante de nossos benfeitores encarnados, que são os nossos pais e aqueles que nos criam como filhos escolhidos, nascidos de seus corações.

Mas chega um momento em que essa situação se inverte. Então somos nós, filhos criados com amor e atenção, que temos o dever de cuidar e de amparar nossos pais idosos, muitas vezes doentes e com dificuldades advindas da própria velhice. Eis aí a oportunidade de retribuirmos todo o carinho e amor que eles nos dedicaram em tempo integral nesse educandário da vida terrestre. Devemos saber aproveitar os momentos de convivência com eles, momentos em que podemos lhes afagar a fronte, beijar-lhes a face enrugada com carinho e tentar de alguma forma, com atenção e companheirismo, suavizar com nossa atenção e respeito seu semblante tristonho, preocupado ainda com tantos afazeres, tentando minorar o fardo que muitos ainda carregam, a par de pungentes preocupações com filhos que não lhes corresponderam aos cuidados, indo por caminhos contrários aos ensinamentos de amor por eles ensinados. Nosso maior intuito na vida deve ser sempre o de respeitar o nosso próximo, convivendo da melhor forma possível com ele. Em relação aos idosos então, esse dever se multiplica por mil, por que eles merecem, de nossa parte , muita atenção, respeito, paciência, e sobretudo, muito amor.

Em relação ao idoso, temos patenteadas duas culturas bem diversas em seus pensamentos e suas tradições, que são a cultura Oriental e a Ocidental. A Cultura milenar Oriental valoriza, preza e estima os mais velhos com toda a dedicação. Ela convive, da melhor forma possível, com a dualidade corpo-espírito, aceitando a velhice como uma etapa natural, pois considera a supremacia do Espírito em relação ao corpo, ficando este, sujeito naturalmente às doenças e ao envelhecimento dos órgãos físicos, etapa que para eles não ultrapassam a esfera corporal. Já a Cultura Ocidental, calcada basicamente na visão materialista da vida, considera as doenças, o envelhecimento e a própria morte, acontecimentos trágicos e desumanos , sendo considerados ainda, por muitos, como castigos divinos. O terror em relação a eles é ainda maior quando se trata da morte, devido ao temor que muitos ainda possuem a respeito das penas eternas, do inferno, como resultado de atos errados praticados na vida e de sua consequente punição eterna.

Em vista disso, o tratamento em relação aos idosos na cultura Ocidental, ainda predominantemente materialista, os penalizam com tratamentos desiguais e muitas vezes, desumanos, em relação aos seus direitos e as suas necessidades. Embora, atualmente, já se consiga um olhar mais humano e acolhedor em relação a eles, com leis mais justas que já os estão beneficiando, ainda são considerados, em muitas ocasiões, como verdadeiros trapos, sendo maltratados por familiares e até mesmo por desconhecidos, tido até como inúteis e descartáveis. Eu mesma já tive ocasião de observar o tratamento dado a uma pessoa idosa , em um órgão público, que me deixou indignada, pois o idoso em questão, além de ser uma pessoa humilde, padecia de um problema que dificultava o seu caminhar. Foi necessário a intervenção de todos nós que estávamos observando a cena, para que ele pudesse ser atendido com mais dignidade e respeito.

Para aqueles que já conseguem ter mais interesse pelas dores do próximo, o idoso já é visto com mais respeito e carinho. Precisamos aprender a ter paciência com eles, com suas dificuldades, próprias da idade e que os impedem de se comunicarem adequadamente. É a paciência de escutá-los contar mais de uma vez a mesma história, de conversar com eles e ouvi-los com atenção, procurando interessar-se por seus problemas. Podemos aprender muito com eles, com suas histórias de vida e de sabedoria, guardadas em suas memórias, às vezes mais preservadas do que a de muitas pessoas bem mais jovens. Felizes são os que têm essa oportunidade de ajudar e ser ajudado, de ouvir e aprender com os nossos idosos as mais preciosas lições de vida.

Levar alegria, ânimo, carinho, amor àqueles que já chegaram à idade avançada é um bálsamo para o nosso espírito, preparando também o nosso caminho no futuro. E essa caridade começa sempre dentro de nosso lar, perante àqueles que nos receberam de braços abertos quando de nossa reencarnação para novos aprendizados. Vamos aprender a respeitar e cuidar melhor de nossos idosos. Hoje são eles a precisar de ajuda, amanhã seremos nós. Como dizia o nosso querido Chico Xavier: “a única maneira de não chegarmos à velhice, é morrendo mais cedo”. Mocidade e velhice são apenas etapas passageiras de nossa vida como seres encarnados. São, segundo o que nos fala Emmanuel, no Livro Cinquenta Anos Depois, psicografia de Chico Xavier:”(...) meras expressões de uma vida física que finda com a morte. Não há moços nem velhos e sim almas jovens no raciocínio ou profundamente enriquecidas no campo das experiências humanas.” Acima de tudo, para se construir uma sociedade melhor e mais justa para todos nós, é o respeito ao próximo que deve reger à nossa conduta, seja ele idoso, criança ou jovem.

E, para nossa reflexão final, fica o poema intitulado O Idoso, de autoria desconhecida, traduzido por Charles Willian Rule, transcrito da revista O Reformador, de novembro/2005:

“Abençoados são aqueles que compreendem meus passos vacilantes, minhas mãos que tremem.
Abençoados são aqueles que sabem que hoje meus ouvidos precisam se esforçar para apreender as coisas que dizem.
Abençoados são aqueles que parecem saber que meus olhos são embaçados, e meu espírito, vagaroso.
Abençoados os que olharam para o outro lado, quando hoje derramei o café na mesa.
Abençoados aqueles que com um alegre sorriso param para conversar um pouco.
Abençoados aqueles que nunca dizem: “Você contou esta história duas vezes hoje.”
Abençoados aqueles que sabem como trazer de volta lembranças de ontem.
Abençoados os que percebem o meu desalento em forças encontrar para a cruz carregar.
Abençoados aqueles que com bondade suavizam minha jornada à última morada."


Paz e Luz a todos.





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Conteúdo desenvolvido por: Guilhermina Batista Cruz   
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