O esforço e a realização

Autor Alex Possato - [email protected]
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A prosperidade do universo – a prodigalidade e abundância do universo – constitui
uma expressão do espírito criativo da natureza. Quanto mais sintonizados estivermos
com o espírito da natureza, mais fácil será o nosso acesso à sua imensa e infinita
criatividade. Mas primeiro terá de ultrapassar a turbulência do seu diálogo interior para
estabelecer a ligação com esse espírito abundante, próspero, infinito e criativo.
Deepak Chopra

O esforço é ensinado como algo positivo. Muito positivo. Desde pequenos, somos julgados pelos nossos esforços e pelo resultado daquilo que nos propusemos a fazer. O esforço está intrinsecamente vinculado à avaliação dos resultados. Se nos esforçamos e não conseguimos os resultados, somos um fracasso. Se não nos esforçamos e não conseguimos os resultados, somos preguiçosos, indolentes.
Eu gostaria de colocar mais pimenta nesta equação: e se não nos esforçamos e… conseguimos o resultado? Talvez você me diga: isso é impossível! Sem esforço, não há resultado satisfatório. Bem… permita-me discordar, caso seja este o seu pensamento. As coisas mais importantes da minha vida surgiram como bênçãos na minha vida, em momentos em que eu não estava plenamente envolvido na tentativa de realizar algo… Minhas relações afetivas surgiram. Meu caminho profissional surgiu. Os textos que produzo, surgem. Meus cursos, surgem. Dons que até então eu não os reconhecia, aparecem.

Existe um trabalho para que essas coisas ocorram? Sim e não. Trabalho diariamente para poder ver o caminho que está mostrando. Costumo dizer que o meu trabalho é muito mais para eu parar de atrapalhar aquilo que quer se mostrar na minha vida, do que fazer algo acontecer. Faz um bom tempo aprendi razoavelmente a confiar na sabedoria milenar chinesa, o conceito do wu wei: não-ação.

Na não-ação, não há esforço

“Ação é fazer. Não-ação é não ter a intenção de fazer. É fazer sem intenção de fazer e não deixar de fazer. Isso também é chamado o Caminho da Naturalidade. O Caminho da Naturalidade não deve ser confundido com a não-ação, com a renúncia da ação. A não-ação não é desmazelo nem preguiça ou irresponsabilidade.

Devemos trabalhar com o silêncio interior. Assim, é importante a prática da meditação cotidiana: todos os dias devemos nos colocar numa posição de quietude absoluta, entrar no silêncio. Como nossa mente é muito ativa e nossas emoções muito barulhentas, existem técnicas para entrar no silêncio e anular o excesso de atividades. O propósito de entrar no silêncio é recuperar a quietude interior. Essa quietude interior é a não-ação que permite que as coisas aconteçam naturalmente, no momento adequado”.
Wu Jyh Cherng – sacerdote taoísta

Vejo muita gente querida se esforçando para várias coisas: para realizar um projeto. Para engravidar. Encontrar um parceiro afetivo. Pagar contas. Dar certo na carreira. Eliminar vícios. Até para fazer práticas corporais e evoluir espiritualmente. Eu, volta e meia me pego fazendo esforços para realizar minhas tarefas diárias. Para entrar na disciplina da meditação. Para manter o peso que considero adequado. Até – olha a incoerência! – esforço para poder relaxar e descansar!

E quando percebo o “esforço interno”, começo a observar, meditativamente: quem, dentro de mim, está tentando chegar a algum lugar? Quem quer provar algo? Para quem quero provar que sou capaz? E invariavelmente, chego à mesma conclusão: existe um ego ferido internamente, que aprendeu com a família, através de dores, castigos, prêmios e desvalidações, a se esforçar. Diziam: esforce-se para alcançar! Mas quando alcançava, o desgaste havia sido muito grande! A recompensa não era muito boa. E quando não alcançava, caía na sensação do fracasso. O resultado é uma vida toda em busca da aprovação, e o sofrimento por sentir-me desaprovado e insatisfeito.

Deepak Chopra diz: “O ego representa a nossa autoimagem; é a nossa máscara social; constitui o papel que desempenhamos. A nossa máscara social precisa de aprovação para se engrandecer. Procura dominar e mantém-se através do poder que exerce, porque vive no medo. O nosso verdadeiro Eu, que é a nossa alma, encontra-se totalmente liberto destas coisas. É imune à crítica, não teme os desafios, e não se sente inferior a ninguém. E, no entanto, também é humilde e não se sente superior a ninguém, pois reconhece que todos os outros constituem o mesmo Eu, a mesma alma, sob diferentes formas”.

Acredito que não precisamos “nos livrar do ego”, como pregam algumas linhas de autoconhecimento, para podermos agir a partir de um outro lugar. Basta olharmos para a programação interna, antes de agirmos. O nosso eu menor age em busca da aprovação. Foge da desaprovação e tem medo de ser rejeitado, de falhar. Este é um mecanismo aprendido, como disse, desde a infância. Havemos de olhar para nossas programações e desativar aquelas que nos levam, irremediavelmente, ao sofrimento. Isso é meditar. Meditação ativa. Em alguns casos, é necessário terapia, pois somente com a ajuda de um profissional, podemos olhar para as dores antigas que originaram nossos padrões de pensamento, emoções e comportamento. Assim, naturalmente, quando vamos passo a passo deixando de agir por estes mecanismos, as coisas começam a acontecer!

Quando o ego dorme, a realização começa a se mostrar

“- Há alguma coisa que um buscador tenha de pedir, ou tudo acontece por si só?
– Tudo acontece por si só, mas um buscador tem de estar alerta para não perder o trem. O trem chega, mas você tem de estar alerta. À sua volta muitas coisas estão acontecendo; em 24 horas, acordado ou dormindo, você tem de estar atento ao que está acontecendo. E, quanto mais alerta você estiver, mais vai se surpreender – estão acontecendo as mesmas coisas que estavam acontecendo antes, mas o significado mudou; a significância é diferente”.

Osho – Destino, liberdade e alma

Parágrafos acima, relatei sobre o esforço que fazemos para alcançar alguns objetivos. Por exemplo, deixei de beber. Novamente, deixei de beber. Já fiquei mais de 10 anos sem beber, voltei, parei, voltei, parei novamente. Acredito que agora cansei da brincadeira. E por quê cansei? Porque, pela primeira vez, resolvi investigar a fundo o meu mecanismo compulsivo, que me levou a beber, fumar e a ter diversas outras fugas através da compulsão. Baixei meu orgulho e procurei ajuda psicoterápica. E amorosamente conduzido, fui descobrindo quem dentro de mim necessitava se anestesiar. Qual era a parte do meu ego que continuava a sustentar uma ideia de vida miserável, de autodesaprovação, anulação das minhas conquistas, rejeição em relação aos meus pais e família… Quem, dentro de mim, estava gastando tanta energia para ficar ruminado o passado, e por isso, levando-me a perder tempo e energia para fazer as coisas que naturalmente querem fluir por mim.

Fato é: parei de beber, a compulsão tentou migrar para outros campos, observei e segurei a onda, e minhas realizações aumentaram de ritmo. Sem me esforçar para que elas acontecessem.
Tenho dito que muitos de nós estamos viciados em muitas coisas: bebida, sexo, relacionamentos, droga, cigarro, comida, compra, pornografia, jogo, distração, internet, fofoca, até cultura e saberes aleatórios… Estas compulsões são defesas do ego para anestesiar dores do passado. O vício, por mais terrível que possa se mostrar, dá um alívio na dor interna. Por pouco tempo. E novamente, precisamos do aditivo.

A maior disciplina será, portanto, observar nossos padrões de pensamento e padrões emocionais que nos levam aos comportamentos de defesa e fuga. Fazendo-nos desperdiçar nossa energia e nossa vida. Mas mesmo esta observação, mesmo a meditação em si, não precisa ser feita com esforço. O esforço é totalmente improdutivo. Eu trocaria a palavra esforço por dedicação. Dedicação amorosa. As mudanças de hábitos não estão relacionadas com a quantidade de horas despendidas para tentar mudá-los. Mudança é também natural e ela surgirá no momento adequado. Subitamente, sem aos menos darmos conta, somos tomados pelo milagre da realização: o dinheiro chegou! O relacionamento engrenou! Engravidei! Estou em paz! Emagreci! Lido bem com minha doença! Qualquer que seja o sonho que você alimenta – um parceiro, dinheiro, melhor saúde, uma casa, conexão espiritual, paz mental – qualquer que seja o sonho, ele se mostrará no tempo adequado, e na forma necessária. Você não tem poder sobre isso. O seu trabalho é se perguntar: onde e como eu estou impedindo o Universo de manifestar Amor em minha vida? Medite sobre isso. As respostas virão. E quando menos você esperar, os impedimentos se dissolverão… E aquilo que você é, em essência, começará naturalmente a se manifestar.

Texto Revisado


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Conteúdo desenvolvido por: Alex Possato   
Terapeuta sistêmico e trainer de cursos de formação em constelação familiar sistêmica
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