Resiliência (Palestra da psicóloga Ancila Dei Rodrigues)

Resiliência (Palestra da psicóloga Ancila Dei Rodrigues)
Autor Patricia M. Barros - [email protected]
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Ancila Dei Rodrigues começou a palestra levantando a questão: “O que é resiliência? O que é resiliência para nós, mulheres com Síndrome de Turner?” Uma das mulheres que estavam assistindo à palestra comentou: “Em muitos casos nós não aceitamos a nossa condição (a ST), mas acabamos enxergando que aquele é um caminho que temos que percorrer e acabamos nos adaptando, nos adequando.” De fato, a aceitação faz parte da resiliência. Mas a aceitação também não pode ser confundida com resignação.

A psicóloga repetiu as palavras, pensativa: “Acabamos nos adaptando, nos adequando…” E ela complementou seu raciocínio com as seguintes palavras: “Tem que ficar claro para nós o que queremos ou não queremos, para que possamos impor limites ou investir no que realmente queremos. Muitas vezes a gente vai levando e não estamos no caminho que queremos. Vozes de pessoas da família, por exemplo, podem nos levar a trilhar determinado caminho.” Pelo que entendi, Ancila quis dizer que adaptar-se, adequar-se nem sempre é o caminho que as nossas almas pedem. A vida me ensinou a questionar os padrões de beleza adotados pela sociedade, por exemplo. De fato, como aceitar estes valores de uma cultura que está doente? E muitas pessoas infelizmente acabam ficando doentes também... A anorexia, a bulimia e a depressão são apenas alguns exemplos de doenças causadas em grande parte pela nossa sociedade, que tem sérios problemas.

Segundo a física, resiliência é quando um objeto é submetido a pressão e volta à homeostase, talvez com modificações. Para a psicologia, é a capacidade de lidar com as contradições que se apresentam durante a vida, com as adversidades. É evidente que temos muitas frustações, adversidades internas e externas.

O que propicia ter uma atitude mais resiliente? Por exemplo, existem histórias de pessoas que tiveram uma atitude de resiliência em campos de concentração e sobreviveram. O que propiciou isto? É o que se chama de “sentido de vida”. O que me alimenta para que eu consiga sobreviver? Em última análise, ajudar os outros. Se o amor pela arte ou pela ciência me leva a sobreviver, é porque com o meu trabalho ofereço algo para os outros. Se o meu amor por alguém ou por algumas pessoas dá sentido para a minha vida, é porque desejo a felicidade destas pessoas e vou fazer o possível para vê-las felizes.

Outro exemplo de resiliência é a atitude do personagem principal do filme “Quem quer ser um milionário?”. O amor por uma menina fez com que ele tivesse forças para seguir em frente. O seu irmão seguiu pelo caminho da criminalidade e a sua história não teve um final feliz, ao passo que Jamal (o personagem principal do filme) trilhou um caminho diferente. O foco no bem, bons princípios, a vivência, aprender com as experiências – tudo isso nos dá forças, nos ajuda a seguir adiante.

Há uma cena neste filme na qual o menino consegue o autógrafo de uma pessoa famosa na Índia depois de cair em uma fossa. Ele passou por isso, mas conseguiu o que queria. E mais tarde o garoto poderia ter a consciência de que se um dia ele se esforçou e conseguiu alcançar o seu objetivo, então poderia lutar para conquistar outras coisas na vida. A perseverança, a coragem, a esperança, a fé na Vida - tudo isso faz parte de ser resiliente.

É claro que nós, meninas e mulheres com ST e suas mães, passamos por pressões. E podemos chegar à conclusão de que se passamos por certas experiências, enfrentamos dificuldades e as superamos, então podemos enxergar tudo de uma nova maneira e podemos lidar com qualquer coisa.

Enxergar as circunstâncias de diferentes perspectivas faz parte de ser resiliente. É verde ou vermelho? É 6 ou 9? Depende do ponto de vista. De acordo com a dialética, analisando a tese e a antítese chega-se à síntese. Então é necessário repensar e, se for o caso, mudar de opinião. É necessário questionar a nossa sociedade, que está doente. Os sinais de que a nossa cultura tem sérios problemas estão por toda a parte. O questionamento pode nos levar a ter uma melhor autoestima e mais auto-confiança, o que também é essencial para ser resiliente.

Por exemplo, se um médico me diz que tenho uma limitação, é importante que eu tenha consciência do meu corpo e questione. Se alguém me ofende também é necessário questinar. Aquela pessoa não está me enxergando de verdade, não trilhou o meu caminho, nunca usou os meus sapatos, nunca esteve na minha pele. Aquela pessoa está olhando para mim através das suas "lentes mentais" - o seu ponto de vista, as suas crenças, os seus preconceitos, etc. É preciso questionar, procurar novos pontos de vista para assim sair deste lugar “esticado” e voltar à homeostase.



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Conteúdo desenvolvido por: Patricia M. Barros   
Sou jornalista e advogada. Atualmente sou funcionária pública e estudante de psicologia e psicanálise. Sempre me interessei por questões que envolvem comportamento e o desenvolvimento pessoal. Espero contribuir um pouco para o bem-estar e felicidade de algumas pessoas!
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