Sofrimento e suas vantagens

Sofrimento e suas vantagens
Autor Elaine Leal Carvalho - [email protected]
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Quem não gostaria de solução mágica, de questões aparentemente insolúveis, apresentadas pela vida?

Se a sua resposta for que todos nós gostaríamos, a resposta está errada.

Há no sofrimento, real ou imaginário, vantagens.

Não estou afirmando que todas as pessoas gostam de sofrer, não é isso.

Existem sofrimentos que quando terminados, trazem a quem sofre mais do que alívio. Trazem uma transformação quase que total no modo como encaram os fatos da vida.

No observatório das coisas da vida, tenho visto que para grande parte das pessoas que sofrem, seja pelo motivo que for, elas se recusam a encontrar soluções e que por mais possibilidades que possam surgir, ainda assim, preferem continuar sofrendo e não tomam uma atitude que finalize o sofrimento.

Há vantagens em continuar sofrendo.

Estas vantagens estão ligadas à vaidade, orgulho e posição no contexto dos relacionamentos.

De modo geral, quem sofre nestas condições sente-se superior às outras pessoas envolvidas na questão.

Vou exemplificar com um caso, que presenciei e acompanhei, há anos atrás dentro de um processo terapêutico em grupo, do qual eu era membro.

Tratava-se de um casal onde a mulher recebia um salário bem superior ao marido e a mesma se queixava de que estava exausta de assumir os compromissos financeiros da casa, praticamente sozinha. Isso era um sofrimento para ela.

Reclamava que o marido não contribuía com o pagamento das contas e que ainda praticava gestos de amor com  outros, usando o dinheiro dela.

A terapeuta que conduzia o trabalho deste grupo fez inúmeras sugestões ao casal, de modo a encontrarem, juntos, possíveis soluções.

Nada do que foi sugerido era considerado pela mulher.

Então, em uma última tentativa de auxiliar a questão, a terapeuta disse a ela que não pagasse mais a contas de luz e água. Que deixasse isso para o marido resolver. A mulher argumentava  que provavelmente eles ficariam no escuro e sem água.

A terapeuta insistiu que ela fizesse isso e que mesmo sem luz ou água era possível viver, citando inúmeras pessoas que vivem nestas condições.

Pediu a ela que deixasse estas contas para o marido pagar, mesmo recebendo um salário inferior ao dela.

Foi uma longa discussão. A mulher permanecia no sofrimento até que num dado momento a terapeuta fez uma pergunta a ela.

Ela perguntou: qual era a vantagem que ela tinha permanecendo no sofrimento de ser a provedora maior dos recursos financeiros do casal?

Aos prantos, ela respondeu: é a única maneira que tenho de permanecer no controle das coisas.

Ou seja, ser a vítima eterna da situação e dar continuidade à dependência financeira do marido, de modo a evitar uma possível separação.

Então, embora estivesse sofrendo, tinha como vantagem o controle do relacionamento.

Muitas e muitas vezes, permanecer no sofrimento tem suas vantagens, geralmente conectadas à vaidade e ao orgulho.

Para muitos, parar de sofrer remete à perda de atenção, domínio, controle, solidão e até mesmo, continuar vivendo.

Obviamente que não estou me referindo aqui aos sofrimentos reais como tragédias, acidentes, acontecimentos traumáticos, entre outros.

A referência é o sofrimento por escolha, quando são apresentadas possíveis soluções e o individuo prefere continuar sofrendo.

Tem muitas coisas atrás da insistente permanência no sofrimento.

Crenças, história familiar, costumes, cultura, senso comum, e muito mais.

Iniciar um trabalho de #autoconhecimento faz com que se perceba este movimento.

Não existe solução mágica. Existe um trabalho a ser feito consigo mesmo de onde emergirá mais consciência dentro da escala dos sofrimentos reais e imaginários.

É necessário coragem e disposição.

Elaine Carvalho – Terapeuta
CRTH - 2485
Texto Revisado


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Conteúdo desenvolvido por: Elaine Leal Carvalho   
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