Há um grande vazio dentro de mim

Há um grande vazio dentro de mim
Autor Paulo Salvio Antolini - [email protected]
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Em 2008, escrevi “O vazio!”, artigo em que retratei muito do estado de pessoas entregues ao vício, à fuga de si mesmas.

Neste artigo, quero abordar o vazio que se revela quando uma pessoa passou grande parte de sua vida dedicada aos outros e, agora, encontra-se frente a frente consigo mesmas. Os outros já não existem a ocupá-la.

Com quarenta e cinco anos, separada há um ano, com dois filhos, um de vinte e o outro com quase dezessete anos, teve neste ano situações muito difíceis. Mudança de emprego, problemas com o filho mais velho, decidiu por morar com a mãe para alugar seu apartamento e ter maior renda. Eis que teve forte dor e ao ser internada, foi operada de apendicite. Ao voltar do hospital, teve forte discussão com sua mãe, que pediu para ela ir embora com seus filhos.

De volta a seu apartamento, mais problemas com seu ex.

Durante todo esse tempo, manteve-se em processo terapêutico, o que, segundo ela, foi o que a manteve lúcida. Aprendeu a focar em seu trabalho e vê que precisa olhar para si mesma.

“Tive uma semana monótona!”, disse ela, ao iniciar a sessão. Descobriu então que essa monotonia era a tranquilidade que estava vivendo, coisa que não vivia há muitos anos.

Seu ex se afastou. Seus filhos com vidas próprias também estão distantes. Agora é ela com ela mesma.

Esta real narrativa retrata a situação de milhares de pessoas que, após iniciarem um relacionamento, esqueceram-se de si mesmas em nome da harmonia e boa convivência da família. Abriram mão e fizeram concessões de valores e projetos pessoais, tudo acreditando que estavam fazendo o melhor. Agora descobrem que estão despersonalizadas, são ignoradas até por aqueles a quem se dedicaram tanto e não sabem mais como viver apenas consigo mesmas.

“Há um grande vazio dentro de mim que não sei como preenchê-lo!”.

De fato, é um grande desafio, depois de tanto tempo se colocando em segundo ou até terceiro plano, voltar a se assumir como pessoas que possuem vontades, desejos e principalmente: direitos em se colocarem na linha de frente de suas vidas.

Não mais viverem pelos outros. Reacenderem seus sonhos, reverem seus antigos projetos e retomarem aqueles que ainda lhes são importantes, ou até iniciarem novos.

Foi sugerido a ela que voltasse a seu passado, antes do namoro e se recordasse de como era, o que queria. A fazê-lo, descobriu que ainda tem desejos que estavam sufocados e que são plenamente viáveis.

Quando fazemos esse tipo de exercício, vivemos várias emoções ao mesmo tempo. Podemos rir do que queríamos ou chorar pelo que abandonamos. Mas o principal, fazemos uma reavaliação do que ainda faz sentido e do que deveremos descartar.

Este vazio interior é como a casa que vocês adquiriram com móveis incluso, mas que não tem nada a ver com vocês. O espaço foi desocupado para poder ser preenchido com o que realmente faz sentido.

Em um primeiro momento fica a angústia de não saber como preenchê-lo, mas se der tempo para se situar novamente, ficar centrada em si mesma e deixar surgir aquilo que há tanto tempo ficou sufocado.

Com certeza, primeiro: é doído sim; segundo: vai despertar dentro de si o que é realmente seu.
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