Crianças no isolamento da Pandemia

Crianças no isolamento da Pandemia
Autor Ingrid Monica Friedrich - [email protected]
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Dentro do isolamento devido a Pandemia, as crianças têm sofrido uma perda significativa de atividades sociais e motoras.
Passam mais tempo, sentadas atrás de uma tela, para realizar seu aprendizado, interagir com professores e colegas de forma virtual.

O corpo sofre com o sedentarismo, a perda de foco, pois a luminosidade da tela cansa os olhos e a mente, sem pausas para alongamentos, como costuma ser indicado a adultos, uma pausa de alguns minutos a cada hora de acesso virtual.

Mas o mais danoso está na pausa do desenvolvimento da capacidade de interrelações sociais, de socialização, de tolerância as diferenças, de se expressar, o contato como se sentem quando contrariados, a ceder espaço ao outro, a ser generoso, e muitas virtudes necessários ao convívio quando adulto.

Crianças em casa, submetidas o tempo todo só aos pais, que cada vez mais estão intolerantes, mais temperamentais, muitos tendo que trabalhar em homework, e para tal afastando as crianças, mandando-as a fazer silêncio, ficarem quietas, pois mesmo em casa, à vista, não tem os pais disponíveis para ela, e quando menor, não entende o porquê é rejeitada, afastada e não pode se expressar, não é ouvida e/ou atendida no que para ela, é prioridade, receber e demonstrar amor entre familiares.

Muitos pais foram criados em uma época, onde havia a crenças que bastava para o pai levar o sustento para casa e par a mãe fornecer cuidados, e para proteger as crianças, tentando preservar sua infância, inocência, havia o habito de proibi-la de participar, ou mesmo estar no mesmo recinto dos pais, quando conversavam coisas do dia a dia, sobre seus problemas, não permitindo que elas se sentissem participantes do meio familiar, e que sua opinião não era ouvida, era sem valor, nunca sendo consultada e só comunicada de eventos que tinham grande impacto sobre sua vida.

Atualmente, os pais não dão mais a ordem de que crianças não pode falar quando existe a conversa entre “adultos”, sem perceber que estava praticando um ato muito agressor ao mandar ela se calar, impedir sua expressão, destruindo sua autoestima, e a condicionando a ser invisível, a não incomodar, que vai carregar vida a fora. A estratégia mudou com o advento da televisão, e do tablet, a condicionando a se manter distraída na frente da tela, onde está próximo a família, mas não há nenhuma relação, até mesmo a mesa fazendo uma refeição juntos, cada qual está “longe” em uma bolha de realidade diferente, olhando as relações virtuais e desprezando as presenciais.

Todos vão se alienando, no que tange a troca de afetividade, as crianças cada mais vivendo um pseudo autismo, pois não são estimuladas a contar sobre seu dia, a como se sentiram, pois se não saíram de casa, não trazem novidades, deixam de ser interessantes aos pais e vão se fechando cada vez mais, ensimesmados, sem contato com a realidade, sem ser expostos as dificuldades dos pais, que se mantém no pedestal de heróis, inatingíveis, e na ilusão de que o mundo e a vida são ou um paraíso, ou insuportável, não exercitam a ter limites flexíveis, sabendo quando e como se expressar e quando silenciar.

Estamos criando uma geração de falsos introvertidos, onde as emoções são medicadas, crianças ansiosas, com medo do convívio social, porque é algo que lhes é desconhecido, impedindo que elas descubram como é seu temperamento natural, e sendo adestradas a reclusão. Ser for hiperativa, diagnostico de TDH e “anestesiada” em seus impulsos coma Ritalina e similares, tomando ansiolíticos, e não podendo desabafar, contar com alguém que tenha a sabedoria de estar disponível para ouvir, dar colo, estimular a auto confiança, a entender que muitas vezes o não é situacional e não uma punição a pessoa da crianças, que não mereceu o sim, que não se sente o suficiente para ter a atenção dos pais, e seu amor ser demonstrado.

A falta de convívio, impede o desenvolvimento da afetividade, de dar e receber carinho, mas também de lidar com seu modo próprio de ser afetado e afetar as pessoas e o ambiente onde está inserido, de saber ser flexível, adaptável, ao invés disto, se torna rígido, voluntarioso e manipulador.

Crianças extrovertidas não tem espaço a desenvolver todas suas habilidades de expressão, ainda mais se expostas a pais e professores introvertido que consideram o silêncio e o foco como grandes qualidades, e a necessidade de falar, comentar, participar como problema a ser contido.

 Os professores extrovertidos, que gostam da troca, se sentem frustrados com alunos introvertidos, que não interagem nem quando lhes é feita uma pergunta.

Tanto o extrovertido tímido, que não sabe como e tem medo de se expressar, como o introvertido estão fadados a grandes sofrimentos na vida adulta, porque foram obrigados a ser calar, a não se expressar, a não interagir, se manter invisível, “na sua”, para não incomodar as demais pessoas do convívio, pois para vencer o “cale-se” precisarão um esforço imenso, em um mundo competitivo, onde é necessário de demonstrar habilidades, o “se vender”.

Como alguém pode se vender, no bom sentido, se nem saber seu valor?

Como vai obter um emprego, se não passa pelas dinâmicas de grupo, tem medo da competição, porque não aprendeu a arte do bom combate, quando avançar e quando esperar, como em um duelo de esgrimistas?

Aos pais que estão em homework junto aos filhos menores, precisam desenvolver a arte de conciliar as duas, ou mais ocupações, par não isolar os filhos, estar sempre conversando sobre os horários de convívio, que as vezes ouvirão falas mais rudes dos pais, quando em reuniões virtuais, mas que isto é normal, e não é com eles, não são eles que estão deixando os pais nervosos e sem paciência. Que os filhos terão seu espaço de trocas, que eles fazem sim parte da família, e suas opiniões serão ouvidas, e se não atendidas, receberão a explicação do porquê, se preparando para a vida.

Podemos observar que as famílias com menores recursos, pela própria impossibilidade de colocar os filhos em uma bolha, protegendo sua inocência, desenvolvem uma parceria, uma amizade, o confiar um no outro, que nas famílias com mais recursos, que alienam as crianças em nome do amor, mas elas não se sentem amadas, ou mais ainda das famílias ricas, onde é terceirizado o cuidar das crianças para babas, cuidadores, e overdose de atividades, porque ela precisa aprender sobre muita coisa, não podendo ser ela, é hiper adestrada. É necessário tomar consciência que isolar uma criança não é ato de amor, mas a atitude de a afastar das conversas de adulto, é ato de agressão, elas precisam do convívio, para se tornarem socialmente competentes.

E muitos adultos trazem traumas da infância, de rejeição, abandono, sensação de não pertencimento, inabilidades sociais ou se tornam manipuladoras, que desenvolveram raiva dos pais, por mais que tenham recebidos cuidados, porque foram superprotegidos,  em nome do preservar sua inocência ao máximo possível, se sentiram desamparados, sem espaço para ser o que são, mas condicionados protagonizar papeis ...

Compreender que era um processo cultural da época, que aos poucos tentamos modificar, tomando  consciência de dedicar tempo e atenção  as pessoas que amamos, para não repetirmos a lição que foi tão amarga, de não poder se expressar ou participar da família, ou ir ao polo oposto, se tornar expansivo, invasivo, tão autocentrados, que não permitem que os outros também tenham espaço para expressão, porque como foram calados por muito tempo, são como panelas de pressão, que precisam aliviar a pressão falando demais e não percebendo  o ouvinte, fazendo trocas.

Precisamos aos poucos perceber que proibir alguém de falar, de se expressar, de ser como é seu temperamento é um ato de violência e não de amor e/ou proteção.

Vamos deixar as crianças serem crianças, mas também serem membros participantes da família, retirando as do isolamento, de frente da telinha, e dedicar um bom tempo para compartilhar momentos, atividades físicas...

E o que pode nos trazer mais prazer que participar e compartilhar da vida daqueles que gostamos, tornando as relações significativas e as priorizando, ao invés de se distrair com aquilo que é tão passageiro que não agrega valor ao nosso existir.

Nada é mais triste, que o arrependimento de não ter convivido mais e realizado menos, porque dinheiro e status não levamos conosco na partida, mas amizades valiosas, perduram em nosso coração para sempre...



 


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Conteúdo desenvolvido por: Ingrid Monica Friedrich   
Ingrid M. Friedrich (CRT 44680) Atua com Psicoterapeuta Alquimista e Junguiana- Conselheira Metafisica, Mediúnica e Profissional-Terapeuta Breve-Lado Sombra, Reprogramação Autoimagem, PNL, e técnicas em sincronícidade, como facilitadora no processo do autoconhecimento, em busca de melhor qualidade de vida.
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