Cumpriu 30 anos de prisão. Morreu recentemente.
Luiz dizia: "aprendi a ler e a escrever na cadeia".
"E descobri um mundo que não tinha nem ideia que existia, lá no Casarão".
"Aprendi a amar quando, mesmo preso, fui amado. A partir daí, comecei a me dar conta da riqueza que existe em cada pessoa".
45 anos depois, foi visitar a Fundação Casa, desta vez para organizar Oficinas de Leitura e Escrita com os meninos ali presos.
"Eu já estivera em uma encruzilhada como aquela em que eles se encontram. E minhas escolhas foram desastrosas".
Nas palestras, Luiz Alberto, instrutor, dizia: "Fui contando a eles as consequências. Queria desromantizar, desmistificar, expor ao ridículo todo o glamour que eles pudessem ter pelo crime e a prisão. Tentava desconstruir a cultura do crime clandestino que eles vivem como vítimas, abandonadas que são".
Numa das palestras que o Luiz realizou para os "menores", ao falar das mães, foi mágico: os "bandidos" choravam. A maioria tinha a pele escura e morou em favelas.
Em uma sala com 20 meninos, apenas dois tinham uma vida regular com casa, pais e irmãos vivendo juntos sob o mesmo teto".
Concluiu ele, "Eu preciso fazer alguma coisa, e já está mais que provado que a violência tem sua raiz na má distribuição de renda e na desigualdade social.
Os países que melhor distribuem riqueza têm menos desigualdade social e, consequentemente, menores índices de violência".
Então, "reduzir as desigualdades e proteger as crianças e os adolescentes dos pais é um bom caminho".
Wilson Francisco
Texto de Luiz Alberto
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