O tal filme da Barbie

O tal filme da Barbie
Autor Andrea Pavlo - [email protected]
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Nem sei qual é o nome que eu deveria dar a esse artigo. Fiquei escrevendo e apagando, por isso esse nome óbvio e tosco. E o assunto é o óbvio também: o tal filme da Barbie.

Cresci brincando de Barbie. E assim como sugerem as primeiras cenas do filme, eu troquei fácil as bebezinhas por uma Barbie. Ganhei da minha Tia Ju, deveria ter uns 10 anos. Ela era loira, de cabelos cacheados e vestia uma calça jeans e uma blusa xadrez (que me irritavam porque não eram separadas e eu não podia fazer outros conjuntos). Foi a única Barbie que eu tive. Já adulta eu comprei a Barbie noiva – que era um sonho de infância – que acabou com a cara pintada pela minha sobrinha de 4 anos. Normal. Mas eu tive acessórios. Numa época boa financeiramente da família eu ganhei a banheira e a piscina (até hoje os dois lugares que mais amo no mundo). Minha irmã ganhou o shopping, um complexo de lojas enorme com zilhões de acessórios. Era o sonho! Nos sentávamos no fundo da casa da minha avó (porque a piscina e a banheira faziam muita bagunça então minha mãe só deixaria lá) e brincávamos por horas.  Horas e mais horas escolhendo looks, dando banhos demorados nas bonecas e arrumando os cabelos delas... foram, sem sombra de dúvida, os momentos mais felizes de uma menina que vivia em um ambiente tóxico e abusivo. Era o momento em que nos transportávamos para uma Barbilandia, cheia de glamour e possibilidades. Era como uma religião ou um copo de gim dos adultos.

Então, fui para o filme pensando nisso.... fugir um pouco da realidade, dos problemas. Sonhar com um mundo de sapatinhos de salto que não machucam e pernas que mal dobram. Mas, para uma felicidade dolorida, não foi nada assim.

O filme é um tapa no meio da sua fuça, com força... ou um soco mesmo, bem dado, de um lutador de MMA em plena forma. Sim, fui enfática e isso é de propósito. Você não sai do filme louca para comprar – de novo – a Barbie noiva. Você sai pensando no seu relacionamento. Você sai pensando no seu trabalho. Você sai pensando nas suas relações familiares. Você sai triste, puta da vida e cheia de esperanças.

Tonta, completamente tonta. O filme é seco e cheio de camadas. Achei que A Baleia era o filme do ano (ainda acho absolutamente fantástico) mas não. É o filme da Barbie. É um filme para mudar gerações. É despertar a raiva dos homens por terem sido pegos no pulo. É um filme para pensar sobre nossos corpos, nossas verdades e o que ainda é ser mulher na sociedade atual.Tudo isso cheio de cor de rosa e patins rosa choque. É um filme sobre o feminino, sobre o que é ser humana e ser mulher. E você só consegue entender de fato o filme quando consegue enxergar da nossa ótica.

É tirar as lentes cor de rosa. É entender que não, ainda não podemos ser ou ter tudo. Que nós, sim eu e você, ainda estamos literalmente programadas para obedecer. Programadas para adorar os homens e colocá-los em pedestais.

Recebo diariamente mulheres em relacionamentos horríveis que vivem repetindo “que ele é assim mesmo”. Mulheres que perdem seu respeito próprio, seu senso de autoestima e o filme meio que explica “então linda, você perde por conta disso aqui oh”. Esse é o tapa. E não, eu não sou feminista. Eu não acredito em tirar o poder dos homens e dar às mulheres. Eu acredito nas duas energias, unidas, se complementando. Mas o filme mostra que temos um chão tão grande pela frente para esse equilíbrio que saímos de lá precisando mesmo de uma religião e um copo de gim. Precisando repensar nossos papéis sociais e saber que tudo o que realmente necessitamos é olhar para dentro e organizar o caos que a sociedade, o patriarcado, o machismo e o próprio feminismo causaram. Se não foi, vá assistir. Mas esqueça o plástico e a famigerada futilidade. Vá com olhos de mulher, imbuída do seu mais profundo feminino. E surpreenda-se.

Texto Revisado


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Conteúdo desenvolvido por: Andrea Pavlo   
Psicoterapeuta, taróloga e numeróloga, comecei minhas explorações sobre espiritualidade e autoconhecimento aos 11 anos. Estudei psicologia, publicidade, artes, coaching e várias outras áreas que passam pelo desenvolvimento humano, usando várias técnicas para ajudar as mulheres a se amarem e alcançarem uma vida de deusa.
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