As intenções secretas na atitude da Mulher

As intenções secretas na atitude da Mulher
Autor Margareth Maria Demarchi - [email protected]
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*Texto retirado do Livro ZOZ - Mulheres Libertem sua Alma




Tudo o que fazemos sempre tem um propósito, um propósito que é traduzido em uma intenção que nem sempre é revelada, ora por que temos consciência dela e não a externamos, ora porque não temos consciência das consequências dessa intenção, mas temos um sentimento, o que particularmente, por diversas e variadas razões é o que mais acontece em nossas vidas.

As intenções por trás das atitudes sempre são difíceis, senão impossíveis de serem verbalizadas. Ou seja, quando não dizemos o que realmente queremos, o outro tem pouco conhecimento para se relacionar de forma harmoniosa conosco e lidar com a situação. Muitas vezes agimos de uma maneira diferente para que as pessoas não percebam claramente os objetivos que queremos atingir.

Para não transformar isso em um código secreto do comportamento de cada um, tenha em mente que na maioria das vezes, não nos dirigimos às pessoas de uma forma clara, e é normal que quando isso acontece parece que sempre gera um ar de dúvida e instabilidade que pode resultar em alguma forma de agressividade.

Note o que muda na expressão e comportamento de uma pessoa quando em uma conversa particular, expomos objetivamente as nossas opiniões e nossas verdades em relação a ela, ou a nossa expressão quando ouvimos as opiniões verdadeiras do outro, isso soa quase sempre perturbador, nos desnuda e provoca uma reação em nós.  

Para começar a entender as reais necessidades “escondidas” atrás das atitudes, vamos utilizar como cenário uma situação que nos é muito conhecida:

- A atitude da mãe que diz:

- "Deixa que eu faça, não se preocupe"

Esta frase está embutindo a intenção secreta de “ser valorizada”.

Ou,

- “O que seria de você sem mim?”.

            Aqui, a intenção oculta é lembrar que à ela (a mãe) é devida a nossa própria existência.

Como vimos em capítulos anteriores esse sentimento de não ser valorizada vem de séculos e séculos, como herança das sociedades organizadas sistematicamente para subjugar a mulher e considerá-la inferior ao homem (pagamento de dotes, maus tratos, consentimento da violência, segregação de direitos, discriminação), a ponto de deixar de enxergá-la como “ser” para enxergá-la como “coisa”.

Com o tempo a situação mudou sob alguns aspectos, (vamos nos ater ao tipo de sociedade como a nossa, que conhecemos bem), mas a mensagem ainda continua interna à mulher, que quer muito ser aprovada e valorizada, ainda que de forma inconsciente.

 As pessoas acabam nos vinculando àquilo que nós podemos oferecer, porque foi assim que sempre se procedeu no relacionamento. Até os convívios mais íntimos ficaram prejudicados e relegados a um lugar sem destaque num plano cuja prioridade era a execução impecável de obrigações e controle, e com isso, sem perceber o que estava acontecendo, nos devotamos totalmente ao dever por ter aprendido que ele sim nos confere valor e apreço.

E o que é este dever? É uma expressão de tudo o que exige devoção e amor incondicional. É cuidar dos filhos, bem tratar o marido, demonstrar compreensão inesgotável, executar tarefas profissionais com desempenho acima da expectativa (quando comparada ao homem).

Qual o efeito disso?

Os anos passam, este dever termina e o que sobra para a maioria de nós é um vazio que antes era ocupado por muitas atividades.

Mulher, tenha atenção aos seus sentimentos e procure entender os verdadeiros motivos por trás do trabalho incansável, observe em sua vida o que está causando essa necessidade de estar constantemente ocupada e o que aconteceria se tivesse usado parte do seu tempo para considerar coisas exclusivamente sua.[1]

Quantas vezes discretamente nós nos pegamos criticando alguma colega que deseja tudo perfeito, ordenado e controlado (que tudo esteja sempre limpo, cada coisa em seu lugar) ou lidam muito mal com o próprio erro (como quem diz: - Sou muito ingênua; ou, - Não consigo fazer as coisas; ou, - Acho que não nasci para isso; ou, - Nunca tenho tempo para isto ou aquilo, etc. ...). Tudo isto é muito sofrido.

Pergunte-se:

- Qual a razão que você tem para manter essa ordem de eventos?

- Como seria viver sem o controle e sem essa ordem excessiva?

- O que aconteceria com você se não tivesse estes tipos de necessidades?

O seu íntimo guarda a memória histórica e cultural de uma vida de controles e deveres. No fundo você está aprisionada a esta escolha de vida porque tem medo de que todos os seus anseios, que são resultantes de anos de dedicação para receber o valor tão desejado, tenham por recompensa um prêmio que expresse só o agradecimento, porém sem o reconhecimento.

A diferença entre um e outro é particular de cada uma de nós. Os agradecimentos, geralmente são passageiros e se comemoram com símbolos. Os reconhecimentos fazem explodir com emoção aquilo que está guardado na alma: sonhos, romances, amor e paz e outros que se aquietaram e quem sabe, às vezes se perderam retidos num canto da memória e na desilusão do dia-a-dia.

É tão comum observar uma mulher que têm uma intenção secreta de superar a outra mulher. Embora seja muito difícil de concordar, isto acontece por estar tão distante de si mesma e ver na outra a sua imagem oposta refletida, que age como se conhecesse todas as intenções das outras mulheres assim como consegue perceber as suas intenções.

Há também uma projeção da chamada sombra na outra mulher. Basta prestar atenção em certas frases de diálogos, frases que soam como respostas prontas (- Ah! Eu sei disso, mas ...), frases que mudam o sentido da conversa (- Não, espera ai, deixa eu explicar uma coisa ...), frases que depreciam alguém que não está presente (Humm! Aquela megera ...). Em 1945, Carl G. Jung deu uma definição mais direta e clara da sombra como:

 “A coisa que uma pessoa não tem desejo de ser”. Nesta simples afirmação estão incluídas as mais variadas e repetidas referências à sombra como o lado negativo da personalidade, a soma de todas as qualidades desagradáveis que o indivíduo quer esconder, o lado inferior, sem valor e primitivo da natureza da pessoa que somos, a ‘outra pessoa’ em um indivíduo, seu próprio lado obscuro”

 Jung era perfeitamente consciente da realidade do mal na vida humana. Essa definição esclarece que todos possuem sentimentos negativos que foram armazenados sem nenhum entendimento e clareza sobre os seus motivos e passam a criar um estado de dualidade interna, essa dualidade (duplicidade em oposição) tem que ser extinta e para isso tem que constantemente manter o “o bem e o bom”, mesmo sabendo que às vezes está com um sentimento “ruim”.

A dualidade separa seres humanos e nos deixa inseguros quanto ao mau que o outro possa nos fazer, porque no fundo da alma sabemos que também controlamos o mau que temos e não revelamos.[2] Por conta dessa dicotomia a mulher, embora tão explorada em sua história e até mesmo nos dias de hoje, tenta manter-se secretamente superior através de um comportamento comedido, imposto por uma sociedade que tem pouco apreço pela verdade.

Decorre disto que há uma multidão de mulheres presas a costumes e regras injustas cuja função é bloquear a condição natural de agir e viver pelo descobrimento das verdadeiras razões por trás das intenções, sem receio de torná-las evidentes. Algumas de nós neste momento podem avaliar que o que seria da realidade se todas começássemos a expor os maus pensamentos e revelar intenções. O resultado é simples, com o passar do tempo a verdade seria mais apreciada do que a omissão ou mentira.

Estamos falando de opostos em conflito. A mulher que vive em desarmonia interna, torna a família tensa e angustiada assim como o relacionamento, ou seja, exatamente como ela está internamente. Tenha muito clara a importância do seu papel na família para ser a primeira a procurar internamente o que necessita para ser feliz. Ninguém além de você pode ter ideia de como torná-la feliz.


[1] Pramana palavra originaria sânscrito, significa a forma com que a mente adquiri conhecimento. A medida que a mente recebe as informações através dos sentidos ela desenvolve a percepção. A inferência é quando se faz a indução e a dedução e desta forma a imagem cria entrelaçamentos. Os entrelaçamentos que fazemos é que cria dificuldade para se perceber a verdadeira realidade das pessoas e situações. Esses conhecimentos são encontrados Gupta Vidya.






* Direitos autorais Margareth Maria Demarchi


*Todos comentários serão bem vindos. Obrigada*







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