ZOZ - Compreendendo o Arquivo Ativo do passado - parte 2

ZOZ - Compreendendo o Arquivo Ativo do passado - parte 2
Autor Margareth Maria Demarchi - [email protected]
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*Texto retirado do Livro ZOZ - Mulheres Libertem sua Alma

* Direitos autorais Margareth Maria Demarchi




Vou ilustrar com um caso, uma das formas de trabalhar com o arquivo ativo do passado de infelicidade que queremos esquecer e modificar seu efeito e valor sobre nossas emoções. Diferente de transformar o negativo em positivo[1], a ilustração demonstra a assimilação da informação indesejada e sua compreensão e aceitação, o que eliminou o seu peso excessivo sobre as emoções.

Certa vez, Haida procurou orientação, pois, com sentia uma sensação de medo de perder o controle de sua mente e isso acontecia porque tinha pensamentos recorrentes e desagradáveis, como por exemplo, querer se matar. Durante anos ela lutava contra esses tipos de pensamentos e não entendia qual a sua origem.

Já no início de um trabalho terapêutico era evidente o quanto ela tinha anulado a sua vontade própria e como se deixou ser dominada por todos a ponto de perder a sua liberdade. Haida sempre buscava aprovação externa para quase tudo o que realizava e cada vez mais se distanciava de si mesma e de sua própria aprovação.

Com o passar do tempo foi entendendo que tinha represado muita frustração e que se alimentava dos elogios que recebia e para manter isso assumia um comportamento de conduta tranquila. Ela percebeu que mantinha este comportamento pelo desejo de ser uma pessoa diferente e especial, mas esta postura e este desejo tinham um adversário de grande força e poder - o “outro subconsciente” que cada um de nós temos, e que no caso de Haida este “outro” se materializava com a energia que era necessária para exercer o controle de seu próprio sentimento.

Havia uma Haida interna que era sua oposta[2] (perversa e má) àquela Haida externa que era mostrada e conhecida das pessoas (boa e maravilhosa). Assim como muitas mulheres que criaram uma condição aparente de um ser perfeito durante grande parte de sua existência, sua resistência chegou ao limite pelo fato de tanto represar seus próprios sentimentos e desejos, mas que maturidade começava a cobrar, coisas que até mesmo considerava inadmissíveis, inclusive suas aspirações mais íntimas.

 Vamos lembrar aqui sobre a dualidade de Perséfone vinda da mitologia grega – que discorre sobre a vida no mundo da superfície e vida no mundo subterrâneo e entender que a dualidade faz parte da nossa existência e é ela que estabelece as verdades, no entanto, o grau de rigidez desta dualidade ditado pela sociedade, pela nossa educação, e a forma como cuidamos de nossos sentimentos podem nos transformar de seres que somos para “coisas” que queremos representar.  

Com o passar do tempo ela conseguiu compreender o quanto o fluxo de sua vida estava interrompido e dar lugar para a verdade sobre seus sentimentos e então, teve que identificar e compreender os obstáculos que colocava para si mesma. Assim, Haida aprendeu que entender esse ser “perverso” foi determinante para revelar o seu comportamento mentiroso e superficial consigo mesma.

Para permitir que esse fluxo circulasse mais livremente, começou a pensar mais sobre si e observar seus sentimentos e refletir sobre o quanto e quando era verdadeira ao expor sentimentos, onde se tornava superficial, procurou compreender o porquê das diversas situações que passava. Foi assim que começou a sua mudança, com a consciência dos verdadeiros motivos de suas ações e passou a conduzir sua vida no fluxo da felicidade.

Os pensamentos ruins que desapareceram deram lugar para uma enorme força de vontade para fazer e realizar coisas que lhe eram importantes, passou a ver a vida como caminho de entrega, como trilha do amor verdadeiro, passou a se apreciar e este melhor apreço a fez ver o “outro” como realmente ele é e assim, avaliar o quanto o julgava através de conceitos internos, alguns herdados, outros formados.

Haida passou a se dedicar para o propósito de sua alma e descobriu que quanto mais acreditava no seu amor interno, mais poderia compartilhar com outros sua forma autentica de ser. Ela passou a reconhecer a força “ruim” como uma força aliada, uma força própria de nossa existência, que nos adverte e nos converte, mas que estava sendo usada de forma incorreta.

Quando aprendeu sobre essa outra Haida e entendeu o quanto o seu comportamento anterior era uma forma de dar força para o fluxo negativo de pensamentos e o dominou, passou a transformar toda sua potência e aproveitar aquela força para reconstrução de seu próprio bem.

Nesta breve descrição carece exibir toda a beleza do processo de reconstrução de Haida, o mais simples foi o mais importante. Haida reconheceu o quanto aqueles pensamentos ruins contribuíram para que ela se encontrasse num lugar comum, o lugar de todas as pessoas, sem querer ser melhor ou especial, sem auto repressão ou necessidade de elogios, e poder compreender e aceitar a si e os demais à sua volta.

Muitas mulheres se encontram na mesma condição de medo semelhante à de Haida e tentam fugir através do isolamento, ocorre de serem submetidas a tratamentos medicamentosos intermináveis, que em muitos casos as deixam anestesiadas e inativas, sem resolução do problema que as afetam.

Outras se dedicam a várias atividades para não pensar, mas mesmo assim o medo persiste, porque o nosso ser, aquilo que realmente somos, quer que acordemos e que olhemos para aquilo que faz fluir a nossa vida, não para o que está interrompendo o fluxo dela.

Formas de resolução de problemas como o de Haida são pessoais, resultam do pensamento submetido à vontade, onde existe a vontade interna e a conscientização, existe o exercício constante e o esforço.

Não há mágicas que revertam adversidades com um simples toque de varinha. O ser humano é um ser adaptável por natureza. Às vezes tanto tempo já passou que assimilamos com normalidade uma vida permeada de imposições e regras. É preciso se conscientizar e querer mudar para mudar.

“Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”

(Caetano Veloso).

Tudo isso acontece independentemente do tipo de sucesso na vida. Com riqueza material ou sem riqueza material, bem sucedida na carreira ou não, permeada de questões sociais ou não, nada disso tem a ver com a escolha pela felicidade.

“É preciso valorizar quem você é e não o que você tem.

(Antoine de Saint Exupéry) ”.

 

Há alguns exercícios importantes que podemos fazer conosco:

Podemos “olhar” para nossos pensamentos 8  e nos perguntar:

·         Em quais situações eu me deixo e me faço maltratar, seja por minhas críticas ou críticas de outros?

·         Eu escolho que minha vida seja dirigida como eu gostaria? Ou a dirijo como os outros gostariam que eu dirigisse?

·         O que pode acontecer se eu escolher dirigir a minha vida?

·         Para o que esses pensamentos carregados de negatividade (raiva, angústia,) acontecem?

·         Quando escolho que a minha vida seja dirigida por outra pessoa, qual a minha intenção por trás dessa opção e ação?

Se você mesma responder sinceramente a essas perguntas, irá descobrir que este arquivo ativo das infelicidades possui muitas “sensações e sentimentos” que você deixou passar como “aparentemente resolvidas”, ou seja, quando o que estava represado (ou está sendo represado) ultrapassou o limite e esse arquivo vem para a superfície, ele vem de forma dominante e influindo em todos os acontecimentos de uma só vez.

Saiba que escolher que a vida seja dirigida por outra pessoa é também deixar que esta pessoa seja o(a) único(a) responsável pelo resultado de suas atitudes, assim você evita os riscos do fracasso e o medo que isso traz toda vez que é responsável por si mesma.

Qual a minha intenção quando cuido de alguém e torno esse alguém meu dependente?

Como eu me sentiria se fosse cuidado por outra pessoa de forma que não tenha que tomar decisões?

E quando eu peço muito apoio, qual a minha intenção nesse comportamento?

Quando eu dou muito apoio, qual a minha intenção nesse comportamento?

Pense!

A vida no sentido do fluxo e interação de eventos e atitudes está equilibrada sobre dois pilares, o dar e o receber. Quando me doo, é normal que a pessoa que recebe sinta a necessidade de retribuir, esse é um movimento natural, embora não deva ser o esperado, nem tampouco exigido, ele deve acontecer sem excessos. Portanto pense...

O que necessitamos compreender sobre nós mesmas é que temos que viver e agir de forma mais autêntica, nos responsabilizar por nossos atos e viver a realidade, compreender o que é felicidade, como ela atua como referência da medida da nossa realização e fazer o que for necessário para que nós sejamos felizes, muito mais do que nos sentir felizes. Nenhum ser humano precisa de autorização para ser feliz, basta querer sê-lo, e sê-lo quando quiser.



[1] A necessidade da polaridade existe para criar a consciência da neutralidade que só é possível através das experiências entre um bom ou mau efeito na ação - Hermes Trismegisto, as sete leis herméticas.

[2] “A sombra consciente pelo indivíduo, muitas vezes fica envergonhada das tendências e impulsos que nega existirem em si mesmo, mas que consegue ver nos outros. A sombra não é o todo da personalidade inconsciente: representa qualidades e atributos desconhecidos ou pouco conhecidos do ego, aspectos que pertencem sobretudo à esfera pessoal e que poderiam também ser conscientes, sob certos ângulos a sombra pode, igualmente consistir de fatores coletivo que brotam de uma fonte situada fora da vida pessoal do indivíduo.” Carl Gustav Jung.






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