Árvore da Vida
A Árvore da Vida é um dos símbolos mais profundos e abrangentes da Cabala, uma tradição mística judaica que busca compreender a natureza divina e a relação entre o ser humano e o universo. Este diagrama místico representa o caminho da iluminação espiritual e a estrutura do cosmos, além de servir como um mapa da psique humana.Esse conhecimento está fundamentado no Zohar, o corpus de todos os rolos e escrituras sagradas usados para manter vivos os ensinamentos acerca das muitas moradas reservadas para o progresso da alma no Caminho Infinito.
A Árvore da Vida é gerada a partir das emanações originais da Luz Ain Soph, que significa Ilimitado, Infinito o não Manifesto que é um termo cabalístico para a Deidade antes de sua automanifestação na criação dos mundos.
Há algumas interpretações da Árvore da Vida, dentro da Cabalá ou Kaballah. Ela é constituída por 10 Sefiroth e uma oculta. No Zohar vemos que cada Sefira representa um atributo da Grande Emanação Da Vida que precisamos adquirir em nosso caminho evolutivo. As Sefirot são dez níveis diferentes de emanação da Árvore da Vida que a consciência humana precisa compreender exercitar e integrar na sua evolução. Esses atributos são essencialmente eternos, e a consciência precisa ir se aproximando, se apropriando e integrando esses atributos.
As Sefiroth são emanações responsáveis pela criação de universos múltiplos dentro de um “programa” do Universo Criador. São a expansão posterior da Substância Divina nas várias dimensões das formas pensamento de emanação, criação, formação e ação, habitados por seres de diferentes graus evolutivos.
Elas têm como finalidade última a manifestação do Adan Kadmon (Homem Celestial) arquetípico, que foi criado para além da forma corpórea e que o ser humano conhece o Corpo de Luz.
As Sefirot
Kether: Coroa. Primeira emanação do Imanifesto, representando a Vontade Consciente da Criação, a Unidade, a esfera do topo. Representa os primeiros movimentos da Vontade Divina, também chamada Ayin (Nada, Vazio), pois foi a partir do Nada que a Grande Força criou o universo manifesto. Kether contém a ideia oculta dos Sefiroth subsequentes. Esse princípio primordial da manifestação está sob a regência de Metatron. Metatron é o criador do elétron, partícula elementar com carga negativa que foi por ele projetada para a criação do átomo, com propósito de criar e de transformar os mundos exteriores, ou mundos manifestos.
2ª Chockmah ou Hochmah: Sabedoria. É o maior potencial do pensamento. Representa a primeira expressão que emana do Criador. Hochmah é o lampejo de intuição ou inspiração que precede o pensamento consciente, é como o “esperma” o impulso que impregna Binah (a terceira Sefirah) que é o entendimento. Chockmah é como o primeiro passo no processo criativo. Deus, embora sem gênero, abrange atributos masculinos e femininos. Rege o hemisfério direito do cérebro e é a expressão primeira do aspecto masculino de Kether.
3ª Binah: Entendimento. É o ponto em que a inspiração divina começa a tomar uma forma definida, onde a inspiração é refinada em um pensamento consciente. Binah é o princípio da forma, o útero no qual a “semente” de Hokhmah foi depositada. Binah é conhecido como “percepção” ou “discernimento”, quando o lampejo da intuição é visto com entendimento, compreensão. Dessa união entre H’ochmah e Binah, nascem os sete outros Sefirot. No corpo está associado ao hemisfério esquerdo do cérebro.
Aqui se completa o triângulo supremo: Kether ar primordial (o sopro da vida); Chockmah, fogo gerador; Binah a água da vida.
Daat (a esfera oculta): Conhecimento. Representa o conhecimento íntimo e a compreensão profunda que resulta da integração e síntese dos atributos das Sefirot adjacentes. É uma esfera de dimensão diferente, considerada a síntese entre Chockmah e Binah. Em Daath, a ponte entre sabedoria e entendimento está alicerçada e integrada extinguindo o estado de individualismo e de separatividade da personalidade, para um estado transcendente. Esse alcance se dá pela libertação de dogmas, crenças, ideologias e concepções unilaterais. A individualidade transcendente é muito livre, mas também pode sentir não pertencimento e solidão porque nesse estado consciencial todos os pseudo conceitos são dissolvidos. A partir daí, o indivíduo é inflexível em sua missão que realiza com amor desprovido de egoísmo porque há desapego, purificação da justiça, clareza, autonomia e confiança.
4ª Chesed ou Hesed: Misericórdia, Amor. Representa o aspecto benevolente do criador, amor incondicional, e é muitas vezes traduzido como Graça.
5ª Geburah ou Guevurá: Força, Severidade, Justiça. É o rigor divino, a exigência da justiça e da verdade. Contrabalança Chesed porque Geburah vem para estabelecer limites, firmeza e pode se tornar implacável e destruidor. Geburah ou Guevura é a face do Deus implacável que podemos encontrar em toda a Torah, onde o respeito é conseguido através da força, do “olho por olho e dente por dente” e da severidade. Chesed, ao contrário, é o Deus de amor, que o Cristo veio trazer ao mundo.
6ª Tiphareth: Beleza, Compaixão, Glória. É uma força de equilíbrio entre Hesed e Guevurá. Esta força mitigadora é essencial para o equilíbrio correto do universo. É a harmonização entre a Justiça e a Misericórdia, a chave para a prosperidade da vida, e essencial para toda realização humana.
7ª Netzach: Vitória Resistência, Graça e Benevolência ativa no mundo e. fonte de sustento nutritivo para o ser.
8ª Hod: Glória, Esplendor. A maneira pela qual o julgamento divino é dispensado na terra. Também está relacionada ao poder da profecia.
Netzach e Hod podem ser vistos como versões mais terrenas de Hesed e Guevurá. 9ª Yesod: Fundamento. Representa a fundação para a manifestação do Reino. Yesod é o caminho para que a Criatividade e a Fertilidade Divinas possam se consolidar na criação. É onde adquirimos as bases para a caminhada em direção ao Divino: a noção de justiça, o “dai a César o que é de César e dai a Deus o que é de Deus”. Também exercitamos o contato com o mundo imaterial tais como os sonhos, as premonições, vidência e descobrimos que a nossa realidade concreta não é a única realidade, e que há mais do que só a tridimencionalidade e assim nos desvencilhamos um pouco do mundo físico.
10ª Malkuth: Reino, Soberania, Presença. É a revelação da criação no mundo manifesto. No que se refere à humanidade é a consciência e o ego, com suas necessidades imediatas, e ao mesmo tempo, sua relação transcendente com as emanações das outras Sefitot. Malkuth é o recipiente de todas as forças em jogo, no delicado equilíbrio das Sefirot e a condição que liga o Soberano Espiritual ao mundo manifesto. Por isso, é tanto Exaltação quanto Humildade. As outras Sefirot fluem para Malkuth como revelação final da Criação culminando no estado de Exaltação, mas ao mesmo tempo é preciso Humildade ao receber das Sefirot superiores e manifestá-las no Reino.
As 10 Sefiroth são ligadas por 22 caminhos, e constituem as vias pelas quais a Luz infinita, a Força Criadora fluem. Kether é a taça da mais pura água que transborda e derrama para as taças abaixo, adquirindo em cada uma um sabor. À medida que transbordam, vão influenciando o sabor das outras mais abaixo até Malkuth, a última esfera, que é a mistura de todos os sabores, e ao mesmo tempo nenhum sabor específico. Mas ainda assim, é composta basicamente de água que flui de Kether. Quem conseguiu provar dos sabores das taças superiores está mais próximo da verdadeira essência e se torna um especialista em identificar esse sabor no aparente caos que é Malkuth, o ponto mais baixo da escalada, o reino, que porem, é um reflexo de Kether.
Apesar de suas diferentes características, as dez Sefiroth constituem uma unidade, assim como as cores do arco-íris, formadas por uma única fonte de luz. Há vários caminhos para chegar até Kether, a primeira emanação do mundo manifesto Esses caminhos podem ser de extremos ou de equilíbrio. Mas notem que o caminho do equilíbrio (o do meio) é o mais “curto”. Buda estava certo, afinal.
Explorar a Árvore da Vida é um processo profundo de autoconhecimento. Cada Sefirah reflete aspectos da personalidade e experiências de vida e entender onde estão suas forças e fraquezas, ou seja, seus potenciais e desafios, possibilita um desenvolvimento pessoal mais direcionado e eficaz.
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