Esse é o paradoxo: sei que não são reais, mas ainda assim me afetam. Como se houvesse um eco psíquico que insiste em repetir os velhos padrões, mesmo depois de eu já ter compreendido o silêncio que está além de todos eles.
Com o tempo, compreendi algo fundamental: a simples constatação de que algo é ilusório não basta para dissolvê-lo. A mente — esse instrumento extraordinário e traiçoeiro — não se desfaz de suas construções só porque a verdade foi vislumbrada. O corpo emocional, mais ainda, guarda memórias e reflexos que respondem antes mesmo que o pensamento se forme. É como sonhar e saber que se está sonhando, mas ainda assim sentir medo.
Durante muito tempo, meu impulso era o combate. Lutar contra os pensamentos, contra as imagens, contra as vozes internas. Queria purificar o campo mental com a fúria de quem deseja se libertar de um cativeiro. Mas aos poucos fui aprendendo: o real não luta contra o irreal; ele apenas o transcende. A ilusão não precisa ser destruída — apenas vista com lucidez. Assim como a escuridão não é retirada com as mãos, mas dissipada pela luz.
Passei então a observar. Sem pressa. Sem resistência. Quando uma ilusão se apresenta — uma velha crença, um medo disfarçado, um desejo sem raiz — eu apenas a reconheço: “isso é uma forma do irreal”. E sigo presente. É um exercício diário, não de esforço, mas de vigilância tranquila.
E nessa vigília, descubro algo comovente: a graça jamais me deixou. O silêncio que experimentei uma vez continua aqui, como um fundo imutável atrás de todas as variações. O que mudou foi a atenção — ora dispersa, ora desperta.
Hoje compreendo que o verdadeiro desafio não é mais “voltar” ao real. É permanecer nele mesmo quando o irreal se apresenta. Essa permanência não exige dureza, mas entrega. Não exige controle, mas presença.
Algumas práticas me acompanham nesse caminho:
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A meditação como um assentamento no ser.
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O autoquestionamento: “quem está sendo afetado por isso?”
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A escrita como espelho onde a ilusão perde força ao se ver revelada.
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A aceitação radical daquilo que surge — sem julgar, sem apegar.
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A respiração como âncora. O corpo como templo do instante.
As ilusões continuarão, talvez. Mas agora sei que elas não são o fim. São apenas véus que o próprio mistério levanta, não para nos afastar da verdade — mas para que ela, quando novamente vista, seja ainda mais luminosa.
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