Sobre o Irreal e o Real: Um Encontro Silencioso

Sobre o Irreal e o Real: Um Encontro Silencioso
Autor Paulo Tavarez - [email protected]
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Mesmo tendo tocado o real — mesmo já tendo sido visitado pela clareza inconfundível do que se pode chamar de estado de graça — ainda me vejo às voltas com as formas sutis e persistentes da ilusão. Elas retornam como sombras projetadas por uma luz esquecida, sem substância própria, mas dotadas de um estranho poder de fascínio. E, por mais que eu reconheça sua natureza ilusória, não deixo de ser, por vezes, atravessado por elas.

Esse é o paradoxo: sei que não são reais, mas ainda assim me afetam. Como se houvesse um eco psíquico que insiste em repetir os velhos padrões, mesmo depois de eu já ter compreendido o silêncio que está além de todos eles.

Com o tempo, compreendi algo fundamental: a simples constatação de que algo é ilusório não basta para dissolvê-lo. A mente — esse instrumento extraordinário e traiçoeiro — não se desfaz de suas construções só porque a verdade foi vislumbrada. O corpo emocional, mais ainda, guarda memórias e reflexos que respondem antes mesmo que o pensamento se forme. É como sonhar e saber que se está sonhando, mas ainda assim sentir medo.

Durante muito tempo, meu impulso era o combate. Lutar contra os pensamentos, contra as imagens, contra as vozes internas. Queria purificar o campo mental com a fúria de quem deseja se libertar de um cativeiro. Mas aos poucos fui aprendendo: o real não luta contra o irreal; ele apenas o transcende. A ilusão não precisa ser destruída — apenas vista com lucidez. Assim como a escuridão não é retirada com as mãos, mas dissipada pela luz.

Passei então a observar. Sem pressa. Sem resistência. Quando uma ilusão se apresenta — uma velha crença, um medo disfarçado, um desejo sem raiz — eu apenas a reconheço: “isso é uma forma do irreal”. E sigo presente. É um exercício diário, não de esforço, mas de vigilância tranquila.

E nessa vigília, descubro algo comovente: a graça jamais me deixou. O silêncio que experimentei uma vez continua aqui, como um fundo imutável atrás de todas as variações. O que mudou foi a atenção — ora dispersa, ora desperta.

Hoje compreendo que o verdadeiro desafio não é mais “voltar” ao real. É permanecer nele mesmo quando o irreal se apresenta. Essa permanência não exige dureza, mas entrega. Não exige controle, mas presença.

Algumas práticas me acompanham nesse caminho:

Não caminho só. Há outros que trilham essa mesma vereda silenciosa. E, embora cada um a percorra com seus próprios passos, há um ponto comum que nos une: já vislumbramos o real — e isso nos impede de nos contentarmos com menos.



As ilusões continuarão, talvez. Mas agora sei que elas não são o fim. São apenas véus que o próprio mistério levanta, não para nos afastar da verdade — mas para que ela, quando novamente vista, seja ainda mais luminosa.


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Conteúdo desenvolvido pelo Autor Paulo Tavarez   
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