O CÉREBRO TRIUNO EM ANIMAIS: UMA PERSPECTIVA AMPLIADA NA COMPREENSÃO E COMUNICAÇÃO

O CÉREBRO TRIUNO EM ANIMAIS: UMA PERSPECTIVA AMPLIADA NA COMPREENSÃO E COMUNICAÇÃO
Autor Marcia Dario - [email protected]
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A Teoria do Cérebro Triuno, proposta pelo neurocientista Paul MacLean, oferece um modelo heurístico para compreender a arquitetura e a evolução do cérebro. Embora seja uma teoria simplificada e em constante debate na neurociência contemporânea, ela permanece uma ferramenta valiosa, especialmente na compreensão do comportamento animal e das interações entre instinto, emoção e razão.

Profissionais como a Prof. Dra. Irvênia Prada, em suas abordagens à medicina veterinária e à etologia, frequentemente utilizam essa estrutura para decifrar as complexidades do comportamento animal, promovendo uma visão mais integrada de seus estados internos e externos.

As Três Dimensões do Cérebro Animal

O modelo triuno postula que o cérebro é composto por três sistemas distintos, mas interconectados, que representam diferentes estágios evolutivos:

1. Cérebro Reptiliano (R-Complexo)

Considerado o cérebro mais antigo e primitivo, o R-Complexo governa os comportamentos instintivos e de sobrevivência. Em animais, esta parte do cérebro é responsável por funções vitais e reações automáticas, como a respiração, a digestão, o sono e a regulação da temperatura corporal. Além disso, é a sede de padrões de comportamento fixos relacionados à autopreservação, territorialidade, defesa, caça e reprodução. As respostas de "luta ou fuga" (fight or flight), o estabelecimento de hierarquias sociais e a aderência a rotinas são fortemente influenciadas por esta camada cerebral. Quando um animal reage de forma instintiva a uma ameaça, sem aparente hesitação ou processamento emocional/cognitivo, é o seu cérebro reptiliano em ação.

2. Sistema Límbico (Cérebro Emocional)

Desenvolvido em mamíferos, o sistema límbico adiciona a dimensão da emoção ao repertório comportamental. Esta área é crucial para a formação de memórias, o apego social, a motivação e a regulação de estados emocionais como medo, alegria, raiva e tristeza. Em animais, o sistema límbico permite a formação de laços afetivos com seus cuidadores e outros indivíduos da espécie, a expressão de alegria ao brincar, o desenvolvimento de ansiedade de separação ou a manifestação de dor e luto. É o centro que processa as experiências do animal, atribuindo-lhes valor emocional e influenciando suas decisões futuras com base nessas vivências.

3. Neocórtex (Cérebro Racional/Cognitivo)

O neocórtex, a camada mais externa e recente do cérebro, é mais desenvolvido em primatas e cetáceos, mas presente em graus variados em todos os mamíferos. É responsável pelo processamento cognitivo superior, incluindo a aprendizagem complexa, a resolução de problemas, a capacidade de adaptação, o planejamento e a percepção sensorial refinada. Em animais, o neocórtex permite o aprendizado por condicionamento, a memorização de comandos complexos, a navegação em ambientes desafiadores e a interpretação de sinais sociais sutis. A capacidade de um cão de entender uma nova palavra ou a habilidade de um golfinho de coordenar estratégias de caça são exemplos da função do neocórtex.

A Visão Integrada da Prof. Dra. Irvênia Prada e a Aplicação Prática

A Prof. Dra. Irvênia Prada e outros etologistas salientam que esses três "cérebros" não operam de forma isolada, mas sim em constante interação e integração. O comportamento de um animal raramente é pura e simplesmente instintivo, emocional ou racional; ele é, na verdade, uma orquestração dessas três camadas. Um animal pode ser impulsionado pelo instinto de caça (reptiliano), mas a alegria de interagir com o tutor durante um treino (límbico) e a aprendizagem de uma técnica específica (neocórtex) modulam como esse instinto é expresso.

Comunicação, Cinesiologia e Testes Musculares

A compreensão do cérebro triuno é fundamental para decifrar a comunicação animal. Cada camada contribui para a forma como os animais expressam suas necessidades, desejos e estados internos:

  • Comunicação Reptiliana: Expressa-se em sinais de alerta territorial, posturas de ameaça ou submissão instintiva, e reações rápidas de autodefesa.

  • Comunicação Límbica: Manifesta-se através de expressões faciais (olhos, boca), vocalizações emocionais (latidos de alegria, gemidos de dor), posturas de convite ao afeto (expor a barriga) ou ao brincar.

  • Comunicação Neocortical: Observada na compreensão e resposta a comandos verbais ou visuais complexos, na capacidade de "pedir" algo específico (ex: ir até a porta para sair) ou em interações sociais mais elaboradas que requerem interpretação de múltiplos sinais.

A Cinesiologia, o estudo do movimento, é a linguagem visível do cérebro triuno. A postura corporal, a marcha, a movimentação da cauda, as orelhas, os olhos e até a tensão muscular refletem os estados internos do animal. Um corpo enrijecido e uma cauda baixa podem indicar medo ou ansiedade (limbic/reptiliano), enquanto uma postura relaxada e uma cauda abanando vigorosamente sugerem alegria e bem-estar (limbic). Profissionais que observam a Cinesiologia podem inferir a predominância de um estado cerebral sobre outro em determinado momento, fornecendo insights valiosos sobre o conforto, o estresse ou a intenção do animal.

Os testes musculares, embora mais comumente associados a abordagens de medicina complementar e terapias holísticas (como a Cinesiologia Aplicada), buscam identificar desequilíbrios ou estressores no organismo através da resposta da força muscular a estímulos específicos. No contexto do cérebro triuno, a ideia subjacente é que o estresse (físico, emocional ou ambiental) pode impactar a rede neural e, consequentemente, a resposta tônica muscular. Uma fraqueza muscular inesperada em resposta a um estímulo pode ser interpretada como um indicador de que o sistema nervoso (operando através do reptiliano para sobrevivência, do límbico para emoção ou do neocórtex para processamento de ameaças) está percebendo uma "ameaça" ou desequilíbrio, desviando energia e gerando uma resposta de proteção. Embora a validação científica rigorosa dessa técnica em animais ainda seja objeto de estudo, ela representa uma tentativa de acessar as reações mais profundas e menos conscientes do animal, que são fortemente influenciadas pelas camadas mais primitivas do cérebro.

Em suma, ao considerar o cérebro triuno, ganhamos uma estrutura poderosa para observar, interpretar e interagir com os animais de forma mais empática e eficaz. A integração dessas três dimensões cerebrais nos permite ir além da superfície do comportamento, mergulhando nas camadas profundas de seus instintos, emoções e capacidades cognitivas, enriquecendo nossa convivência e cuidado com eles

.A Tríade da Compreensão na Interação Animal

A Teoria do Cérebro Triuno, mesmo em sua natureza heurística, revela-se uma lente extraordinariamente potente para o profissional que atua no universo da comunicação, cinesiologia e testes musculares aplicados a animais. Mais do que um modelo neuroanatômico rígido, ela nos oferece um mapa para decifrar a complexa orquestração interna que governa o comportamento e a saúde animal.

Para a especialista em Comunicação, o entendimento do cérebro reptiliano, límbico e neocortical é a chave para transcender a superfície dos latidos, miados ou gestos. Permite-nos discernir se um sinal é um imperativo instintivo de sobrevivência (reptiliano), uma expressão genuína de alegria ou medo (límbico), ou uma tentativa deliberada de interação e aprendizado (neocortical). Essa diferenciação é vital para uma resposta adequada, construindo pontes de comunicação mais eficazes e empáticas.


Na Cinesiologia, a perspectiva triádica transforma a observação do movimento em uma leitura profunda dos estados internos. Cada postura, cada movimento da cauda, a tensão em um músculo específico, ou a fluidez de um andar tornam-se manifestações visíveis da predominância de um desses sistemas cerebrais. Um animal sob estresse reptiliano (medo de predador) exibirá uma cinesiologia diferente de um animal lidando com ansiedade de separação (límbico) ou de um animal processando um novo comando (neocortical). A habilidade de interpretar essas nuances corporais oferece uma ferramenta diagnóstica e interventiva de inestimável valor.




Finalmente, os Testes Musculares, sob a égide do cérebro triuno, ganham uma dimensão adicional de significado. Se a resposta muscular é um reflexo da integridade e equilíbrio do sistema nervoso, então uma alteração na tonicidade ou na força muscular pode ser interpretada como um eco de desequilíbrios em qualquer uma das camadas cerebrais. Seja um bloqueio energético enraizado em um trauma instintivo (reptiliano), um desajuste emocional profundo (límbico), ou um padrão de estresse cognitivo (neocortical), o músculo pode se tornar um indicador sutil, porém poderoso, dessas disfunções subjacentes.


Em suma, a Prof. Dra. Irvênia Prada, e o trabalho que abraça esta visão integrada, nos convidam a enxergar o animal não como um ser de uma única dimensão, mas como um intrincado mosaico de instinto, emoção e cognição. Para aqueles que trabalham com a comunicação, cinesiologia e testes musculares, essa compreensão triádica não é apenas um conceito teórico, mas sim a base de uma prática mais holística, precisa e compassiva, essencial para promover o bem-estar e a performance ótimos dos nossos companheiros animais.


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Abraços carinhosos

Márcia Dario




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Autor Marcia Dario   
Márcia Dario é Mestre em Comunicação e Cinesiologista por Testes Musculares. É mentora realizando sessões individuais, em jogos, game e desativação de stress emocional, medo de falar em público, ansiedade, pânico. Promove através do trabalho: autocomunicação, autoconhecimento e autodesenvolvimento.
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