Cris
"Quem sou eu?
Eu sou uma menina tipo anos vinte. Adoro coisas antigas. Sou amante de tudo aquilo que hoje cheira a naftalina. Dou valor a velhos amigos e velhos hábitos, mas não sigo tradições. Guardo relógios que não funcionam e ainda marcam a hora do final dos velhos tempos. Uma hora qualquer, de um dia qualquer no ano de 1920.
Acostumo-me fácil com a rotina mas adoro mudanças. Adapto-me fácil a novas situações. Não gosto de me desfazer de roupas velhas, tento sempre transformá-las. Acho que isso é o que dá graça à vida, além de me deixar bem mais confortável. Coleciono caixas, caixinhas e caixões. Todas elas vivem cheias de quinquilharia e na maioria das vezes são heranças de família.
Não me desfaço de bilhetes desde quando nasci. É a maior caixa e a mais cheia que tenho. Valores sentimentais e materiais. Seja lá qual for o motivo estarão sempre guardados.
Adoro curtir o dia mas é a noite que me inspira. Sinto, escrevo. Penso, escrevo. Faço, escrevo. Escrevo, escrevo. Não adoro papel e caneta mais do que minhas mãos. Contemplo a natureza, a simplicidade. Optaria sem dúvida por salvar animais ao invés de resgatar almas e caráteres perdidos. Pessoas não valem mais do que cães.
Não gosto de chamar atenção mas chamo sem perceber. Não gosto de ninguém cabisbaixo mas contemplo eminentemente minha tristeza. É sagrado que eu passe por ela sentindo cada fisgada.
Adoro o verde mais do que o azul. Amo saquê e água de coco. Amo fazer comida japonesa mas não como nem uma pecinha. Não gosto de chocolate mas não vivo sem meu leite com toddy. Não gosto de morango mais do que de limão. Gosto do azedo e do salgado. “Amo a lasanha da minha vó”!
Não gosto de ver mais do que de ouvir. Não gosto do sabor mais do que do toque. Gosto dos números ímpares, os pares me dão azar. Sou supersticiosa mas não me importo com gatos pretos e não deixo de passar embaixo de escadas.
Um gesto é sempre maior do que uma palavra mas não é melhor uma palavra do que um olhar terno. Uma mão suave. Um abraço acolhedor.
Não gosto mais da cidade onde moro do que da cidade onde nasci. Não sinto mais os amigos recentes do que os amigos de minha infância. Amigo é amigo em qualquer hora, em qualquer lugar, passe o tempo que passar.
Gosto de músicas com sentimentos. Voz e violão. Mas gosto de raves e músicas que me façam dançar. Gosto muito de um cinema com pipoca e refrigerante mas dançar relaxa meu corpo.
Adoro enlouquecer sozinha. Gosto da minha companhia mas não mais do que a dos meus queridos amigos.
Minha família é tipo o Mundo todo. Minha mãe me acha linda. Eu a amaria mesmo que não achasse. Meu pai não sabe que eu existo mas o amo profundamente. Ele e minha irmã. E meu pai, PAI, ama a mim e a meus irmãos mais do que a ele mesmo.
Gosto de sonhar mas não mais do que realizar meus sonhos. “Imaginação é imprescindível em um dia frio e nublado”.
Adoro conquistar muito mais do que ser conquistada. Falo quando acho que tenho que falar mas prezo o silêncio. Gosto de dar carinho mais do que de receber. Presenteio sem datas especiais. Minha motivação é sempre um sorriso.
Não compreendo minha irmã mas a amo mesmo assim. Não é diferente o que sinto por meu irmão apesar da enorme distância que nos separa.
Gosto quando minha gatinha pede carinho mas não acordo bem quando ela toma conta da minha cama. Meu corpo dói mas não nego minha barriga pra ela se aninhar.
(continua)
Texto revisado por Cris
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