A arte da Perfumaria Natural – “quando menos é mais”

A arte da Perfumaria Natural – “quando menos é mais”
Autor Valeria Trigueiro - [email protected]
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Fazemos perfumes terapêuticos desde que iniciamos na arte da Aromaterapia, o que já vai longe. Verdade que o aprimoramento vem com o tempo, como em qualquer arte ou profissão.

No início, na empolgação da infinidade de possibilidades de sinergias, encantada com o poder dos aromas sobre nossas emoções mais do que qualquer outra coisa, já que sempre foi este nosso foco, utilizávamos vários óleos essenciais juntos e em quantidades generosas.

Passaram-se alguns anos até comercializarmos o primeiro perfume. Até que isto acontecesse, o gasto com óleos essenciais ultrapassava o meu salário de professora de inglês em cursos particulares e na própria universidade do estado onde me formei.

Ganhava bem, já que trabalhava de 10 horas da manhã até às 22 horas de segunda a sexta, sendo que no sábado começava às 08 e ia direto até às 17 horas.

Assim, já dá para imaginar. Naquela época os preços dos óleos essenciais eram bem mais acessíveis do que hoje em dia.

Então, como poderia gastar tanto sem cobrar nada? Como gastar tanto dinheiro sem ter um retorno, você pode estar pensando agora. Que fique bem claro, que se hoje fosse, seria impossível fazer algo semelhante a isso! Não aconselho a ninguém, por mais recursos financeiros que tenha.

Ok, satisfaço a curiosidade, até porque é para isso que escrevo mesmo. Passei anos fazendo perfumes para a família, para os vizinhos, para os amigos e alunos e dando de presente. “Oh... é louca!”, alguns podem pensar, ou “que pessoa generosa!", outros acharão.

Não. Nada disso! Já comecei com o foco nos “Perfumes dos Elementos”. Para isto, elaborei  um formulário de anamnese bastante intuitivo, combinado com algum conhecimento técnico. Baseando-me nos resultados, fazia os perfumes, dava de presente e só pedia em troca algo mais valioso do que qualquer valor financeiro para quem quer ser bom no que faz – pedia feedback. Em bom português, retorno.

Anotava tudo. O que sobrava do meu salário gastava em livros estrangeiros e em sebos no centro do Rio de Janeiro. Meus presentes de Natal, aniversário ou o que fosse, necessariamente tinham que ser algum livro de Aromaterapia não encontrado no mercado, mas disponível nos sebos, quando tinha sorte, pois caso contrário, a Amazon estava ali mesmo para receber encomendas.

Comecei a notar padrões repetidos em pessoas que a princípio nada de semelhante tinham. Assim, fui cruzando dados, armazenando e experimentando novos óleos. Meus perfumes, desodorantes, cremes hidratantes, tudo era feito por mim e observado com cautela. Percebia mudanças no humor, no padrão de sonhos, libido e até no apetite.

Introduzi o que percebia em forma de perguntas no formulário. Enfim, passados aproximadamente três anos é que comecei a trabalhar mesmo, cobrando pelo trabalho. Tinha segurança de estar fazendo algo bom para as pessoas.

Mais um tempo se passou e conheci meu sócio, Marcelo Barroca. Foi neste ponto que as coisas mudaram de uma vez. Um nariz privilegiado e o que ele chamava de “palpite”,  imediatamente identifiquei como intuição. Aprendi e aprendo ainda muito com ele – conhecimento inato. Ok, ele estuda, pesquisa, trocamos idéias, mas ele simplesmente sabe. A sinergia entre intuição, estudo, pesquisa e assertividade fizeram dele não só um parceiro, mas meu consultor. Na verdade, fazemos "supervisão" um para o outro. Quando um é técnico, o outro é intuitivo e vice-versa, alternadamente.

Passamos a estudar e pesquisar juntos nosso comportamento e o dos clientes durante o uso dos óleos essenciais separadamente. Nós usávamos um óleo ao mesmo tempo e anotávamos em um pedaço de papel para cruzarmos dados e impressões – Cada surpresa impressionante!

A partir da observação, passamos a considerar com muita seriedade as diferenças apresentadas dependendo de horário, gênero, altura, peso, tipos psicológicos, idade, momento de vida, tudo faz diferença nos efeitos. Além da predominância dos elementos, muita coisa foi agregada. O detalhe, o sutil, aquilo que não está óbvio é a nossa matéria prima - descobrí-la e tocá-la suavemente para junto com o cliente podermos alcançar a alquimia em frascos e na alma humana.

Hoje em dia com dois livros no prelo, alguns clientes fiéis e a chegada constante de novos através de indicações, seguimos aprendendo sempre. Não importa que estejamos fazendo isso há tanto tempo. Cada pessoa é um desafio e responsabilidade sagrados, que nos traz renovação e entusiasmo.

Parar de estudar não é uma hipótese, e assim, ao estudar Alquimia pude comprovar que aquilo que eu acreditava ser apenas uma boa idéia ou pensamento técnico, era um pouco mais do que isto.  Algumas coisas foram acrescentadas, outras apenas ratificadas, e houve outras que adaptamos, tudo nos levando a facilitar, simplificar e aprofundar nosso trabalho sem contudo perdermos a essência que nos faz indivíduos.

Aliás, ao contrário, a Alquimia nos fortaleceu e assumimos de uma vez por todas que nosso trabalho é uma Aromaterapia com viés espiritual, energético e sutil, sem desconsiderarmos em absoluto o corpo físico, que é o veículo e receptáculo dessas energias.
Lidamos com as emoções e energias sutis, passando pelo físico sem dúvidas, porém nosso foco é na origem do desequilíbrio do indivíduo como ser único, e não na doença ou desestrutura.


Contamos nossa trajetória para todos aqueles que estão iniciando nesse mundo da Aromaterapia, a título de curiosidade, mas deixamos aqui algumas dicas importantes que se consideradas, poderão ajudar bastante:

1. Considerar se realmente é algo que lhe atrai;

2. Procurar saber qual é a ética da profissão, o que cabe ou não ser feito. Talvez a palavra aqui seja filosofia – qual a filosofia da Aromaterapia;

3.“Menos é mais”, ou seja, idéias simples podem ser mais eficazes do que muita elaboração – estas vão direto ao ponto;

4. Quantidade não é qualidade, pode justamente ser o contrário;

5. Experimentar várias marcas até chegar ao ponto de saber qual óleo essencial é melhor para você. Por exemplo, a lavanda da marca X é melhor do que a da marca Y, porém o óleo de vetiver da marca Z é bem melhor do que os das X, Y, A e B.

6. O item 5 apenas quer dizer que uma única marca pode não ser a melhor em tudo. Nem sempre o conveniente é melhor em nosso trabalho. Chegará a um ponto em que você optará por uma marca visando a confiabilidade, a qualidade e o bom relacionamento com seus representantes, sem contudo deixar de experimentar a marca concorrente a fim de conhecer – isto faz parte do aprendizado.

7. Ter em mente que o critério de preços neste caso não é o melhor caminho a seguir, já que pode dar muito certo, porém “na dúvida não ultrapasse”.


8. Estamos lidando com a vida, com a saúde e com as emoções alheias, portanto lidamos com o Sagrado em cada um.

9. No que diz respeito à Perfumeterapia, podemos garantir que só irá funcionar com perfeição se o perfume foi bastante agradável, porém seguindo os critérios apontados pela anamnese do cliente;

10. Ter e deixar claro que o “fixador” dos perfumes são as notas de baixa volatilidade, como as resinas por exemplo.

11. O perfume terapêutico não precisa de tanto fixador, já que a pessoa deverá usá-lo algumas vezes ao dia.

12. Mais importante ainda será esclarecer ao cliente o fato de quanto mais fixador um perfume sintético apresentar, mais tóxico será. À essa altura você já terá estudado sobre o assunto.

13. Estudar, pesquisar e estar sempre atualizado com o assunto, bem como acompanhar os lançamentos da indústria cosmética, já que esta dá as cartas no mercado pelo poder financeiro. E trabalhar com perfumes, ainda que naturais, conhecer os sintéticos e suas variações, ajudará a identificar tendências de temperamento de seus clientes.

14. Ter em mente de que nem tudo o que lemos é verdade, por isso a pesquisa é de vital importância nesse setor.

15. É necessário o conhecimento para podermos diferenciar aquilo que é verdade do que é conveniente mercadologicamente.

16. O perfume é personalizado, porém apesar do aroma agradável, trata-se de terapia e como tal deve ser tratado.

17. Nunca permitir que acreditem que a Aromaterapia irá solucionar ou curar seus problemas, e sim a mudança de padrão, o compromisso consigo mesmos e em casos de assuntos que tenham chegado ao corpo físico, o auxílio do médico, ou psicólogo, enfim, cada profissional em sua área quando o caminho apontar naquela direção.

18. Uma dica para quem lê em inglês: clicando nesse link desde 2001/2 aproximadamente, tem me ajudado muito a estar sempre atualizada com os produtos e componentes químicos que são ou não saudáveis. Entretanto, apesar de ser um banco de dados bastante rico, a melhor dica que posso dar é: “filtre tudo o que ler, pesquise mais, não acredite de primeira.”

19.Esta profissão requer atenção, estudo, intuição e amor. Aliás, isto serve para qualquer profissão para sermos bons e obtermos bons resultados.

Um artigo escrito em 2005 sobre o mesmo assunto aqui mesmo no STUM pode mostrar nossa trajetória. Talvez seja útil para quem está começando nesse Caminho florido, mas lembrando que as mais belas flores também têm espinhos para se proteger.

Visite nosso site: valeriatrigueiro.com.br/

  




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