TRANSITORIEDADE

Autor Christina Nunes - [email protected]
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O dia de finados, reservado no calendário anual ao culto da lembrança dos entes queridos que nos antecederam na transição para outras paragens da vida, nos faculta reflexão apropriada à inconveniência do apego excessivo a tudo aquilo que se constituí, no curto espaço de uma vida física, não mais que em empréstimo de recursos da Providência, que haveremos de restituir em tempo certo aos lances das circunstâncias vindouras, ou aos nossos sucessores, para uso dos mesmos – entretanto, não para posse.

Ledo engano, por conseguinte, a ilusão perigosa de que possuímos o que quer que se ache no raio do alcance da nossa influência, durante o fugaz estágio de uma encarnação.

Não possuímos objetos, quaisquer que eles sejam, de maior ou menor valor, de vez que sem eles aportamos à esfera material das experiências, e sem eles demandaremos retorno às estâncias do invisível que nos aguardam para vivências outras de perfil a obscurecerem a mais refulgente hipnose exercida pelo fascínio do concebido como regozijo e fortuna, nos parâmetros da materialidade.

Não possuímos pessoas, porque também na roupagem física ingressamos na companhia delas, com o seu precioso concurso, e com elas convivemos em toda e qualquer situação e setor onde se manifeste a vida. Mas unicamente o que retemos é a expressão do afeto que aprendemos a nutrir e cultivar para com muitos, num crescendo; e apenas isto nos assegura o aconchego dos vínculos amorosos com que nos presenteia a divindade, nos resguardando das dores da sensação da solidão e das saudades.

Não possuímos sequer nosso corpo, nome, títulos e pequenas glórias transitórias, originadas nas manifestações diáfanas dos eventos do nosso cotidiano. A passagem voraz das décadas e dos séculos tem nos ensinado eficientemente que de uma infinidade de nomes e personalidades ostentados no passado infindo da nossa jornada evolutiva resta apenas o nosso ser, puramente, na manifestação mais profunda do seu característico pessoal, da sua essência, da “tonalidade” que o distingue como uma individualidade, em si.

A transitoriedade inexorável, com efeito, não carrega no seu bojo somente a expressão material das civilizações que se sucedem ininterruptas, com os registros exteriores das suas mudanças. Arrasta no seu turbilhão tudo aquilo a que tanto nos apegamos num momento minúsculo de nossas experiências dentro da eternidade, num movimento de transformação e renovação infindo e necessário.

A morte física vem apenas exercer o seu papel transformador neste contexto material, reafirmando também a nossa transitoriedade nesta esfera de experiências do nosso aprendizado infinito, como viajantes que somos rumo a um destino mais glorioso e mais compensador, na realização dos nossos anseios e sonhos em estâncias de vida com condições e recursos mais depurados, e mais de molde à concretização de maiores e melhores objetivos.

Cultivemos, portanto, a largueza de vistas para além dos horizontes acanhados de um trecho restrito da estrada, na certeza de que muito mais nos aguarda após o instante de transição terrena, e de que devemos, o quanto antes, aprender o desapego do dia que já se foi, com seus acontecimentos, coisas, e sensações passageiros, para dar lugar ao sol que certamente há de se insinuar no novo céu da aurora. Porque então não nos surpreenderá dolorosamente o momento no qual teremos que deixar para trás o capítulo da vida física em favor de uma etapa mais rica, mais exuberante e feliz, ao transpormos os portais da desencarnação ao encontro daqueles que certamente nos aguardarão em cálido e inesquecível instante de reencontro repleto de amor, e das mais gratificantes emoções do afeto, os únicos e valiosos bens que nos pertencem, de fato.

O meu afeto a todos os visitantes.
Caio Fabio Quinto,
pela psicografia de Lucilla
Elysium
https://www.elysium.com.br

Lucilla é autora do romance psicografado lançado este mês, "O PRETORIANO", pela editora MUNDO MAIOR (www.mundomaior.com.br). Leitura fácil e envolvente, de autoria espiritual de Caio Fabio Quinto, o conteúdo trata de uma das vidas passadas vividas pela médium e pelo seu mentor, na Roma de Júlio César, de cujos exércitos Caio foi um dos comandantes, narrando lances de convivência no cotidiano dos personagens, ricos de ensinamentos ilustrativos da Codificação Espírita de Kardec, das leis de causa e efeito, e do aprendizado espiritual que a todos nós envolve no decorrer do nosso trajeto evolutivo durante as reencarnações terrenas.
Os direitos autorais estão revertidos às obras assistenciais da FUNDAÇÃO ANDRÉ LUIZ, no amparo aos deficientes.
Aos interessados, maiores informações para compra no site da editora, ou no da FUNDAÇÃO ESPÍRITA ANDRÉ LUIZ: link



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Conteúdo desenvolvido por: Christina Nunes   
Chris Mohammed (Christina Nunes) é escritora com doze romances espiritualistas publicados. Identificada de longa data com o Sufismo, abraçou o Islam, e hoje escreve em livre criação, sem o que define com humor como as tornozeleiras eletrônicas dos compromissos da carreira de uma escritora profissional. Também é musicista nas horas vagas.
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