POR QUE REENCARNAR? II

Autor Christina Nunes - [email protected]
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Tenho ouvido por mais de uma vez comentários de pessoas que argumentam não fazer sentido a reencarnação perante as citações relativas aos benefícios do arrependimento, mencionadas em muitas doutrinas. Pretendo explicar aqui, ainda uma vez, o aspecto falho desta linha de raciocínio, que não invalida em nada, e ainda vem reforçar, a lógica da reencarnação.

Arrependimento, sim; mais do que oportuno nos nossos incontáveis episódios enganosos em relação ao nosso próximo. Mas faz-se imprescindível a noção clara de que o arrependimento só encontra validade na prática do seu exercício; porque então reconcilia os seres humanos, em concordância com a doutrina excelsa do Cristo, que nos incita à conciliação com o inimigo antes de depositar a oferenda no altar.

Arrependimento de boca nada vale. E é o que mais se observa no cotidiano das pessoas, por uma única razão: é cômodo! De fato, muito cômodo declarar-se arrependido dos maus feitos, num comentário eventual, numa prece dirigida a Deus ou a Jesus, ou ainda numa confissão a qualquer pessoa que não apenas o sacerdote: algo que nos custará não mais que algumas palavras rapidamente esquecidas já nas próximas horas, quando então retornaremos às rixas pessoais com os mesmos personagens em questão; às atitudes pejadas de egoísmo; à intemperança perante os sentimentos e o íntimo do semelhante, tão sagrados e dignos de respeito e compreensão quanto nos julgamos. Tudo por conta de um arrependimento que não pede contas ao principal: à conduta.

Apenas pela modificação radical da nossa conduta e do nosso posicionamento íntimo naquilo em que falhamos lograremos o acerto de contas devido com a nossa consciência, na qual repousa as vistas d’Aquele a quem nada se oculta; apenas pelo intermédio da nossa demonstração de humildade perante aquele que foi lesado de algum modo pelos nossos equívocos alcançaremos a benção inestimável do seu perdão, e da reconquista do seu afeto. Coisa que, invariavelmente, não se atinge no intervalo curto de uma reencarnação, dados os corriqueiros efeitos lastimáveis que marcam profundamente os seres, na decorrência dos reveses comuns às relações que se estabelecem no decorrer de uma vida.

Com a minha experiência no intercâmbio mediúnico, de conjunto com inumeráveis outros relatos semelhantes, tenho presenciado casos em que almas se digladiam há séculos, devido às mesmas determinantes que os empolgavam há milênios atrás. O tempo, na contagem das realidades espirituais, não existe da forma como o entendemos, de modo que o intervalo de dois mil anos é praticamente nulo para quem ainda se vê enredado nas mesmas paixões, nos mesmos impulsos criadores dos elos de dissensão, presentes ainda nas convivências dos dias que correm. É de se perguntar, desta forma, qual modalidade de procedimento haverá de se mostrar mais eficiente na solução destas questões: o declarar-se arrependido pura e simplesmente? Ou o demonstrar, efetivamente, uma modificação íntima que denuncie, através das atitudes, o arrependimento pela atitude mal refletida de outrora, a disposição franca em reparar o mal provocado, pensada ou impensadamente?

No curto intervalo mesmo desta presente jornada física, raras não foram as vezes em que pudemos constatar pedidos de desculpas frouxos, despojados de consistência; precedidos, nem tendo se passado um longo tempo, de reincidências desastrosas nos mesmos enganos, ou em piores, no concernente às sutilezas tênues que permeiam as nossas relações afetivas e as nossas convivências. Arrependimentos vazios, pueris como troça irresponsável da criança imprevidente, que julga burlar o conhecimento dos pais quanto à repetição das suas peraltices.

Que se dirá, então, dos eventos graves que permearam os lances da nossa extensa jornada no decorrer dos séculos, travando intrincada rede de elos com afetos e desafetos inúmeros, cujos episódios múltiplos de convivência, felizes ou infelizes, vieram cobrar soluções posteriores, a longo prazo, já que o alijamento das nossas imperfeições é lento – forçoso admitir – para o breve período que gastamos em cada capítulo do nosso aprendizado corpóreo?

Bastará às exigências imprescindíveis à nossa reconciliação definitiva com o próximo, portanto, durante capítulos graves e sombrios do nosso histórico evolutivo, um arrependimento mal pronunciado com lábios nem sempre sinceros, e em grande parte das vezes nem ouvido por aquele de quem nos interessa resgatar o afeto e o correspondente perdão? Se Deus fez o homem à Sua Imagem e semelhança, interessaria a Ele barganhar favores a seres interessados em arrecadar a Sua Graça ao custo apenas de palavras e atitudes despojadas de sinceridade?

A Divindade, certamente, não é tão ingênua, nem tão despojada de sentido na Sua Sabedoria quanto o sugere esta idéia destituída de sentido prático. O Amor ensinado por Jesus, em qualquer época, há de ser realizado na exemplificação plena do procedimento humano, e não falseado ardilosamente, ao troco de palavras diáfanas como nuvens que se esvaecem nos céus.

Nossa jornada evolutiva é infinda, porém compensadora. Sigamos caminho descerrando os nossos olhos às sublimidades do universo que mal logramos conhecer, como estudantes incipientes das realidades da existência. Principiamos a abertura das nossas consciências para as coisas maiores da Vida, no presente estágio do nosso percurso espiritual. Procuremos, então, não envergar antolhos desavisadamente, ao argumentarmos contra as coisas que nos parecem novas com a precipitação própria de mero desconhecimento, fadado a desaparecer perante a seqüência inexorável de fatos que nos defrontarão com as verdades incontestáveis.

Com amor,
Lucilla e Caio Fábio Quinto
"Elysium"
https://www.elysium.com.br

Lucilla é autora do romance psicografado lançado em novembro passado, "O PRETORIANO", pela editora MUNDO MAIOR (www.mundomaior.com.br). Leitura fácil e envolvente, de autoria espiritual de Caio Fabio Quinto, o conteúdo trata de uma das vidas passadas vividas pela médium e pelo seu mentor, na Roma de Júlio César, de cujos exércitos Caio foi um dos comandantes, narrando lances de convivência no cotidiano dos personagens, ricos de ensinamentos ilustrativos da Codificação Espírita de Kardec, das leis de causa e efeito, e do aprendizado espiritual que a todos nós envolve no decorrer do nosso trajeto evolutivo durante as reencarnações terrenas.
Os direitos autorais estão revertidos às obras assistenciais da FUNDAÇÃO ANDRÉ LUIZ, no amparo aos deficientes e crianças carentes.
Aos interessados, maiores informações para compra no site da editora, ou no da FUNDAÇÃO ESPÍRITA ANDRÉ LUIZ: link






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Conteúdo desenvolvido por: Christina Nunes   
Chris Mohammed (Christina Nunes) é escritora com doze romances espiritualistas publicados. Identificada de longa data com o Sufismo, abraçou o Islam, e hoje escreve em livre criação, sem o que define com humor como as tornozeleiras eletrônicas dos compromissos da carreira de uma escritora profissional. Também é musicista nas horas vagas.
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