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Quando o melhor é ficar em silêncio

por Bel Cesar em Espiritualidade
Atualizado em 19/08/2002 12:45:18


Silêncio quer dizer interrupção do ruído. Mas não é isso que ocorre dentro de nós quando nos calamos. Às vezes, parece que temos medo do silêncio, assim como a criança tem medo do escuro. No silêncio escutamos os segredos que escondemos de nós mesmos. Temos que ter coragem para escutar nossos ruídos internos, pois eles revelam nosso passado, presente e futuro.

Não é difícil admitir que estamos viciados em olhar para fora: constantemente queremos saber o que os outros dizem a respeito disso e daquilo, sem contar o que falam sobre nós. Mas se nos silenciarmos e fecharmos os olhos para escutar a mente, poderemos nos surpreender com o quanto estamos viciados em nossas lamúrias internas: repetimos ininterruptamente o que já estamos cansado de nos dizer. E como parar de dizer a você mesmo o que você não quer mais ouvir?

Para apreciar o silêncio interno, temos que apreciar o contato íntimo com nosso mundo interior, aprender a nos fundirmos com os sentimentos que surgem em nossa mente, como a tristeza ou a raiva. Muitas vezes não queremos admitir que há algo de errado conosco e torcemos para que o mal-estar seja passageiro. Quer dizer, que se resolva por si mesmo, sem nosso esforço. Mas em vez de rejeitar a dor, podemos, ao inspirar, acolhê-la “de braços abertos” e, ao expirar, expeli-la intencionalmente para fora. Esse é um modo rápido e eficaz para deixar de “conversar” com nossos pensamentos repetitivos.

Desta forma, ficar em silêncio aquieta a respiração e desacelera a mente.
Nenhuma emoção é errada nem precisa ser negada. É preciso aceitar toda e qualquer emoção se quisermos nos separar dela. Pois é ao aceitar uma emoção que ela se dissolve. Se pararmos de lutar com nosso diálogo interior, ele irá, aos poucos, se calar.

Fique em silêncio e veja o que acontece. No início não sabemos ficar simplesmente a sós conosco mesmos, mas, aos poucos, aprendemos a não nos abandonar. Nunca é tarde para você aprender a estar consigo mesmo.

“Escondidos dentro de nós, estão não só os nossos medos e confusões, mas também as nossas aspirações e sentimentos mais profundos” escreve o mestre do budismo tibetano Tarthang Tulku, em seu livro Conhecimento da liberdade.

Meditação

O silêncio purifica a mente das emoções impuras e exageradas. Por alguns minutos, fique em silêncio. Sinta esse corpo que você ocupa: experimente as sensações que ele desperta a cada segundo. Sinta o movimento de sua respiração e o peso de sua cabeça. Aos poucos, dirija sua atenção para região da barriga. Nela guardamos nossa energia emocional: ressentimentos, dúvidas e expectativas.

Ao inspirar, sua barriga se elevar. Ao expirar, sua barriga diminuir.
A cada respiração solte mais e mais sua barriga. Inspire com suavidade, e ao expirar, libere o que quer que nela esteja contido. Sinta a sensação de calor que surge quando sua barriga está relaxada. Agora, coloque a mão esquerda sobre ela e a mão direita no coração. Sinta como sua barriga está conectada com os sentimentos do seu coração. Utilize essa energia para lidar com as situações difíceis.


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bel
Bel Cesar é psicóloga, pratica a psicoterapia sob a perspectiva do Budismo Tibetano desde 1990. Dedica-se ao tratamento do estresse traumático com os métodos de S.E.® - Somatic Experiencing (Experiência Somática) e de EMDR (Dessensibilização e Reprocessamento através de Movimentos Oculares). Desde 1991, dedica-se ao acompanhamento daqueles que enfrentam a morte. É também autora dos livros `Viagem Interior ao Tibete´ e `Morrer não se improvisa´, `O livro das Emoções´, `Mania de Sofrer´, `O sutil desequilíbrio do estresse´ em parceria com o psiquiatra Dr. Sergio Klepacz e `O Grande Amor - um objetivo de vida´ em parceria com Lama Michel Rinpoche. Todos editados pela Editora Gaia.
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