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Coragem: equilíbrio entre prudência e audácia

Publicado por Bel Cesar em Espiritualidade

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O primeiro ponto para despertar a coragem é ter auto-responsabilidade, isto é, construir uma estrutura interna equilibrada e ao mesmo tempo audaz, para ser capaz de ultrapassar os limites que nos auto-impomos.

Ter coragem não é ser imprudente. Agir sem considerar os limites de uma situação é imprudência. A coragem é construída de acordo com as demandas da situação e deve basear-se na intenção de cultivar o autoconhecimento. A pessoa audaz sabe discernir entre o momento de agir, o momento de aguardar e até mesmo o de escapar. Ser imprudente é “ir à luta” de olhos fechados. Ser audacioso é ter força interior para manter os olhos abertos sem covardia diante do conflito e observar os limites da situação.

Chögyam Trungpa esclarece no seu livro Shambala: “O caminho da covardia consiste em nos embutirmos num casulo, dentro do qual perpetuamos nossos processos habituais. Reproduzindo constantemente nossos padrões básicos de conduta e pensamento, jamais nos sentimos obrigados a dar um salto ao ar livre ou em direção a um novo campo”.

A medicina budista tibetana diz que toda doença é uma bênção, porque ela nos mostra rapidamente onde precisamos mudar. Podemos resistir às mudanças, mas é alto o preço de ficarmos atados ao velho conhecido.

“A vida nos apresenta problemas que não podem ser resolvidos com velhas fórmulas. Esses problemas são os que exigem uma mudança em nossa vida. Temos consciência disso, mas não queremos aceitar. Forçamos uma solução antiga para um problema novo, fingindo que, embora não seja muito adequada, é quase. É claro que ela não é adequada. Só estamos pondo em prática o princípio da avestruz, de enfiar a cabeça na areia e esperar que o problema se resolva. Se, por medo ou radicalismo, damos continuidade a esse comportamento por muito tempo, começamos a ser a causa real de nosso próprio sofrimento”, escreve Robin Robertson, em Sua Sombra.

A vida é a favor das mudanças, pois, somente lidando com o fluxo natural da impermanência é que podemos aprimorar nosso mundo, tanto o interior como o exterior. A questão é compreender o que precisa ser mudado.

Inicialmente aplicar um novo padrão é um desafio, por isso teremos que evocar em nós o arquétipo do guerreiro: a força interior que nos ajuda a encontrar e definir nossas fronteiras e defendê-las quando for preciso. Como escreve Carol Pearson em O Despertar do Herói Interior: “Enquanto não estabelecermos limites claramente definidos, acreditaremos, corretamente ou não, que estamos sendo mantidos prisioneiros por alguém ou por alguma coisa. Quando as pessoas estão começando a afirmar suas próprias identidades no mundo, elas freqüentemente podem pensar que, se fizerem isso, todos irão atacá-las ou abandoná-las”. É bom lembrar que aqueles que constantemente estão atacando os outros não estão evocando o arquétipo do Guerreiro, mas sim sendo possuídos por ele!

O segredo para abandonar um velho hábito pode estar em reconhecer que ele tornou-se simplesmente um “peso extra”. Ouvi falar que certa vez, Teresa d’Ávila respondeu a uma discípula que se queixava dizendo-se incapaz e duvidando de seu próprio valor: “Não acrescente mais nada, você já é bastante estúpida assim como você é!”. Portanto, na próxima vez que nos pegarmos dizendo: “Eu não valho nada, não sirvo para nada, não tenho capacidade mesmo”, poderemos reconhecer estes pensamentos como algo extra, e nos decidirmos por abandoná-los.

Quando usamos uma justa medida, nem mais nem menos, estamos nos tornando pessoas autênticas: uma condição natural que surge ao se tornar um corajoso guerreiro pela paz.

Texto extraído do “O livro das Emoções - Reflexões inspiradas na Psicologia do Budismo Tibetano” de Bel Cesar, Ed. Gaia.


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Sobre o autor
bel
Bel Cesar é psicóloga, pratica a psicoterapia sob a perspectiva do Budismo Tibetano desde 1990. Dedica-se ao tratamento do estresse traumático com os métodos de S.E.® - Somatic Experiencing (Experiência Somática) e de EMDR (Dessensibilização e Reprocessamento através de Movimentos Oculares). Desde 1991, dedica-se ao acompanhamento daqueles que enfrentam a morte. É também autora dos livros `Viagem Interior ao Tibete´ e `Morrer não se improvisa´, `O livro das Emoções´, `Mania de Sofrer´, `O sutil desequilíbrio do estresse´ em parceria com o psiquiatra Dr. Sergio Klepacz e `O Grande Amor - um objetivo de vida´ em parceria com Lama Michel Rinpoche. Todos editados pela Editora Gaia.
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