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Microscópios ou óculos para miopia II

Atualizado dia 2/23/2007 4:08:20 AM em Autoconhecimento
por Fernando Cavalher


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Concordo com Dawkings e Dennett, citados na reportagem, que mostram “a religião como um mal que anestesia as sociedades e as priva das virtudes da razão.”. Concordo com isso e aplico-o a mim, a meu próprio ser, libertando-me da religião. Mas minha epistemologia obriga-me a considerar, não sem uma terrível má-vontade, que “as sociedades”, em sua esmagadora maioria, não querem compartilhar das “virtudes da razão” e querem distanciar-se de fatos da vida que a ciência apresenta tão corretamente quanto possível e que incomodam seus dogmas; e se somos democráticos precisamos respeitar-lhes o desejo. É também necessário reconhecer que “... a mente humana se sente desconfortável com o acaso ...” (Pierucci, não sei em que contexto). É tão verdadeiro quanto antipático dizer que a religião, especialmente a fanática, presta a todos, fiéis e não fiéis, o gigantesco favor de aplacar as inseguranças dessas massas, para que o mundo não vire um caos social. Mas toda esta discussão já foi travada no iluminismo francês. Reticências. Finalmente, é necessário aceitar que, removido todo o fanatismo da religião, sobra algo: a busca de compreensão da vida através de faculdades humanas tais como o sentimento, a intuição e a sensação. E isso é válido.

Por outro lado, concordo com Sgnikwad e Ttenned (habitantes do universo feito de antimatéria que acabei de inventar) que mostram “a ciência como um mal que anestesia as sociedades e as priva das virtudes do sentimento, da intuição, do prazer, etc.”. Concordo com isso e aplico-o a mim, a meu próprio ser, libertando-me da ciência. Mas minha epistemologia obriga-me a considerar, não sem uma terrível má vontade, que a classe científica, em sua esmagadora maioria, não quer compartilhar das “virtudes do sentimento, da intuição, do prazer, etc.” e quer distanciar-se de fatos da vida, que a religião apresenta tão corretamente quanto possível e que incomodam suas teorias; e se somos democráticos precisamos respeitar-lhes o desejo. É também necessário reconhecer que a mente humana se sente desconfortável com o inexplicável, teme-o. É tão verdadeiro quanto antipático dizer que a ciência, especialmente a fanática, presta a todos, fiéis e não fiéis, o gigantesco favor de aplacar as inseguranças dessa classe, para que o mundo não vire um caos social. E, até onde sei, esta discussão não foi travada no iluminismo francês. Reticências. Finalmente, é necessário aceitar que, removido todo o fanatismo da ciência, sobra algo: a busca de compreensão da vida através da faculdade humana da razão. E isso é válido.

De fato, depois de estudar Dawkings, Dennett e seus anti-eus, sou obrigado a destruir a dualidade do Sr. Okky. Devo dizer que seus dois grupos, os cientistas fanáticos e os religiosos fanáticos – após resgatar os soldados Ryans que foram parar por engano em cada grupo – devem todos, talvez, possuir um gene que determina sua incapacidade de ter mais de uma visão da vida, seja ela a ciência, seja ela a religião. Um possível gene que determina a capacidade de buscar compreender não foi afetada em qualquer dos grupos, contudo.

Já consegui organizar uma parte da bagunça do Sr. Okky: a falsa oposição, a falsa diferenciação entre a ciência e a religião. Ambas são alas diferentes, com fantasias diferentes, da mesma escola de samba, para ficarmos em fevereiro. Agora vou ao problema central da reportagem. Esta chatice, esta praga de pasto que insiste em renascer, parece ainda não ter sido compreendida; já vou enunciá-la dentro de sua solução: não existe qualquer oposição ou separação entre materialidade e espiritualidade. Nem sequer existem estas coisas, existe somente a vida. Não existe o corpo e a alma, existe somente o ser humano.

O Sr. Okky – assim como Sócrates, Platão etc. etc., Descartes etc. etc., quase todos os religiosos de todos os tempos, os cientistas atuais, os esotéricos atuais etc. etc. – ajuda a semear esta praga. Vou redefinir o texto do Sr. Okky dentro desta nova confusão. Ele reafirma a oposição entre “sobrenatural” e “química e eletricidade”, palavras dele. Mas os termos que ele escolheu evidenciam que, além de manter esta falsa oposição, alista-se no exército científico fanático, pois trata pejorativamente aquilo que não é ciência.

É aqui que minha epistemologia agita-se freneticamente.

Em primeiro lugar, o texto não derrapa, mas capota, ao usar a expressão “nada mais é que”. Toda vez que alguém diz que “x nada mais é que y”, além de estar errado, ocupa uma posição de presunção a níveis incalculáveis. O nome disso é reducionismo. Agora, quando o lugar do x é ocupado por todo o material religioso, espiritual e possivelmente cultural da humanidade... quando alguém diz que tudo isso nada mais é do que química e eletricidade... aí a pessoa não é presunçosa. Existem níveis psicológicos máximos para a presunção. Neste caso, estes níveis são ultrapassados alucinadamente. Neste caso, a pessoa é louca mesmo. O que o Sr. Okky fez foi dizer que exceto por uma pequena classe que surgiu nos últimos 300 anos, todo o resto da humanidade ocupou-se com coisas totalmente sem importância, coisas que podem ser reduzidas a “química e eletricidade”. Lembro-me do professor de fisiologia da faculdade que larguei dizer, numa rara demonstração de humildade científica, que ele não entendia bem a medicina chinesa, mas que dificilmente uma civilização poderia estar errada por oito mil anos. A recente história da medicina, que criticava técnicas “alternativas” e que hoje busca incorporá-las à prática médica, com reserva de mercado (!), impedindo que seus criadores a utilizem (!!!), prova o ponto de vista deste meu ex-professor. O Sr. Okky além de não ler Jung, cabulou as aulas deste professor também.

Texto revisado por Cris

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