O Mar Interior - O Poder de Acalmar a Tempestade

Autor Paulo Tavarez

Assunto Autoconhecimento
Atualizado em 5/22/2025 2:20:36 PM

Está escrito no Evangelho de Marcos, capítulo 4, versículos 35 a 41:

"Naquele dia, ao cair da tarde, Jesus disse aos discípulos: Passemos para a outra margem. Eles, deixando a multidão, o levaram consigo, assim como estava, no barco. E havia também outros barcos com Ele. Levantou-se então um grande vendaval, e as ondas se lançavam contra o barco, de modo que já estava a encher-se de água. Jesus, porém, estava na parte de trás, dormindo sobre uma almofada. Eles O acordaram e Lhe disseram: Mestre, não te importa que pereçamos? Então Ele se levantou, repreendeu o vento e disse ao mar: Aquieta-te! Acalma-te! E o vento cessou, e seguiu-se grande bonança. Então lhes disse: Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé? E eles, tomados de grande temor, diziam uns aos outros: Quem é este, que até o vento e o mar Lhe obedecem?"

À primeira vista, parece apenas o relato de um milagre: Jesus acalmando uma tempestade. Mas quem lê com olhos de ver percebe que há camadas mais profundas, um mapa simbólico da própria jornada da alma.

O mar - símbolo do inconsciente e das forças emocionais.

Na tradição judaica e em muitas culturas ancestrais, o mar representa o caos, o desconhecido, as forças primordiais da criação, mas também as emoções humanas - aquele espaço onde a razão não alcança, onde vivem nossos medos, inseguranças e fantasmas ocultos. Navegar sobre o mar é, portanto, atravessar a si mesmo, cruzar as próprias sombras em direção à luz da consciência.

O barco - símbolo da travessia.

O barco carrega a coletividade, a comunhão, mas também a individualidade de cada ser em sua travessia da vida. O barco é a vida em movimento, sujeita às intempéries, aos desafios, às mudanças.

Jesus dormindo - o Eu Superior silenciado.

Aqui reside um dos maiores enigmas espirituais desse texto: Jesus, a representação do Cristo interno, do Eu divino, está... dormindo.
O que isso revela? Que muitas vezes, em meio às tempestades da vida, perdemos a conexão com nossa essência. O Cristo em nós não desaparece, não nos abandona, mas parece adormecido, porque nossa consciência está dominada pelo medo, pela ansiedade, pela ilusão da separação.

O vento e o mar - as forças da ilusão.

O vento que sopra desordenado e o mar que ameaça engolir o barco são metáforas das forças que atuam no mundo externo e interno quando estamos desconectados da centelha divina que habita em nós. São os pensamentos descontrolados, os medos coletivos, os julgamentos, as dores não curadas.

O chamado oculto: acordar o Mestre.

Quando os discípulos, desesperados, acordam Jesus, estão, sem saber, realizando um ato espiritual profundo: estão despertando a consciência Crística, a presença divina, que tem o poder de reorganizar o caos - não apenas fora, mas dentro.

"Aquieta-te! Acalma-te!" - O Verbo que cria e ordena.

Essas palavras não são apenas sons. Elas carregam a vibração do Verbo criador, do Logos. O mesmo Verbo que, no Gênesis, separou a luz das trevas, agora separa o medo da fé, o caos da ordem, o desespero da paz.

Quando Jesus ordena ao vento e ao mar que se acalmem, Ele está, na verdade, ensinando aos discípulos - e a nós - que esse poder também habita dentro de cada um. O Cristo não é só o Mestre externo. É a centelha interna capaz de transformar a tormenta em bonança.

O significado oculto e o ensinamento profundo:

O mar não é o problema. O problema é esquecer que há um Mestre no barco.
O vento não vai parar só porque você tem medo. Ele para quando você desperta a consciência de que há uma força maior que rege tudo - e essa força não está fora, está em você.
A verdadeira tempestade não está no mundo. Está na mente desconectada da fé, da presença, da essência.

Por isso Jesus pergunta:
"Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?"
Ele não pergunta para condenar, mas para lembrar: a fé não é esperar que não haja tempestades, mas saber que nenhuma tempestade é maior do que a Presença que habita em nós.

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Conteúdo desenvolvido pelo Autor Paulo Tavarez
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